A FLOR DO PEQUENO PRÍNCIPE
Sou pequeno, mas não príncipe.
Antes, reino em minha vida
como se fosse senhor de mim,
como se fosse a luz e a lida
de alguém que espera enfim
quem lhe seja o jardineiro.
Sou pequeno, mas não príncipe,
cara flor que esfalfa os dias
em que me pego sendo assim,
sabiá sem laranjeira, poesias
que ninguém lê, nem no fim
de um periódico brasileiro...
A flor do Pequeno Príncipe
se precipita em meu colo,
afoita pelo melhor de mim,
como se eu fosse o solo
em que suas raízes, sem fim,
me diriam: és o primeiro.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
AMOR, DEIXA QUE EU CHORE...
Amor, deixa que eu chore
minhas penas ante o rio
que os afluentes da ilusão
fazem nascer, crescer
e tomar corpo
em prol do mar,
que nem conhecem...
Amor, deixa que eu siga
a estrela-guia de Belém,
ainda que faltem meses
para o Cristo vir à Terra...
Amor, deixa que eu seja o Cristo,
o próprio Cristo à beira,
à margem do mundo inteiro
renascido e, novamente,
tenha a chance de não ser
crucificado...
Amor, deixa que eu seja a cruz,
a velha cruz a sugerir
que a vida é feita de empecilhos,
de tormentas, para
que, um dia, o Céu seja nosso,
todo nosso,
Adão e Eva
que terão mais uma chance...
Amor, deixa que eu tenha
a chance de estar no mar
de tua estrela, teu Jesus
que não nasceu,
tua cruz que, leve, leve,
paire sobre ti
sem te tocar,
até que o rio das penas
que ora choro
te faça sentir pena
de um poeta
ribeirinho de si mesmo.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
A PELE DO ADEUS
O adeus é uma forma de trocar de pele
e criar uma nova.
Uma nova?! Uma ova!
O adeus é uma forma de lavar a alma
e forjar sua calma.
Calma, que o adeus
é luva de pelica
que nos fere o rosto,
nos acerta um soco,
mas nos retifica.
Aplica-se ao nosso eu,
que nos leva ao nós,
que norteia o 'Romeu'
sem a Julieta, a sós,
só adeus, o puro breu.
O breu é uma forma de trocar os óculos
e criar uma aurora.
Uma aurora?! Uma abóbora!
O adeus é uma forma de ser Cinderela
e dançar no castelo.
Cego, que o adeus
é pele de cordeiro
que nos cobre o corpo,
nos encobre um lobo,
mas nos purifica.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
A VELHA DO RIO
Porque a vida é uma forma inconstante
Naquela curva do rio,
entre as dúvidas e as dádivas,
uma velha, estranha,
estranha e sábia,
se assenta.
Não sabe quando vai chover,
nem quando o sol
nem nunca vai brilhar,
mas, velha,
é honrada por todos.
Muitos vêm de longe,
muito longe, só para vê-la:
novelo nas mãos,
amor em seus olhos
e um xale de lã,
tão descuidado, nas costas...
Tem hora que, só de vê-la,
só de olhá-la assim,
tão absorta em si mesma,
se lembram
nem sabem ao certo
de quê,
mas, talvez por isso,
talvez por isso mesmo,
sarem, se recuperem
de ser
e apenas, apenas por isso,
aprendam
a estar.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
DAS FLORES
"Vou plantar um milhão de flores!",
disse a mãe, toda ofegante,
como se a vida dependesse disso,
de algum quintal com flores.
Assim, separou as sementes,
escolheu o lugar e, de posse de si,
cavou, escavou e escalavrou
a cara da terra com as suas mãos
de mãe, de avó e de mulher.
Não sabia se dentro de sua alma
crescia uma rosa, uma dália,
ou uma porção de "primas veras",
mas, mesmo assim, plantava.
Ao fim, após um bom tempo,
uma boa chuva, eis o amor:
nasceu derredor da jardineira
um milhão de seres flóreos,
com suas pétalas enoveladas
em bastões de verde sólido,
a dizer que, das flores, nasce,
cresce, surge, aparece Deus.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
SÃO TRÊS GATOS
São três gatos lá em casa,
cada um com seu jeitinho,
que, com jeito, nos abrasa,
dando à gente seu carinho.
Tem a Alzira, a “delicada”;
o Peludo, o “rei de tudo”,
e o bichano que da escada
do jardim faz seu escudo.
Nessa data tão singela,
cada gato merecia
sua própria poesia!
Um versinho da janela
de que os gatos dia a dia
sonham pulos de alegria!
