quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Francisco Cândido Xavier (Trovadores do Além) Parte 3


101
Reprovação no caminho
Tem destes lances extremos:
Condenamos no vizinho
Aquilo que nós não temos.
XAVIER DE CASTRO

102
O mundo será feliz
Quando a mulher, sem receio,
Abrir a porta da casa
Aos órfãos do lar alheio.
IRENE SOUZA PINTO

103
Quem ama somente o rosto
Muito cedo perde a fé.
Alma diverge do corpo
Como o sapato do pé.
MÁRIO DE AZEVEDO

104
Dia dos Mortos? Balela!
Finados? Tontos assuntos!...
Nem flor, nem cinza, nem vela,
Nós todos estamos juntos.
CORNÉLIO PIRES

105
Quem sofre, quem se entedia,
Abrace a enxada do bem.
Caridade é como o Sol:
Nunca deserda a ninguém.
JOSÉ NAVA

106
Não existe reconforto
Que valha o ameno transporte
De rever um amigo morto
No instante de nossa morte...
COLOMBINA

107
O espírito reencarnado,
Quando a mentiras se aferra,
Quando mais fraco mais goza,
Quanto mais goza mais erra.
ANTÔNIO AZEVEDO

108
Ninguém na vida atribua
Pecado ao caminho alheio;
Há muito riso na rua
Que é soluço de passeio.
CHIQUITO DE MORAIS

109
Na luta de mais ruído,
Quem serve e persiste vence-a;
Coração que andas ferido,
Paciência, paciência.
JUVENAL GALENO

110
No Espaço, imenso e vibrante,
Saudade da alma que anseia
Parece canção distante
Em noite de lua cheia.
MACIEL MONTEIRO

111
Mãe entregue à sepultura
Vence trevas e empecilhos,
Para ser paz e brandura
À cabeceira dos filhos.
CELESTE JAGUARIBE

112
Caridade se concebe
Por angélico alvará;
Quem auxilia recebe,
Acreditando que dá.
EUGÊNIO RUBIÃO

113
Na Terra – abismo voraz,
Velho mar de luz e treva,
O berço – é a onda que traz,
A morte – é a onda que leva.
FÔCION CALDAS

114
Para quem ama, decerto
Engano não é desdouro...
Poeira na luz do sol
Parece chuva de ouro
CARLOS CÂMARA

115
Amor – canção que ressoa
No silêncio com que esbarro –
Recorda em cada pessoa
O céu num pote de barro.
ULISSES BEZERRA

116
Mãe que se abraça ao filhinho
Tem tanta luz nos seus traços,
Que lembra a aurora em caminho,
Trazendo o Sol entre os braços.
MARIA CELESTE

117
Faze o bem agora e sempre,
Persevera, persevera...
O mundo? Vida que passa.
A morte? Vida que espera.
LUÍS PISTARINI

118
Natal, quase sempre, é isto:
O luxo que se conforta,
Beijando a imagem do Cristo,
Com medo de vê-lo à porta.
BELMIRO BRAGA

119
Fiscaliza as palavrinhas.
De humilde e pequena brava,
Começa a lavrar o incêndio
Que devora toda a casa.
CASIMIRO BRAGA

120
Ventura – riso que passa
E nunca se identifica.
Saudade – dor que não passa
Daquilo que passa e fica.
DA COSTA E SILVA

121
Quando o corpo desce à campa,
Resíduo largado à treva,
Muita conversa de amor
É palha que o vento leva.
LUCÍDIO FREITAS

122
Toda dor canta vitória
Do bem uno e desigual,
Só não vale a dor inglória
Do mal de fazer o mal.
SEBASTIÃO RIOS

123
Aceita a lição e a prova,
Sofre, luta e faze o bem.
Feliz de quem se renova,
Enquanto a morte não vem.
AMÉRICO FALCÃO

124
Migalha de caridade
Mostra Deus no ser humano;
Pequena gota de mar
Tem o gosto do oceano.
VIVITA CARTIER

125
Na morte todo usurário
Tem a pena em que se humilha:
Os suplícios do inventário,
Nos tormentos da partilha.
VIRGÍLIO BRANDÃO

