segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lendas e Contos Populares do Paraná (Cândido de Abreu – Curitiba – Faxinal – Ipiranga – Morretes – Virmond)


CÂNDIDO DE ABREU
Lendas da Colônia Tereza Cristina


A lenda mais conhecida do lugarejo é a da panela de ouro. Segundo contam, algumas pessoas sonham com falecidos da família que relatam onde está enterrada uma panela de ouro. A pessoa tem que procurá-la sozinha, sem poder contar a ninguém. Se a pessoa não for em busca do tesouro ela não terá paz, os falecidos ficam aparecendo em sonho, não dando sossego à pessoa. Quando a pessoa se recusar ir em busca da panela, pois sente medo; considera-se que isto não é “coisa de Deus” e ela deve passar a missão em sonho para outra.

Mais panelas de ouro

Muitas pessoas da região contam que ainda existem sinais de buracos feitos por pessoas que cavaram para encontrar panelas com moedas de ouro. Segundo uma lenda local, uma assombração aparece e diz para a pessoa que em tal lugar existe uma panela de ouro. Aí, então, a pessoa se prepara com velas e água benta para benzer o local, pois só assim pode cavar e tirar o ouro. Ela não pode, assim que encontrar o ouro, pegá-lo logo em seguida, porque ele pode desaparecer. Ou seja, a pessoa gasta tudo facilmente, perdendo logo toda a fortuna. Também dizem que o “bafo” do ouro faz mal e a pessoa pode ficar doente. Deve-se esperar e benzer o ouro com a água benta para que a pessoa não perca seu tesouro rapidamente.

Conta-se, ainda, que certa feita vieram algumas pessoas de Ponta Grossa para procurar uma panela. Quando a encontraram, o amigo com a intenção de roubar todo o ouro, mandou que o homem descesse no buraco para retirar o tesouro. Nesse momento, ele pegou uma marreta para matar o amigo. Em instantes, o dinheiro desapareceu e foi parar à beira do rio e eles não conseguiram mais encontrá-lo, pois o ouro não chega às mãos de pessoas mal intencionadas.

CURITIBA
O fantasma do pirata do Bairro Mercês


Atenção, pois vou contar para vocês...
A lenda do pirata do bairro das Mercês!
Em 1840, um misterioso inglês...
Soturno e nada cortês...

Veio morar num lugar,
De um jeito misterioso para danar,
Chamado Sítio do Mato, que é o atual Bairro das Mercês...
Que abrigou este foragido inglês!

O nome desta pessoa era Zulmiro...
Ele tinha perna de pau e dentes de vampiro!
Por isto, vivia se isolando de tanta gente...
Ele era uma criatura estranha simplesmente!

Este pirata fez maldade na Inglaterra...
E por isto, foi parar na nossa linda terra!
Ele foi um pirata violento...
Sem nenhum sentimento!

Porém, ele tinha um mapa do tesouro,
Que levava ao caminho do ouro!
Dizem que ele escondeu este tesouro de um jeito cortês
Bem num misterioso túnel subterrâneo do bairro das Mercês!

Falam que toda sexta-feira..
Em noite de lua cheia...
Na alta e calada madrugada...
O fantasma do pirata aparece do nada...

Com toda a insensatez...
Bem no bairro das Mercês.

FAXINAL
Marca dos três coqueiros


Os antigos contam que debaixo da queda da cachoeira Chicão Três existe uma pequena caverna; dentro dela havia um caixão de ouro, amarrado por uma corrente. O local era mal assombrado e encantado para o céu; era protegido por seres encantados e ninguém conseguia se aproximar do tesouro. Para marcar o lugar exato onde foi escondido o tesouro foram plantados três coqueiros, que estão lá até hoje.

IPIRANGA
Serra do Caixão


Anos atrás, um homem muito estranho e ambicioso resolveu conhecer a tão famosa Serra do Caixão. Diziam que lá havia um caixão com muitos utensílios como garfos, facas, jarros, cálices, todos de ouro. Ele levou ferramentas ao local e deu início ao plano de exploração. Nesse dia os moradores da região ouviram um ruído muito estranho, mas ninguém se arriscou a ver de onde ele vinha.

Depois de um tempo, acharam falta do senhor Urubu, assim chamado por usar somente roupas pretas. Como sabiam do tal plano de exploração dele para resgatar o caixão e, também, de uma história de que havia uma enorme fera na serra, à espreita, chegaram à conclusão de que ele fora atacado por ela. Por fim, consagrou sua alma a cuidar do ouro, juntamente com a fera que o matara, e sacrificaria quem quer que tentasse explorar a Serra do Caixão.

MORRETES
O caso da vela


Conta-nos o senhor Custódio Pereira Cunha, morador do Porto de Cima, que todas as noites aparecia na reta do Porto de Cima uma vela acesa e que ao aproximar-se alguém, apagava-se e aparecia mais adiante. Seu Custódio diz que uma vez dois homens blasfemaram e tentaram apagá-la, com um guarda-chuva, que imediatamente se incendiou, tendo a vela perseguido-os até tombarem no chão desfalecidos. Segundo a lenda, era uma alma procurando seu dinheiro enterrado. Após algum tempo, a vela desapareceu, porque o tesouro foi encontrado por uma moradora que ficou rica.

O negrão do caixão

Conta-se que na época da mineração no litoral do Paraná tinha-se o costume de matar um escravo e enterrá-lo junto a um baú de ouro, para marcar o local onde a riqueza foi escondida. Ocorre que em um desses assassinatos o baú não foi encontrado, forçando o escravo que o guardava a carregá-lo pela eternidade.

Esse escravo foi enterrado na região de Barreiros, município de Morretes, e até hoje busca alguém que lhe tire o fardo de carregar o caixão eternamente. Se você o encontrar faça a seguinte pergunta: “o que você tem aí nesse baú?” Ele responderá que tem ouro e que para tê-lo você deverá vencer um sacrifício. Se a pessoa conseguir cumprir o sacrifício, fica com o ouro, com um senão: se não gastar a fortuna até o final de sua vida, também ficará penando, como o “negrão do caixão”.

VIRMOND
O tesouro da caverna


Conta-se que numa caverna, embaixo de uma linda cachoeira do rio Cavernoso, havia um enorme caixão, amarrado com fortes correntes. Quem quer que fosse pescar próximo deste lugar ouvia barulho de correntes se arrastando; os que se aproximavam da caverna viam uma linda mulher, que fazia guarda do caixão.

Acreditavam que no caixão deveria existir um grande tesouro, mas nunca ninguém teve coragem para tentar abri-lo. Mais tarde a queda d’água foi submersa pelo alagamento da usina de Salto Santiago.

Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).

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