terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pombal Maria (Poemas)

TELEFONEMA DAS ESTRELAS

uma árvore telefonou
para as águas da minha faminta poesia
os ramos falaram do círculo d'água
de uma gota de orvalho onde vivem elefantes

uma árvore telefonou
para o rio da minha mal/ aventurada poesia
 as paredes ouviram o cicio
do mar que se escondia na linha do vento lavrado

os espelhos viram os peixes famintos
das águas da minha enferma poesia
i o vidro do dia tossia no nariz das colmeias
aue ferem as vitrinas do céu rasteiro

era o véu visceral da copa
das árvores que constroem verbos estranhos
na janela da minha cega poesia
era o voo suicida das andorinhas sem asas

SONHO FERIDO

 trago as asas
da ave do sonho ferido

arrastando-se
a noite pelo coração do silêncio

onde caem
palavras engripadas/frescas
ceifadas

pêlos lenhadores da ave
do sonho ferido

PALAVRAS ENGRIPADAS

pinto
as janelas da noite
com palavras constipadas
que vou tossindo

no Cancro do dia
cimento
que pisa i alisa

as minhas raízes em todo subsolo aéreo

Fonte:
Pombal Maria. Asas do Sonho Ferido. (Poemas). Luanda, Angola: União dos Escritores Angolanos, s.d.

Nenhum comentário: