quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Silmar Böhrer (Croniquinha) – 36 –

Manhãzinha ainda e não mais do que de repente ele chegou agitando as terras, os campos, as herdades. Com a sua cantoria inconfundível animou o ambiente dos beija-flores, do joão-de-barro, dos sabiazinhos e outros da linhagem. Assobiou, zuniu tarde a fora vaticinando mudanças na atmosfera. E assim anoiteceu.

Aos poucos a noite silenciou. O viandeiro do tempo seguiu rumos. Precursores de uma chuvinha, os velhos ventos viageiros seguiram a senda dos insondáveis caminhos. Os ponteiros do relógio grande já se preparavam para dar as doze badaladas da meia noite... quando ela chegou!

Veio mansinha, sem alarde, quase na surdina, como acontece com tantas coisas boas. E o bulício das aguinhas nos telhados avançou madrugada a dentro, embalando os sonhos dos mais dormidores, sem incomodar os sonâmbulos.

Chuvinhas noturnas são sonatas que acalentam as almas na nebulosa do sono e dos sonhos. Quisera ser bom dormidor para alcançar alvoreceres no colo das notas musicais do chuvisqueiro que se vai quando surgem os primeiros raios do sol.

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Texto enviado pelo autor

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