A filha do Reverendo é um romance baseado em experiências pessoais de Orwell como morador de rua na Londres dos anos 30, e também de uma moça sem memória: Dorothy Hare, filha única de um pastor autoritário e egoísta. Com suspense e surpresas, a obra, publicada pela primeira em 1935, retrata a realidade eterna da miséria.
Dorothy Hare, a filha do reverendo, tem todas as razões do mundo para se rebelar contra a repressão paterna e social. Mas, porque nunca ousaria fazê-lo, devotada que é ao pai, uma providencial amnésia lhe mostra o sabor amargo da liberdade. A opressão da mulher. A opressão patriarcalista, social, afetiva, sexual… Não é um livro sobre a opressão, mas sobre a dor da opressão, de suportar os dissabores e infortúnios da vida, em uma época, que a moral determinava quem se podia ser, predestinada a ser. Dorothy enfrenta seus próprios medos numa sociedade hipócrita, cruel e atemporal. Parece uma história que se passa na década de 30 inglesa, mas está mais próxima que imaginamos, a roupagem da opressão feminina hoje é outra, mas é tão intensa quanto a nossa Dorothy experimenta. George Orwell pontual, profundo, cônscio da dor.
A Dorothy (personagem principal) é espetacular, você vai olhar para ela com um pouquinho de receio no começo da história, porém ela vai te conquistar durante o livro, será maravilhoso ter a companhia dela, e nos momentos onde não estiver a companhia da filha do reverendo, se sentirá sozinho no livro. Mas obviamente se tratando de George Orwell (autor dos livros “1984” e “A revolução dos bichos”) o livro trás reflexões sobre o capitalismo, a religião, as hipocrisias, o sistema de ensino de sua época e o sentido de nossa existência, esse livro trata da questão existencial.
Dorothy, como toda filha de reverendo, tem uma existência baseada no cristianismo, e essa é a sua zona de conforto, não suporta ter tudo o que acredita questionado, ela só quer manter-se em um estado de inércia mental e moral. Essa moral apática protagonista leva a questionar: Quantos de nós somos como ela? Eu sou assim? Quantas crianças criadas por socialistas, pastores, ferreiros, católicos, policiais, professores, empresários e todo tipo de gente vai manter por toda a vida uma fachada de hipocrisias, apenas por ser “cômodo” se manter com as ideias já preestabelecidas?
O ritmo pessimista de Orwell deixa atônito com tais pensamentos entrando em sua mente (principalmente na parte final do livro, que é a melhor), é uma experiência muito particular acompanhar o texto com tantas reflexões entrando em sua mente a cada palavra. E dessas reflexões percebe-se que mantemos várias fachadas falsas, coisas que não se acredita, mas tem-se medo de dizer o que realmente se pensa, afinal é mais fácil continuar como se está. Então a conclusão é que se somos apenas uma Dorothy, você é uma Dorothy também?
Fontes
– Análise por Pedro Henrique, na Amazon
– Editora Pé da Letra
– Anarquista
– Análise por Pedro Henrique, na Amazon
– Editora Pé da Letra
– Anarquista
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