Eram quatro horas da manhã. Ele havia acordado de novo, devido ao mesmo pesadelo havia tendo há um ano e meio. Sonhava que sua falecida noiva, Adytia, estava sentada na cama, com aquelas feições angelicais, os cabelos negros trançados, e uma delicada covinha pairando sobre sua bochecha cor de pêssego. Seus olhos âmbar o fitavam, com curiosidade. Confuso, o homem perguntava o que estava acontecendo, e a mulher apenas ria, sem responder nenhuma de suas desesperadas perguntas.
Ele sabia que era um sonho. Sabia, que a qualquer minuto podia acabar, e que, aquele pequeno pedaço de céu, podia partir-se em outros mil pedacinhos, antes que ele pudesse desfrutar daqueles momentos de felicidade, na inocente ilusão da presença de sua noiva. E assim que acabasse, o homem entraria em uma cruel e profunda solidão, na qual predominavam o medo e a negridão, que conforme o tempo, iriam consumi-lo, transformando-o em um homem amargo e sem compaixão.
Fitando Adytia, ele notava que a mulher agora possuía asas, tão brilhantes e macias, talvez até capazes de apagar a solidão que queimava seu coração. Agora a mulher iluminava todo o quarto, fazendo jus a seu nome, que, na cultura hindu, significava sol. Ela passava seus pequenos dedos delicadamente no rosto do viúvo, notava que ele estava exausto, com a barba grisalha por fazer. O homem sabia que sua mente estava sendo cruel, criando uma ilusão de uma das mais belas criaturas, apenas depois, para ver seu coração estremecer, e sentir a dor da perda.
Era agora a pior parte do pesadelo. A parte em que aquela linda e temporária ilusão de Adytia se transformava em uma terrível criatura. Suas celestiais asas começavam a tornarem-se negras, e sua pele a ganhar uma penugem grosseira. A mulher ficava cada vez menor, até se transformar em um corvo. Essa era a hora que a solidão dominava o homem. Um filete de lágrima escorria sobre sua bochecha, e ele apenas se lamentava. Aquele ser não era mais Adytia.
E o que mais o assustava era o olhar daquele animal. Tão negro, tão cru, tão só como um poço sem fim. Ele não tinha expressão. Seu olhar era a verdade. A verdade de que o homem estava sozinho no mundo, sem seu querido sol para iluminar seu caminho.
A verdade de que, mesmo após um ano e meio, ele ainda chorava pela perda de Adytia. A verdade da escuridão de mundo tão cruel e sem vida. Aquele corvo não era mais sua esposa. Agora era apenas um animal, tão silencioso, mas ao mesmo tempo, tão persuasivo. A chama que representava a essência da mulher havia terminado.
O corvo começou a alçar voo, deixando o quarto e mergulhando na madrugada escura e sombria. Agora o homem estava sozinho, e era nesse momento que ele normalmente acordava. Estava em sua cama, suado, com seus cabelos grudados em suas têmporas, e lençóis enrolados em suas pernas. Agora era o choque de realidade, indicando que Adytia nunca esteve ali, e que ele estava sozinho. Que antes, ela era uma fogueira ardente e acesa, e que agora, não passava de chama que se apagou.
Ele sabia que era um sonho. Sabia, que a qualquer minuto podia acabar, e que, aquele pequeno pedaço de céu, podia partir-se em outros mil pedacinhos, antes que ele pudesse desfrutar daqueles momentos de felicidade, na inocente ilusão da presença de sua noiva. E assim que acabasse, o homem entraria em uma cruel e profunda solidão, na qual predominavam o medo e a negridão, que conforme o tempo, iriam consumi-lo, transformando-o em um homem amargo e sem compaixão.
Fitando Adytia, ele notava que a mulher agora possuía asas, tão brilhantes e macias, talvez até capazes de apagar a solidão que queimava seu coração. Agora a mulher iluminava todo o quarto, fazendo jus a seu nome, que, na cultura hindu, significava sol. Ela passava seus pequenos dedos delicadamente no rosto do viúvo, notava que ele estava exausto, com a barba grisalha por fazer. O homem sabia que sua mente estava sendo cruel, criando uma ilusão de uma das mais belas criaturas, apenas depois, para ver seu coração estremecer, e sentir a dor da perda.
Era agora a pior parte do pesadelo. A parte em que aquela linda e temporária ilusão de Adytia se transformava em uma terrível criatura. Suas celestiais asas começavam a tornarem-se negras, e sua pele a ganhar uma penugem grosseira. A mulher ficava cada vez menor, até se transformar em um corvo. Essa era a hora que a solidão dominava o homem. Um filete de lágrima escorria sobre sua bochecha, e ele apenas se lamentava. Aquele ser não era mais Adytia.
E o que mais o assustava era o olhar daquele animal. Tão negro, tão cru, tão só como um poço sem fim. Ele não tinha expressão. Seu olhar era a verdade. A verdade de que o homem estava sozinho no mundo, sem seu querido sol para iluminar seu caminho.
A verdade de que, mesmo após um ano e meio, ele ainda chorava pela perda de Adytia. A verdade da escuridão de mundo tão cruel e sem vida. Aquele corvo não era mais sua esposa. Agora era apenas um animal, tão silencioso, mas ao mesmo tempo, tão persuasivo. A chama que representava a essência da mulher havia terminado.
O corvo começou a alçar voo, deixando o quarto e mergulhando na madrugada escura e sombria. Agora o homem estava sozinho, e era nesse momento que ele normalmente acordava. Estava em sua cama, suado, com seus cabelos grudados em suas têmporas, e lençóis enrolados em suas pernas. Agora era o choque de realidade, indicando que Adytia nunca esteve ali, e que ele estava sozinho. Que antes, ela era uma fogueira ardente e acesa, e que agora, não passava de chama que se apagou.
Fonte:
O conto brasileiro hoje: vol. XXX. SP: RG Ed., 2013.
O conto brasileiro hoje: vol. XXX. SP: RG Ed., 2013.
Livro enviado por Cynthia Theodoro Porto
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