126
Guerras, incêndios, canhões:
Armas de crentes e ateus.
As letrinhas do alfabeto:
Artilharia de Deus.
JOVINO GUEDES

127
Assembléias, multidões!...
Não te iludas a caminho...
Na alcova do coração,
Cada em vive sozinho.
JÔNATAS BATISTA

128
Ilusão dizer na morte:
Adeus para nunca mais!
Berço – navio afastando...
Sepultura – velho cais...
TEOTÔNIO FREIRE

129
Amor que a morte emudece –
Saudades tristes em bando!...
Quem fica, às vezes esquece.
Quem parte, fica lembrando!...
FRANCISCO OTAVIANO

130
Quem da Ciência duvida,
Decerto tem que aprender,
Quem diz que não há saudade,
Que morra para saber.
DA COSTA E SILVA

131
É triste, mas é verdade:
As nossas grandes feridas
São débitos de outra idade,
Pagamentos de outras vidas.
ARTUR RAGAZZI

132
Não choras!...Felicidade
É fazer feliz alguérm.
Desventura tem dez letras,
Felicidade também.
ANTÔNIO AZEVEDO

133
Descrever o amor nos cèus?
Inútil meu testemunho.
O maior amor que eu tive
Jamais passou de rascunho.
LUÍS PISTARINI

134
Verdade – luz permanente...
Mirante... cimo... alvorada...
Mente humana – vidro fosco
Que a reflete deformada.
PLÍNIO PEREIRA RIBEIRO

135
Mãe, quando a noite afervora
A tua oração no lar,
Teu filho morto, lá fora,
É a brisa querendo entrar.
MEIMEI

136
Um homem que nada faz,
Embora cheio de planos,
É um morto movimentado,
Inda que viva mil anos.
TELES DE MEIRELES

137
Bom conselho vale muito
Se cumprido onde ressoe.
O pastor guia o rebanho,
O passo pertence ao boi.
LOBO DA COSTA

138
Na Terra, a morte é um comboio,
Passagens todos já têm...
O que homem nenhum sabe
É a hora certa do trem.
ANTÔNIO DE CASTRO

139
Muitas paixões desregradas,
Que atormentam vida afora,
Começam com “não te esqueço”
E acabam com “vai-te embora”.
ANÍSIO DE ABREU

140
Ensinamento do bem,
Que não vai a sacrifício,
Recorda a beleza inútil
Do foguete de artifício.
JOVINO GUEDES

141
Quando a ilusão faz morada
Na carne que a desfigura,
Quanta mentira dourada
Na beira da sepultura.
HILDO RANGEL

142
Devemos interpretar
Toda mulher ao relento
Como sendo nossa mãe
Vagando no sofrimento.
VIVITA CARTIER

143
Há duas coisas horrendas,
No fim dos pobres mortais:
A mentira das legendas
E a pompa dos funerais.
FIDÉLIS ALVES

144
Esquece o mal infecundo...
A dor é luz rosicler,
Enquanto bater no mundo
Um coração de mulher.
ANTONIETA SALDANHA

145
Mãe que chora sobre a campa –
Luz que rompe o Grande Véu,
Flor prisioneira do mundo,
Lançando perfume ao Céu.
RUBENS DE SÁ

146
Sonhador atormentado,
Sobre a Terra, mal sabia:
O homem é um mascarado
Que a morte revela um dia.
JOSÉ BARTOLOTA

147
Fácil ver sem grande estudo:
Com requinte disfarçado.
Muito punhal em veludo.
Muito veneno em melado.
LOPES FILHO

148
Na Terra, amores violentos
São leiras de desenganos:
Sorrisos de alguns momentos,
Suplícios de muitos anos.
EUGÊNIO SAVARD

149
Alegria de quem ama:
Luz de paz brilhando em prece.
Quando o amor se vai embora,
No coração anoitece.
MÁRIO DE AZEVEDO

150
Buscas tempo que se agrade
Clamando sofrer em vão,
E, às vezes, felicidade
É o dia de provação.
EUFRÁSIO DE ALMEIDA

Fonte:
Francisco C. Xavier (psicografia). Autores Diversos. Trovadores do Além.

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