quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Lendas e Contos Populares do Paraná (Jandaia do Sul – Lidianópolis – Paiçandu – Palmeira – Ponta Grossa – Rio Branco do Ivaí)


JANDAIA DO SUL
A lenda de Jandaia


Há muitos anos vagava entre os pinheirais uma esbelta menina de olhos da cor de pinhão e seus cabelos esvoaçavam, como fios dourados em espigas de milho. Nunca se soube de onde ela veio, apenas que seu pai era um bravo cacique, que deveria habitar a imensidão da terra roxa, colher frutos silvestres e beber dos mananciais cristalinos.

Mas, ansiosa, aguardava o dia em que haveria de surgir um companheiro, que seria destro na caça e forte na guerra. Já lhe dissera Tupã, quando ela se banhara numa cascata, mirando-se nas águas: “Jandaia haverá de receber, em breve, aquele que te revelará os arcanos do amor, foste talhada para os seus braços e só a ele servirás. Tu o verás presente entre os esplendores do sol e o vigor dos arbustos”.

Em todas as manhãs, muito antes da alva, Jandaia subia no cimo da colina perscrutando os pinheiros frondosos e aguardando o romper do sol, que também viria fixar-lhe o bronze de sua pele. Numa radiosa manhã, quando Jandaia inebriava-se de luz, eis que se aproxima um cervo com uma flecha cravada, tombando a seus pés. Surge, em seguida, um caçador, jovem e forte. Ele se deslumbra, ante aquela princesa selvagem.

Jandaia acaricia o cervo, depois dirige seu olhar para o moço guerreiro e acena-lhe para que se aproxime. Ele deixa o arco e as flechas e acolhe-a nos braços. Em frêmitos a mata regozija-se. Jandaia cinge-o em seus braços; sendo observada pelo sol. Este, enciumado, aquece os lábios rubros de Jandaia, a enfeitiça e seduz, agora mais que em todas as outras manhãs. Enciumado, arrebata-a para si. Ela, então, sente que ama o sol e deve-lhe sua existência.

Tupã, tomado de uma grande ira, vendo que Jandaia pertencia ao sol e não ao guerreiro que enviara, transformou-a numa cidade. Para que todos pisassem sobre ela e cobrissem de asfalto seus braços bronzeados.

O sol, condoído, surge todos os dias, com o mesmo calor de outrora, espargindo-se sobre a cidade e, como se não bastasse, ordena ao Cruzeiro do Sul, à noite, para que a vigie. Por isso, Jandaia recebeu mais um nome. Devendo sempre chamar-se Jandaia do Sul.

LIDIANOPÓLIS
Lenda do Rio Ivaí


Explica o motivo pelo qual o rio é tão torto, possuindo tantas curvas, inclusive, com formato de uma ferradura. Contam os moradores locais que certa vez um ser divino pediu à uma mulher que ela seguisse em frente, pela margem do rio Ivaí, sem olhar para trás. Esta, por sua vez, não cumpriu o combinado e a curva do rio representa, então, uma “olhadinha” da mulher.

PAIÇANDU
Origem do nome da cidade


Paiçandu tem origem tupi-guarani, cujo significado é “I-páu-zan-du”. Ilha do padre ou Ilha do pai. Os primeiros habitantes foram índios e caboclos e aqui havia um famoso curandeiro, com o nome “Çandu”; ele era muito respeitado e realizava curas extraordinárias. Diz a lenda que atraía pessoas de Maringá e arredores. Em geral, os curandeiros eram chamados de “pa’í”, de onde se originou a denominação Pa’í “Çandu”.

Paiçandu (outra versão)

Uma versão dá conta de que Paiçandu é topônimo de uma cidade uruguaia, sendo nome de uma fortaleza onde se travou importante batalha na Guerra do Uruguai. Na época, comandavam o corpo de ataque do Brasil, naquele setor, o Almirante Tamandaré e o Marechal Procópio Menna Barreto, que forçaram a rendição uruguaia, no dia 2 de janeiro de 1865; batalha decisiva no panorama político-continental daquele período. Deu-se, assim, a denominação ao município em homenagem ao histórico episódio.

