sábado, 4 de novembro de 2023

Jaqueline Machado (Isadora de Pampa e Bahia) – Capitulo 21: Noite de amor

Alguns dias se passaram. A natureza se movimentou. É noite que vai, dia que vem... Os peões trabalharam nas plantações e a vida continuou, sem cessar, a escrever as histórias de seus filhos. Histórias distintas, mas entrelaçadas na velha teia do destino da existência. 

Depois da lida, e do surgir de uma noite bonita, o casal apaixonado, Juca e Amélia, comemoraram seus dez anos de união, e trocaram repetidas confissões. 

- Há dez anos fiz a melhor escolha da minha vida. – disse o marido, com seu olhar apaixonado. 

- Digo o mesmo, meu querido. Tu és o presente que a vida me deu. 

- Somos o presente um do outro, minha flor.

- Atrasei o jantar. Queria preparar algo especial para nós dois. Até acendi umas velas, apanhei flores para enfeitar a mesa, perfumei o ambiente, tudo para um jantar romântico igual ao que vi uma vez no cinema.

- Está tudo lindo. Aliás, tudo que vem de ti é lindo, farto, cheio de entusiasmo. Vou me banhar. E já volto. 

Após o jantar, eles trocaram beijos ardentes. Juca, num impulso, puxou Amélia pela mão e os dois saíram para olhar as estrelas, agradecer a união rara, apegada e ao mesmo tempo, leve, livre, solta.  Eram como um casal de pássaros, livres na maneira de viver. Fizeram seus agradecimentos aos céus, e recordaram histórias passadas.

- Quando eu era guri, tu me perseguias – disse Juca.

- Eu?...

- Deixa de ser dissimulada... 

Eles eram filhos de agricultores de uma região próxima. Estudavam na mesma escola. Eram muito amigos, mas por volta dos onze anos de idade, Amélia, descobriu-se apaixonada pelo garoto que tinha o sonho de futuramente ser o capataz de uma grande fazenda. Foi Amélia quem se declarou, no recreio da aula de uma certa tarde de verão. Juca foi pego de surpresa. Sua timidez o deixou corado. Sorriu, e sem saber o que dizer, saiu correndo atrás dos colegas que estavam jogando futebol. Estava tão nervoso, que no primeiro chute, caiu, torceu o tornozelo e teve de ficar uma semana de repouso em casa. Amélia sentiu-se culpada, mas não era nada grave. E logo tudo voltou ao normal.  É curioso perceber o quanto as meninas amadurecem mais cedo do que os meninos. Ela, corajosa, decidida, e ele, cheio de medos. 

O momento romântico trouxe à tona essas e outras doces lembranças. A noite estava calma, mas a presença mágica da paixão a perfumar a atmosfera, a deixou agitada. E o minuano, antes escondido, à espreita da conversa do casal, se fez presente. As nuvens encobriram a lua e as estrelas, o vento soprou as flores, as folhas, inclinou os galhos das árvores. Cheio de marra, veio uivando o seu cantar impiedoso e rebelde, arrepiando a pele daqueles corpos presentes, quentes, sempre sedentos de amor.  Mas o frio não podia conter o ardor da paixão dos amantes, e logo o vento cessou. E as estrelas voltaram a brilhar no firmamento. Depois das tantas conversas, dos risos, dos beijos e abraços, eles despiram-se de suas roupas, e sem pudores, ali, em meio à natureza, ora rebelde, ora branda, se amaram na terra úmida de orvalho. 

- Eu te amo! – disse ele.

- Eu amo mais! - retribuiu ela, sussurrando. 
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continua…

Fonte: Enviado pela autora

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