DESCOMPASSO
Enquanto o tempo vagueia,
reinvento palavras que me abasteçam.
Trago em minha bagagem a solidão dos barcos vazios,
o marulhar do silêncio que só sabe dialogar com minha alma.
Viver é uma travessia arriscada, me aproximo de uma terceira margem,
Ela existe, ou é apenas uma simbologia?
Indago por mim. Só o ontem responde.
O tempo e eu, nunca estamos afinados.
Fui me perdendo quando me vi à deriva.
A vida me fez barco, o tempo tirou-me os remos.
E à revelia dos meus quereres, eu, esvaziada de mim,
adentro a densa neblina da terceira margem..
" Eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro".
Eu sem adornos de adjetivos.
= = = = = = = = = = = = =
EPIFANIA
Tenho mais afinidade com o silêncio,
ele me fala de eternidade e a eternidade me atrai.
É entre vírgulas, interrogações e reticências
que aposso da epifania do meu existir,
milagre de uma nova anunciação.
O silêncio e eu sempre estamos alinhados.
As respostas que procuro
se encontram nas dobras da solidão
e a solidão só entende a linguagem do silêncio.
= = = = = = = = = = = = =
INCÓGNITA
Toco-me e não me sinto.
O tempo me fez estranha de mim.
Perdi-me quando rasguei meus sonhos
e me fiz solidão.
Metade de mim é saudade,
a outra metade incógnita.
Será que um dia me encontrarei
pelos labirintos da vida?
= = = = = = = = = = = = =
OUSANDO
Tenho os meus desertos íntimos,
recantos de miragens, reflexos de securas.
Enquanto o mundo se abastece de complexidades
eu me abasteço de ousadia.
Haverá sempre um verbo que me impulsiona,
não me satisfaço com tempos passivos,
quero a regência dos vocábulos fortes,
quero a profundidade de todas as auroras.
Descubro-me soletrando a palavra esperança
e me vejo às margens de um recomeço
porque viver é reaver distâncias
e poetar é um jeito de manipular lonjuras.
= = = = = = = = = = = = =
RESGATE
Abre-te palavra, derrama sobre mim
a seiva que te faz viva.
Faça nascer sobre meu corpo o legado de outras vozes
que souberam reinventar o amor.
Quero-te plena,
alongando os substantivos que me circundam,
resgatando as palavras de amor que aos anos se subjugaram,.
Quero-te sobre a haste de um renovo completo,
sem que haja procuras recriadas.
Quero-te assim, densa, profunda, amante,
varando os desertos de um tempo de securas.
Quero-te, renascida, pronta para resgatar princípios.
Enquanto o tempo vagueia,
reinvento palavras que me abasteçam.
Trago em minha bagagem a solidão dos barcos vazios,
o marulhar do silêncio que só sabe dialogar com minha alma.
Viver é uma travessia arriscada, me aproximo de uma terceira margem,
Ela existe, ou é apenas uma simbologia?
Indago por mim. Só o ontem responde.
O tempo e eu, nunca estamos afinados.
Fui me perdendo quando me vi à deriva.
A vida me fez barco, o tempo tirou-me os remos.
E à revelia dos meus quereres, eu, esvaziada de mim,
adentro a densa neblina da terceira margem..
" Eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro".
Eu sem adornos de adjetivos.
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EPIFANIA
Tenho mais afinidade com o silêncio,
ele me fala de eternidade e a eternidade me atrai.
É entre vírgulas, interrogações e reticências
que aposso da epifania do meu existir,
milagre de uma nova anunciação.
O silêncio e eu sempre estamos alinhados.
As respostas que procuro
se encontram nas dobras da solidão
e a solidão só entende a linguagem do silêncio.
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INCÓGNITA
Toco-me e não me sinto.
O tempo me fez estranha de mim.
Perdi-me quando rasguei meus sonhos
e me fiz solidão.
Metade de mim é saudade,
a outra metade incógnita.
Será que um dia me encontrarei
pelos labirintos da vida?
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OUSANDO
Tenho os meus desertos íntimos,
recantos de miragens, reflexos de securas.
Enquanto o mundo se abastece de complexidades
eu me abasteço de ousadia.
Haverá sempre um verbo que me impulsiona,
não me satisfaço com tempos passivos,
quero a regência dos vocábulos fortes,
quero a profundidade de todas as auroras.
Descubro-me soletrando a palavra esperança
e me vejo às margens de um recomeço
porque viver é reaver distâncias
e poetar é um jeito de manipular lonjuras.
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RESGATE
Abre-te palavra, derrama sobre mim
a seiva que te faz viva.
Faça nascer sobre meu corpo o legado de outras vozes
que souberam reinventar o amor.
Quero-te plena,
alongando os substantivos que me circundam,
resgatando as palavras de amor que aos anos se subjugaram,.
Quero-te sobre a haste de um renovo completo,
sem que haja procuras recriadas.
Quero-te assim, densa, profunda, amante,
varando os desertos de um tempo de securas.
Quero-te, renascida, pronta para resgatar princípios.
Fonte:
Rita Mourão. Maria, Marias. Ribeirão Preto/SP: Ed. da autora, 2021.
Livro enviado pela poetisa
Rita Mourão. Maria, Marias. Ribeirão Preto/SP: Ed. da autora, 2021.
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