Na Rua Arthur Thomas, entre a Herval e a Piratininga, há uma velha sibipiruna, enorme e bela, que não cessa de crescer. Já está pareando com as janelas do nono andar. Além de tudo, gorda. Deve ter uns 70 anos. Nasceu no tempo em que a rua ainda se chamava Angustura – esse nome esquisito que assustava as crianças. Fica perto de onde moraram por uns bons anos diversos pioneiros ilustres, entre os quais o deputado Haroldo Leon Peres, o advogado Wilson Saenz Surita e o médico Etelvino de Oliveira.
Várias outras árvores, vizinhas dela, já tombaram, vítimas da idade, dos cupins ou de alguma ventania; aquela continua lá vivinha, verdinha, robusta, linda. Decerto suas raízes são de muito boa cepa. Só assim para sustentar tanto vigor.
Quando chega setembro-outubro, ela primavera, cobre-se toda de cachos amarelos e apronta um belíssimo espetáculo. Uma festa para os fotógrafos. Nos dias de chuva e vento ela derrama um montão de pétalas sobre o asfalto, formando um extenso tapete.
É uma árvore nativa da mata atlântica e dizem que pode chegar a 100 anos. Foi espalhada pelas ruas de Maringá no início da urbanização, provavelmente por arte e obra do Dr. Bianchini.
Quando mudaram o nome da rua para Arthur Thomas, a população ficou sabendo que o novo homenageado fora uma pessoa importante – havia sido um dos diretores da Companhia Melhoramentos. Mas da minha parte me deu na telha pesquisar também quem teria sido a tal de Angustura (ou Angostura). Não existia ainda o professor Google, então fui buscar a resposta nos alfarrábios. Fiquei sabendo que a tal de Angustura nem era gente; era o nome de uma fortaleza localizada em território paraguaio e que virara história por haver sido tomada pelas tropas brasileiras na guerra contra Solano Lopez.
A ideia dos diretores da Companhia até que foi bem bolada. Dar às ruas, avenidas e praças de cada zona da cidade nomes de personagens ou de episódios marcantes de cada período da história do Brasil: descobrimento, monarquia, república etc. Em maioria, nomes que de fato merecem ser eternizados, porém alguns nem tanto, como é o caso do Raposo Tavares, um fulano de pouca saudosa memória.
Mas o que eu queria falar mesmo era das nossas árvores. Graças, em grande parte, a elas, Maringá tornou-se uma das cidades mais bonitas e respiráveis do Brasil. São dezenas de diferentes espécies, entre as quais flamboyants, paus-ferro, figueiras, araçás, jacarandás, cabreúvas, cerejeiras, faveiros, guaritás, louros-pardos alecrins, canelinhas cheirosas, palmeiras... e os charmosíssimos ipês.
Que tenham todas vida longa e bela, como a portentosa sibipiruna da Arthur Thomas.
(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 07-10-2021)
Várias outras árvores, vizinhas dela, já tombaram, vítimas da idade, dos cupins ou de alguma ventania; aquela continua lá vivinha, verdinha, robusta, linda. Decerto suas raízes são de muito boa cepa. Só assim para sustentar tanto vigor.
Quando chega setembro-outubro, ela primavera, cobre-se toda de cachos amarelos e apronta um belíssimo espetáculo. Uma festa para os fotógrafos. Nos dias de chuva e vento ela derrama um montão de pétalas sobre o asfalto, formando um extenso tapete.
É uma árvore nativa da mata atlântica e dizem que pode chegar a 100 anos. Foi espalhada pelas ruas de Maringá no início da urbanização, provavelmente por arte e obra do Dr. Bianchini.
Quando mudaram o nome da rua para Arthur Thomas, a população ficou sabendo que o novo homenageado fora uma pessoa importante – havia sido um dos diretores da Companhia Melhoramentos. Mas da minha parte me deu na telha pesquisar também quem teria sido a tal de Angustura (ou Angostura). Não existia ainda o professor Google, então fui buscar a resposta nos alfarrábios. Fiquei sabendo que a tal de Angustura nem era gente; era o nome de uma fortaleza localizada em território paraguaio e que virara história por haver sido tomada pelas tropas brasileiras na guerra contra Solano Lopez.
A ideia dos diretores da Companhia até que foi bem bolada. Dar às ruas, avenidas e praças de cada zona da cidade nomes de personagens ou de episódios marcantes de cada período da história do Brasil: descobrimento, monarquia, república etc. Em maioria, nomes que de fato merecem ser eternizados, porém alguns nem tanto, como é o caso do Raposo Tavares, um fulano de pouca saudosa memória.
Mas o que eu queria falar mesmo era das nossas árvores. Graças, em grande parte, a elas, Maringá tornou-se uma das cidades mais bonitas e respiráveis do Brasil. São dezenas de diferentes espécies, entre as quais flamboyants, paus-ferro, figueiras, araçás, jacarandás, cabreúvas, cerejeiras, faveiros, guaritás, louros-pardos alecrins, canelinhas cheirosas, palmeiras... e os charmosíssimos ipês.
Que tenham todas vida longa e bela, como a portentosa sibipiruna da Arthur Thomas.
(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 07-10-2021)
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Texto enviado pelo autor.
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