– A rua está linda! Gosto de vê-la de dia, ao sol e sob o céu azul, com as árvores verdinhas como são nesta época do ano. Gosto de vê-la à noite, com os paralelepípedos brilhando à luz das lâmpadas dos postes, enquanto as folhas das árvores se movem e farfalham ao ventinho constante de nossas noites bonitas.
Rua São Pedro. Soa tão bem!
Será que algum outro nome ficaria melhor para ela?
Quase ninguém sabe disso, mas já houve ocasião em que quiseram mudá-lo. Foi durante a ocupação das forças vitoriosas na Revolução de 30. O administrador da cidade, nomeado pelo comandante da praça, era o saudoso jornalista Walfrido Rolim de Moura.
Certa manhã, acompanhado por seu filho Plínio, ele entrou na farmácia de Seu Victorino, que ficava em frente ao Foto Jansson. Ambos discutiam um assunto, e a certa altura dirigiram-se a ele, pedindo-lhe a opinião.
"Seu Victorino, estamos querendo homenagear o grande vulto da revolução, o saudoso governador da Paraíba, e pensamos em mudar o nome desta rua para João Pessoa. O que o senhor acha?"
Seu Victorino foi franco:
"Desculpem , mas não concordo. Acho que não se deve mudar um nome que é querido pela população, e tradicional, sendo até ligado ao nome original da cidade: São Pedro do Itararé".
Walfrido achou que era "carolice":
– "Só porque é nome de santo?"
"Não, Seu Walfrido. Eu nem sou católico. Mas olhe, aí vem Seu Claro Jansson. Vamos perguntar a ele".
Meu pai, apesar de também não ser católico, foi totalmente contra a ideia. E logo em seguida, o médico protestante Dr. Onofre Di Giacomo, que acabava de entrar na farmácia, consultado, também manifestou-se contrário.
O jornalista, em minoria, pareceu um tanto agastado;
"Bem, eu vou pesquisar a opinião pública. Se me for favorável, mudo o nome da rua, quer o senhor queira, quer não!"
Seu Victorino também foi teimoso:
"Pois, Seu Walfrído, se o povo concordar em que se mude o nome da rua, eu me ofereço para doar-lhe as placas para sinalizá-la".
Não ficou sabendo se houve a pesquisa. Poucos dias depois, o administrador voltou à farmácia;
"Olhe, Seu Victorino, em atenção à vontade de amigos, decidi conservar o nome da rua. Mas o Largo de São Pedro vai-se chamar Praça João Pessoa". (Hoje, Francisco Alves Negrão)
"Está bem, Seu Walfrido. De pleno acordo. A nossa teima era só a rua..."
Foi assim. E é por isso, graças a Seu Victorino, que a nossa mais bela e importante artéria continua ostentando em cada placa de esquina o nome querido e tradicional do grande apóstolo guardador das chaves do céu.
Rua São Pedro. Soa tão bem!
Será que alguém ainda pensaria em mudá-lo?
Nunca!
Rua São Pedro. Soa tão bem!
Será que algum outro nome ficaria melhor para ela?
Quase ninguém sabe disso, mas já houve ocasião em que quiseram mudá-lo. Foi durante a ocupação das forças vitoriosas na Revolução de 30. O administrador da cidade, nomeado pelo comandante da praça, era o saudoso jornalista Walfrido Rolim de Moura.
Certa manhã, acompanhado por seu filho Plínio, ele entrou na farmácia de Seu Victorino, que ficava em frente ao Foto Jansson. Ambos discutiam um assunto, e a certa altura dirigiram-se a ele, pedindo-lhe a opinião.
"Seu Victorino, estamos querendo homenagear o grande vulto da revolução, o saudoso governador da Paraíba, e pensamos em mudar o nome desta rua para João Pessoa. O que o senhor acha?"
Seu Victorino foi franco:
"Desculpem , mas não concordo. Acho que não se deve mudar um nome que é querido pela população, e tradicional, sendo até ligado ao nome original da cidade: São Pedro do Itararé".
Walfrido achou que era "carolice":
– "Só porque é nome de santo?"
"Não, Seu Walfrido. Eu nem sou católico. Mas olhe, aí vem Seu Claro Jansson. Vamos perguntar a ele".
Meu pai, apesar de também não ser católico, foi totalmente contra a ideia. E logo em seguida, o médico protestante Dr. Onofre Di Giacomo, que acabava de entrar na farmácia, consultado, também manifestou-se contrário.
O jornalista, em minoria, pareceu um tanto agastado;
"Bem, eu vou pesquisar a opinião pública. Se me for favorável, mudo o nome da rua, quer o senhor queira, quer não!"
Seu Victorino também foi teimoso:
"Pois, Seu Walfrído, se o povo concordar em que se mude o nome da rua, eu me ofereço para doar-lhe as placas para sinalizá-la".
Não ficou sabendo se houve a pesquisa. Poucos dias depois, o administrador voltou à farmácia;
"Olhe, Seu Victorino, em atenção à vontade de amigos, decidi conservar o nome da rua. Mas o Largo de São Pedro vai-se chamar Praça João Pessoa". (Hoje, Francisco Alves Negrão)
"Está bem, Seu Walfrido. De pleno acordo. A nossa teima era só a rua..."
Foi assim. E é por isso, graças a Seu Victorino, que a nossa mais bela e importante artéria continua ostentando em cada placa de esquina o nome querido e tradicional do grande apóstolo guardador das chaves do céu.
Rua São Pedro. Soa tão bem!
Será que alguém ainda pensaria em mudá-lo?
Nunca!
(Tribuna de Itararé-28/11/84)
Fonte:
Dorothy Jansson Moretti. Instantâneos. São Paulo: Dialeto, 2012.
Livro enviado pela escritora.
Dorothy Jansson Moretti. Instantâneos. São Paulo: Dialeto, 2012.
Livro enviado pela escritora.
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