Sou pequeno, mas não príncipe.
Antes, reino em minha vida
como se fosse senhor de mim,
como se fosse a luz e a lida
de alguém que espera enfim
quem lhe seja o jardineiro.
Sou pequeno, mas não príncipe,
cara flor que esfalfa os dias
em que me pego sendo assim,
sabiá sem laranjeira, poesias
que ninguém lê, nem no fim
de um periódico brasileiro...
A flor do Pequeno Príncipe
se precipita em meu colo,
afoita pelo melhor de mim,
como se eu fosse o solo
em que suas raízes, sem fim,
me diriam: és o primeiro.
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AMOR, DEIXA QUE EU CHORE...
Amor, deixa que eu chore
minhas penas ante o rio
que os afluentes da ilusão
fazem nascer, crescer
e tomar corpo
em prol do mar,
que nem conhecem...
Amor, deixa que eu siga
a estrela-guia de Belém,
ainda que faltem meses
para o Cristo vir à Terra...
Amor, deixa que eu seja o Cristo,
o próprio Cristo à beira,
à margem do mundo inteiro
renascido e, novamente,
tenha a chance de não ser
crucificado...
Amor, deixa que eu seja a cruz,
a velha cruz a sugerir
que a vida é feita de empecilhos,
de tormentas, para
que, um dia, o Céu seja nosso,
todo nosso,
Adão e Eva
que terão mais uma chance...
Amor, deixa que eu tenha
a chance de estar no mar
de tua estrela, teu Jesus
que não nasceu,
tua cruz que, leve, leve,
paire sobre ti
sem te tocar,
até que o rio das penas
que ora choro
te faça sentir pena
de um poeta
ribeirinho de si mesmo.
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A PELE DO ADEUS
O adeus é uma forma de trocar de pele
e criar uma nova.
Uma nova?! Uma ova!
O adeus é uma forma de lavar a alma
e forjar sua calma.
Calma, que o adeus
é luva de pelica
que nos fere o rosto,
nos acerta um soco,
mas nos retifica.
Aplica-se ao nosso eu,
que nos leva ao nós,
que norteia o 'Romeu'
sem a Julieta, a sós,
só adeus, o puro breu.
O breu é uma forma de trocar os óculos
e criar uma aurora.
Uma aurora?! Uma abóbora!
O adeus é uma forma de ser Cinderela
e dançar no castelo.
Cego, que o adeus
é pele de cordeiro
que nos cobre o corpo,
nos encobre um lobo,
mas nos purifica.
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A VELHA DO RIO
Porque a vida é uma forma inconstante
Naquela curva do rio,
entre as dúvidas e as dádivas,
uma velha, estranha,
estranha e sábia,
se assenta.
Não sabe quando vai chover,
nem quando o sol
nem nunca vai brilhar,
mas, velha,
é honrada por todos.
Muitos vêm de longe,
muito longe, só para vê-la:
novelo nas mãos,
amor em seus olhos
e um xale de lã,
tão descuidado, nas costas...
Tem hora que, só de vê-la,
só de olhá-la assim,
tão absorta em si mesma,
se lembram
nem sabem ao certo
de quê,
mas, talvez por isso,
talvez por isso mesmo,
sarem, se recuperem
de ser
e apenas, apenas por isso,
aprendam
a estar.
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DAS FLORES
"Vou plantar um milhão de flores!",
disse a mãe, toda ofegante,
como se a vida dependesse disso,
de algum quintal com flores.
Assim, separou as sementes,
escolheu o lugar e, de posse de si,
cavou, escavou e escalavrou
a cara da terra com as suas mãos
de mãe, de avó e de mulher.
Não sabia se dentro de sua alma
crescia uma rosa, uma dália,
ou uma porção de "primas veras",
mas, mesmo assim, plantava.
Ao fim, após um bom tempo,
uma boa chuva, eis o amor:
nasceu derredor da jardineira
um milhão de seres flóreos,
com suas pétalas enoveladas
em bastões de verde sólido,
a dizer que, das flores, nasce,
cresce, surge, aparece Deus.
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SÃO TRÊS GATOS
São três gatos lá em casa,
cada um com seu jeitinho,
que, com jeito, nos abrasa,
dando à gente seu carinho.
Tem a Alzira, a “delicada”;
o Peludo, o “rei de tudo”,
e o bichano que da escada
do jardim faz seu escudo.
Nessa data tão singela,
cada gato merecia
sua própria poesia!
Um versinho da janela
de que os gatos dia a dia
sonham pulos de alegria!
Fonte:
Poemas enviados pelo autor.
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