BODAS DE OURO
Nenhuma crise em nosso amor casado,
Nem a tendência de paixão lasciva.
Amo-a bastante e sei que sou amado
Na plenitude da intenção passiva.
Na convivência não se tem enfado
E nem a frase de sabor nociva;
Temos de cor o lema e todo o agitado
Do sacramento que no céu se arquiva.
Vivemos juntos, atingiu cinquenta,
E a registrar a minha mente tenta
Na concepção de interminável vida.
Amor tão grande assim não tem idade,
Para a alegria não existe grade
E para o amor nunca existiu saída.
(16 de fevereiro de 2006)
****************************************
MINHA BASSET "AYUNl”*
(*querida, em árabe)
Adoro a minha cadelinha esperta
Que me desperta quando estou na cama.
Embora dócil, uma queixa é certa
Se algum estranho, sem prever, me chama.
Por isso a porta fica sempre aberta...
Assim agindo evito um certo drama.
Na inteligente forma em dar alerta
Tem-se a impressão que seu latir proclama.
Herdou do pai a primorosa cor,
De sua mãe o singular dulçor
E um raro afeto de desvelo ardente.
Ao animal eu dei o amor mais puro
E a proteção que igual não há, eu juro,
Pelo carinho que dispensa à gente.
****************************************
PELA IGUALDADE
Alguém desperte a mente crua e rica,
Que desconhece o sofrimento pobre.
Toda porção, que da fartura fica,
Dai ao irmão antes que a sede dobre.
Gesto tão simples que a bondade indica
E dá diploma de cristão ao nobre.
Vale a grandeza desta ação pudica
Que ao dar de si o coração descobre.
Busca plantar e da melhor semente;
Seja bondoso e nunca mais se ausente
Deste labor que da virtude emana.
Pois quero ouvir da multidão na rua;
A flor carente não está mais nua
Graça à humildade e à conversão humana,
****************************************
SUA MÃE
Toda discórdia que no lar assola
Traz no seu bojo uma global falência.
Na convivência, onde a humildade rola,
Só nasce amor, na excepcional essência.
Habita o lar a redentora mola,
A que ameniza a dor da atroz carência.
Ensina o bem e a todo mal consola
E tranca espaço à perniciosa amência.
Rega carinho no embalar do berço;
Dedica tempo na emoção do terço
E faz amor ao coração do filho,
Que necessita do essencial carinho
Para encontrar o seu real caminho:
- a estrela mãe o venturoso trilho.
****************************************
TRIBUTO AO GUIA
Venha comigo conhecer a tenda
Onde penduro meu tesouro antigo.
E num colchão de palha guardo a renda
De um sonho de ouro que no livro abrigo.
Esta relíquia nunca esteve à venda
E o conteúdo tem a ver contigo.
Destes meus versos será feita a lenda
Do amor ternura sem nenhum castigo.
O meu convite não terá desfeita,
Tenho certeza que você o aceita
E não se inibe em descobrir meu sonho.
O sol se esconde... venha para ver
Na minha tenda a luz de um novo ser
Sobre os sonetos que a rezar componho.
Fonte:
Cecim Calixto. Flores do meu cajado: sonetos. Curitiba: Juruá, 2015.
Nenhuma crise em nosso amor casado,
Nem a tendência de paixão lasciva.
Amo-a bastante e sei que sou amado
Na plenitude da intenção passiva.
Na convivência não se tem enfado
E nem a frase de sabor nociva;
Temos de cor o lema e todo o agitado
Do sacramento que no céu se arquiva.
Vivemos juntos, atingiu cinquenta,
E a registrar a minha mente tenta
Na concepção de interminável vida.
Amor tão grande assim não tem idade,
Para a alegria não existe grade
E para o amor nunca existiu saída.
(16 de fevereiro de 2006)
****************************************
MINHA BASSET "AYUNl”*
(*querida, em árabe)
Adoro a minha cadelinha esperta
Que me desperta quando estou na cama.
Embora dócil, uma queixa é certa
Se algum estranho, sem prever, me chama.
Por isso a porta fica sempre aberta...
Assim agindo evito um certo drama.
Na inteligente forma em dar alerta
Tem-se a impressão que seu latir proclama.
Herdou do pai a primorosa cor,
De sua mãe o singular dulçor
E um raro afeto de desvelo ardente.
Ao animal eu dei o amor mais puro
E a proteção que igual não há, eu juro,
Pelo carinho que dispensa à gente.
****************************************
PELA IGUALDADE
Alguém desperte a mente crua e rica,
Que desconhece o sofrimento pobre.
Toda porção, que da fartura fica,
Dai ao irmão antes que a sede dobre.
Gesto tão simples que a bondade indica
E dá diploma de cristão ao nobre.
Vale a grandeza desta ação pudica
Que ao dar de si o coração descobre.
Busca plantar e da melhor semente;
Seja bondoso e nunca mais se ausente
Deste labor que da virtude emana.
Pois quero ouvir da multidão na rua;
A flor carente não está mais nua
Graça à humildade e à conversão humana,
****************************************
SUA MÃE
Toda discórdia que no lar assola
Traz no seu bojo uma global falência.
Na convivência, onde a humildade rola,
Só nasce amor, na excepcional essência.
Habita o lar a redentora mola,
A que ameniza a dor da atroz carência.
Ensina o bem e a todo mal consola
E tranca espaço à perniciosa amência.
Rega carinho no embalar do berço;
Dedica tempo na emoção do terço
E faz amor ao coração do filho,
Que necessita do essencial carinho
Para encontrar o seu real caminho:
- a estrela mãe o venturoso trilho.
****************************************
TRIBUTO AO GUIA
Venha comigo conhecer a tenda
Onde penduro meu tesouro antigo.
E num colchão de palha guardo a renda
De um sonho de ouro que no livro abrigo.
Esta relíquia nunca esteve à venda
E o conteúdo tem a ver contigo.
Destes meus versos será feita a lenda
Do amor ternura sem nenhum castigo.
O meu convite não terá desfeita,
Tenho certeza que você o aceita
E não se inibe em descobrir meu sonho.
O sol se esconde... venha para ver
Na minha tenda a luz de um novo ser
Sobre os sonetos que a rezar componho.
Fonte:
Cecim Calixto. Flores do meu cajado: sonetos. Curitiba: Juruá, 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário