quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ialmar Pio Schneider (Mario Quintana, o Poeta Maior)


Hoje, 5 de maio, reverencia-se a data do passamento do nosso poeta maior Mário Quintana, que ocorreu em 1994, portanto, há dezessete anos. Vem-me à memória que um dos primeiros poemas dele, de que tomei conhecimento, na minha adolescência, quando estudava o ginásio no Colégio Cristo Rei de Getúlio Vargas-RS, encontrado em uma revista cujo nome não me ocorre, mas que copiei em um caderno, na minha regular caligrafia cursiva daquela época, foi o seguinte:

NOTURNO

– Não sei por que, sorri de repente
E um gosto de estrela me veio na boca…
Eu penso em ti, em Deus, nas voltas inumeráveis que fazem os caminhos…

Em Deus, em ti, de novo…
Tua ternura tão simples…
Eu queria, não sei por que, sair descalço pela noite imensa.

E o vento da madrugada me encontraria morto [ junto de um arroio,
Com os cabelos e a fronte mergulhados na água límpida…
Mergulhados na água límpida, cantante e fresca de um arroio !”
( Mário Quintana)

. Até hoje guardo o caderno onde retirei este poema Noturno e sei que outros poemas com o mesmo título foram escritos pelo poeta, mas este, repito, foi o primeiro de que tive conhecimento.

Depois leria tantos outros versos e o que me encantaria foi o livro de sonetos “A Rua dos Cata-ventos”, que o poeta dedicou “A meus irmãos Milton e Marietta – Alegrete, Natal de 1938”, e que me inspiraria o SONETO A MÁRIO QUINTANA

Leio Mário Quintana e “A rua dos cata-ventos”
me leva à infância de menino sonhador,
quando inda não pensava em mágoas e tormentos
que havia de sofrer ao procurar o amor…

Vejo os dias sem sol, frios e nevoentos,
tal a “Londres longínqua” envolvida em palor.
...”(tudo esquecer talvez !)”... os bons e maus momentos,
as horas de alegria e também as de dor.

“A ruazinha” é tão calma e “sossegada”: agora
minha imaginação ouve “canções de outrora”,
e os “lindos pregões da madrugada”, me acordam…

Olho ao alto girar um cata-vento triste,
parece ser assim o último que persiste
de todos que, os de minha infância, hoje recordam !
– 23-9-1983.

Depois os anos foram passando e eu sempre lia os seus poemas em diversos livros, quase vinte, até o Baú de Espantos de 1986 e publicações em jornais no Caderno H. Hoje aí está a Casa de Cultura Mário Quintana, atestando que foi o poeta maior de nosso Estado e um dos mais importantes do País.

Quando do seu falecimento em 5 de maio de 1994, compus os seguintes versos, reverenciando sua passagem por aqui – VERSOS “IN MEMORIAM” AO MÁRIO QUINTANA-*30-7-1906-+5-5-1994 –

Evaporou-se a poesia,
num momento de ansiedade,
mas permanece a magia
no templo da Eternidade…

A vida não foi vazia,
cantando amor e saudade,
e buscou na fantasia
transformar a realidade !

E sempre viveu sozinho:
o poeta passarinho !...

– Canoas-RS, 7-5-1994.

Quis escrever estas palavras de escriba de província, para mais uma vez rememorar o magnânimo bardo gaúcho que partiu há nove anos, mas que continua vivo nas obras que deixou e na Casa de Cultura que leva seu nome. Que a chama de sua poesia inebriante brilhe sempre para nós, seus admiradores !

SONETO
em 20.06.2010 - Porto Alegre - RS

Hoje não fiz poesia, apenas li
alguns poemas de Mário Quintana.
Mas, o que faço agora, se escrevi
estas linhas, pensando na cigana

que leu a minha mão e soberana,
na sua ciência, que nunca entendi,
me confirmou que não seria insana
a história que ora vivo e que vivi?!

Penso, então, que não tinha que saber
estes desígnios de minha existência,
se fosse só para depois sofrer...

Fora sensato andar pelos caminhos,
ouvindo a voz silente da consciência,
que sempre faz-se ouvir pelos sozinhos...

Fonte:
Texto enviado por Ialmar Pio Schneider
Imagem = http://www.brasilescola.com

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