Os italianos não gostam muito de famílias pequenas. Mas aquele casal só teve um filho. E este filho, ainda criança, começou a trabalhar com os pais na lavoura. Fazia de tudo um pouco: ajudava na capina, cuidava do parreiral, colhia uva, ajudava a fazer o vinho e estava sempre ao lado dos pais. Assim foi crescendo. E, aos poucos, aprendeu a gostar de música, como o pai: ficava horas e horas, nos finais de semana, admirando o som que saia da pequena gaitinha que o pai tocava. Muitas vezes ele, a mãe e o pai formavam um coral improvisado, cantando antigas músicas.
Ninguém soube como, mas o rapaz, treinando sozinho no seu quarto, aprendeu a tocar o velho violino que herdara do avô. Foi uma surpresa para os pais quando ele apareceu tocando o instrumento. Passou a acompanhar o pai. Os dois começaram a ser chamados para as festinhas da igreja e para aniversários dos amigos. Gostavam de tocar juntos e sempre recebiam muitos elogios. O amor familiar estava em perfeita sintonia. Mas o destino tem a mania de misturar sofrimento com felicidade...
A felicidade dos três foi interrompida tragicamente. Num tarde de verão, quando pai e filho trabalhavam no parreiral, uma cobra venenosa saiu do meio das pedras e picou o rapaz. O susto foi grande. Mataram o bicho, tentaram alguns remédios caseiros, mas uma febre muito alta mostrou que o caso era sério. A demora na procura de recursos piorou a situação. O rapaz teve poucas horas de vida depois que chegou num hospital. E a tristeza tomou conta daquele lar depois da partida do seu mais jovem morador...
Tudo mudou depois do falecimento do rapaz. O casal continuou trabalhando, cultivando a terra, colhendo uvas e fabricando e vendendo os seus vinhos. Mas um silêncio chocante tomou conta de todas as horas. Dias e noites escorrendo lentamente. Parecia que até os passarinhos haviam deixado de cantar naquela pequena propriedade...
Somente o tempo, mesmo passando devagar, faz o milagre de estancar o sangue que brota das almas e dos corações feridos. Cinco longos anos transcorreram em meio ao silêncio provocado pelo luto. E foi exatamente a mãe, depois de sonhar várias noites com o filho, que resolveu reagir. Estava se aproximando o dia em que completariam 30 anos de casados. E ela, em segredo, quando o esposo ia para a roça, atendeu o pedido que o filho lhe fizera em sonho. E aprendeu a tocar o violino que ele deixara. Naquela noite, um jantar especial esperou o esposo, pois ela dissera que já era hora de deixar a tristeza de lado e pensar um pouco mais neles dois.
Quase tudo o que o marido gostava de comer estava sobre a mesa. Ele sentou. Ela disse que tinha uma surpresa. Foi até o quarto e retornou tocando no violino aquela música que ele mais gostava. O italiano, rude e calejado pelo trabalho e os tantos anos de vida, deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Depois de abraçar a mulher, foi até o quarto e buscou a sua velha gaitinha, que estava empoeirada pela falta de uso. E o casal tocou junto todas aquelas músicas antigas que tanto gostavam. Choraram algumas vezes, relembrando do filho. Mas tiveram a noite mais feliz das suas vidas. Hoje eles continuam, com a mesma simplicidade e alegria, tocando gratuitamente nas festinhas da igreja e dos amigos. Já estão quase festejando 50 anos de casados. Mas o amor que existe entre os dois continua cada vez mais alegre e mais jovem…
Ninguém soube como, mas o rapaz, treinando sozinho no seu quarto, aprendeu a tocar o velho violino que herdara do avô. Foi uma surpresa para os pais quando ele apareceu tocando o instrumento. Passou a acompanhar o pai. Os dois começaram a ser chamados para as festinhas da igreja e para aniversários dos amigos. Gostavam de tocar juntos e sempre recebiam muitos elogios. O amor familiar estava em perfeita sintonia. Mas o destino tem a mania de misturar sofrimento com felicidade...
A felicidade dos três foi interrompida tragicamente. Num tarde de verão, quando pai e filho trabalhavam no parreiral, uma cobra venenosa saiu do meio das pedras e picou o rapaz. O susto foi grande. Mataram o bicho, tentaram alguns remédios caseiros, mas uma febre muito alta mostrou que o caso era sério. A demora na procura de recursos piorou a situação. O rapaz teve poucas horas de vida depois que chegou num hospital. E a tristeza tomou conta daquele lar depois da partida do seu mais jovem morador...
Tudo mudou depois do falecimento do rapaz. O casal continuou trabalhando, cultivando a terra, colhendo uvas e fabricando e vendendo os seus vinhos. Mas um silêncio chocante tomou conta de todas as horas. Dias e noites escorrendo lentamente. Parecia que até os passarinhos haviam deixado de cantar naquela pequena propriedade...
Somente o tempo, mesmo passando devagar, faz o milagre de estancar o sangue que brota das almas e dos corações feridos. Cinco longos anos transcorreram em meio ao silêncio provocado pelo luto. E foi exatamente a mãe, depois de sonhar várias noites com o filho, que resolveu reagir. Estava se aproximando o dia em que completariam 30 anos de casados. E ela, em segredo, quando o esposo ia para a roça, atendeu o pedido que o filho lhe fizera em sonho. E aprendeu a tocar o violino que ele deixara. Naquela noite, um jantar especial esperou o esposo, pois ela dissera que já era hora de deixar a tristeza de lado e pensar um pouco mais neles dois.
Quase tudo o que o marido gostava de comer estava sobre a mesa. Ele sentou. Ela disse que tinha uma surpresa. Foi até o quarto e retornou tocando no violino aquela música que ele mais gostava. O italiano, rude e calejado pelo trabalho e os tantos anos de vida, deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Depois de abraçar a mulher, foi até o quarto e buscou a sua velha gaitinha, que estava empoeirada pela falta de uso. E o casal tocou junto todas aquelas músicas antigas que tanto gostavam. Choraram algumas vezes, relembrando do filho. Mas tiveram a noite mais feliz das suas vidas. Hoje eles continuam, com a mesma simplicidade e alegria, tocando gratuitamente nas festinhas da igreja e dos amigos. Já estão quase festejando 50 anos de casados. Mas o amor que existe entre os dois continua cada vez mais alegre e mais jovem…
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