PALMEIRA
Surgimento de Palmeira


Conta uma lenda indígena, que certa vez um forte e destemido índio do planalto, filho do cacique, pediu ao pai para conhecer o mar. Ao conhecer os carijós, no litoral, apaixonou-se por uma indiazinha, estes estavam para casar. Quando retornou para pedir a benção do pai, este não concordou com a união e invocou o espírito do mal, a fim de petrificá-los.

Os carijós, tristes pela perda de sua irmã, recorrem a Tupã, mas este, não podendo tirar esse encantamento, apenas atenuou o mal, transformando-os em duas bonitas e simbólicas árvores. Ao belo índio deu a forma do pinheiro e à indiazinha, uma esbelta e graciosa palmeira. E quando o vento sopra, leva os suspiros do elegante pinheiro à sua bem amada e os dela ao seu amor.

Correram os anos. Um dia, por vontade de Tupã, um velho fazendeiro vai até o litoral e leva sementes da bela palmeira, mais alguns anos e a fazenda Palmeira se tornou a mais linda dos Campos Gerais. Fiel à tradição, doou o velho fazendeiro, no rincão dos buracos, meia légua de campos à Nossa Senhora da Conceição. Surgiu, então, a primeira capela. Envolto em brumas, fica, porém, um fio de verdade dessa lenda selvagem das araucárias: o elo da amizade que ora une Paranaguá a Palmeira.

PONTA GROSSA
Lenda das pombinhas


Conta-se que os antigos fazendeiros se reuniram para escolher a sede da povoação, onde ergueriam a Capela de Sant’ana. Como não se decidiam sobre o local, resolveram soltar dois pombos brancos, e onde eles pousassem, ali se iniciaria a vila. Depois de muito acompanharem as aves, elas, finalmente, desceram, determinando o local onde até hoje está a catedral.

Lenda de Vila Velha

Numa das versões lendárias sobre Vila Velha, ela era chamada Itacueretaba, aldeia de pedra velha. Itacueretaba era uma aldeia próspera, que continha um tesouro guardado por uma tribo de homens que eram proibidos de viverem com mulheres. A desobediência de um deles, fez o criador transformar a aldeia em pedra e o tesouro na lagoa dourada como punição pela falta.

RIO BRANCO DO IVAÍ
Lenda do Rio Ivaí


Uma linda índia, aparecida aos canoeiros que subiam e desciam o rio, levava-os aos lugares com mais pedras e dizia a eles: vai por aí. E os canoeiros iam por lugares que a índia indicava e ficavam envolvidos nas pedras sem poder sair. Os canoeiros, amedrontados, iam contar o ocorrido e juntavam as palavras para pronunciar, dizendo Ivaí, que significa: índia-vai-aí; por todo o percurso do rio. Ficando Ivaí, no início da colonização.

A lenda do Rio Branco

No início da colonização, um dos jesuítas que veio para a catequização dos índios que viviam nessas plagas, trouxe consigo um enorme pote de ouro. Não tendo onde guardá-lo, enterrou à beira do rio. Perto havia uma vaca pastando, era branca como a neve. O sol esquentou e a vaca sumiu do lugar sem que o jesuíta a visse mais. Quando lhe perguntavam sobre o ouro, ele dizia:

– O pote é da vaca branca. Mas a verdade é que ele não sabia mais, onde foi que enterrara o pote de ouro. A única marca que ele se lembrava era a vaca branca. Por isso, deu o nome ao rio de rio Branco. Porque ele sabia que era à beira do rio, em algum lugar, que deixara o pote de ouro.

A lenda do Véu da noiva

Uma moça, filha de um fazendeiro que morava perto de um rio, onde havia uma linda cachoeira, gostava de um dos seus empregados e dizia que queria casar com ele. Usaria no seu casamento um véu bem comprido e largo. Seu pai, que era um homem ambicioso, a deu em casamento para um homem rico e desconhecido, que ela não conhecia.

Ela, vendo que a data se aproximava e não conseguia de jeito nenhum terminar aquele noivado indesejável, foi à cachoeira, escorregou lentamente no lugar mais perigoso das pedras. Os seus longos cabelos, levados pelas águas, se abriram enroscando-se nas raízes e pedras e ela morreu. Quando acharam o corpo, chamaram aquele lugar de Véu da Noiva.

Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).

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