Oh! minha Lua Prateada!
Com você eu posso falar!
Que saudade eu sinto das noites frias de junho, onde lá no Terreiro a fogueira ardia em brasa num clarão de tamanho.
Bem antes já se juntavam as madeiras, tudo era em abundância.
Amontoados os troncos, os galhos era só esperar.
Menino ainda sem saber do perigo, e nem mesmo avisado, fazia meus balões para estas noites ir soltar.
Que alegria ver o balão subindo nas suas cores tremendo e o seu fogo até cuspindo.
Ao lado com mesas improvisadas estavam todos os doces, aqueles que hoje não como mais.
Tanta coisa, pé de moleque, cocadinha, batata doce, pinhão cozido e não faltava a canjiquinha e o arroz doce também.
Noutro lado o gostoso bolo de fubá, o milho cozido pronto para mastigar e o quentão só para gente grande tomar.
Ah! que saudades do tempo da roça e do luar.
Cantava-se com a viola tocando, e sanfona fazendo o acompanhamento numa grande alegria.
Meu sonho secreto era ser cantor.
Quando me pegava sozinho cantava com toda minha força com muita alegria no peito.
Saudades das caminhadas no mato procurando os ovos que as galinhas deixavam por lá.
Ir pegar as mangas no chão, pois caíam de montão, não dava tempo de distribuir tudo.
Saudades do vento no rosto, do cheiro de chão!
Do leite quentinho tirado na hora da Mimosa que calma assentia.
Saudades de ir pescar no rio e levar para casa peixes que nunca ninguém viu de tão miúdos. Mas a brincadeira valia.
O tempo passou, o progresso chegou lá também.
O pomar não é o mesmo, as frutas crescem em qualquer tempo!
Os ovos estão guardados recolhidos automaticamente e as galinhas na engorda, presas, coitadinhas.
O leite levam todo embora para ser comercializado.
Tenho saudades sim, mas também estou no novo tempo!
Olha eu aqui escrevendo no computador!
Mas à noite com um olho no céu, procuro a Lua, o luar prateado e se der sorte ainda ouço a voz de um sertanejo cantando sua história, que quase sempre é de amor!
Do sonho de ser cantor, restou a lembrança de um menino que soube aproveitar tudo que a natureza de bom pôde lhe dar.
Na roça, onde meu coração foi morar.
–––––––––––––––––––––-
*Psicóloga e escritora, reside em Ribeirão Preto/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Fonte:
Revista Literária Café-com-Letras – Ano 11 n.11. Teófilo Otoni: Academia de Letras de Teófilo Otoni, 2013.
Com você eu posso falar!
Que saudade eu sinto das noites frias de junho, onde lá no Terreiro a fogueira ardia em brasa num clarão de tamanho.
Bem antes já se juntavam as madeiras, tudo era em abundância.
Amontoados os troncos, os galhos era só esperar.
Menino ainda sem saber do perigo, e nem mesmo avisado, fazia meus balões para estas noites ir soltar.
Que alegria ver o balão subindo nas suas cores tremendo e o seu fogo até cuspindo.
Ao lado com mesas improvisadas estavam todos os doces, aqueles que hoje não como mais.
Tanta coisa, pé de moleque, cocadinha, batata doce, pinhão cozido e não faltava a canjiquinha e o arroz doce também.
Noutro lado o gostoso bolo de fubá, o milho cozido pronto para mastigar e o quentão só para gente grande tomar.
Ah! que saudades do tempo da roça e do luar.
Cantava-se com a viola tocando, e sanfona fazendo o acompanhamento numa grande alegria.
Meu sonho secreto era ser cantor.
Quando me pegava sozinho cantava com toda minha força com muita alegria no peito.
Saudades das caminhadas no mato procurando os ovos que as galinhas deixavam por lá.
Ir pegar as mangas no chão, pois caíam de montão, não dava tempo de distribuir tudo.
Saudades do vento no rosto, do cheiro de chão!
Do leite quentinho tirado na hora da Mimosa que calma assentia.
Saudades de ir pescar no rio e levar para casa peixes que nunca ninguém viu de tão miúdos. Mas a brincadeira valia.
O tempo passou, o progresso chegou lá também.
O pomar não é o mesmo, as frutas crescem em qualquer tempo!
Os ovos estão guardados recolhidos automaticamente e as galinhas na engorda, presas, coitadinhas.
O leite levam todo embora para ser comercializado.
Tenho saudades sim, mas também estou no novo tempo!
Olha eu aqui escrevendo no computador!
Mas à noite com um olho no céu, procuro a Lua, o luar prateado e se der sorte ainda ouço a voz de um sertanejo cantando sua história, que quase sempre é de amor!
Do sonho de ser cantor, restou a lembrança de um menino que soube aproveitar tudo que a natureza de bom pôde lhe dar.
Na roça, onde meu coração foi morar.
–––––––––––––––––––––-
*Psicóloga e escritora, reside em Ribeirão Preto/SP, é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Fonte:
Revista Literária Café-com-Letras – Ano 11 n.11. Teófilo Otoni: Academia de Letras de Teófilo Otoni, 2013.
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