domingo, 29 de dezembro de 2013

Luiz Flávio do Prado Ribeiro (Poemas Avulsos)

Libreria Fogola Pisa (facebook)
Buarquianas n°1: No lugar

Ele já vai
e eu nem me despedi.
Vai resoluto,
ajeitando a gola
e eu aqui de camisola
de cor de luto.

Ele já foi
e eu nem me despedi.
Incontinenti,
bateu a porta,
assim como quem corta
o ar da gente.

Por quê assim,
se tantos anos se passaram em alegria,
e outros tantos, tantos dias,
tanta estrada,
entre prantos de esperança,
entre juras de mudança,
pra levar a nada ...

Fica a vida tão pequena,
a cama grande demais,
a saudade vem sem pena,
a tristeza não fica atrás.

Homenagem à RPBA
Samba composto em Candeias (Disul), 1983

Jorrou
o primeiro poço em Lobato
e ali começou de fato
um grande movimento
que teve o seu momento
com a Lei 2004

Fruto das aspirações brasileiras
de salvaguardar o país
da intromissão estrangeira
essa lei nos garantiu o monopólio
para industrializarmos
o nosso petróleo

E após tantos anos a velha Bahia
que não tem mais a primazia
dos novos e grandes achados
ainda trabalha com valentia
pra produzir
o seu volume provado

Prestamos a nossa homenagem
a essa Região de Produção
e de tradição:
Água Grande, Taquipe, Araçás, Lamarão
Fazenda Bálsamo, Miranga, Remanso, Dom João
Candeias, Brejinho, Imbé, Conceição
Malombê, Buracica, Mata de São João

Jorrou ...

Samba para o trabalhador do Recôncavo

Todos os Santos desceram do céu
com arco-íris, pincel e cinzel
e assim criaram, num lindo desenho
um monumento de arte e engenho ...

Mas o Recôncavo
não é só a riqueza de seu solo encantado
não é só a beleza e o nome histórico
é também o suor de seus anônimos heróis
que pela vida
vão deixando a força e a voz

É também a viagem
passagem num mundo de fé e coragem
onde a nobreza é a nascente e a foz

Por isso navega ...

Navega, navega
barcaça de cacau
nas ondas tão doces do canavial

Moinhos de sonho são dor e prazer
mão na massa, pé na estrada de massapê

Cavalga, cavalga
cavalo-de-pau
explora esses campos com alto ideal
que a luta, conduta de vida,
é força moral.

Salve o trabalhador:
Herói nacional !

Nossa parte
Enchi do vaso
o espaço terra.

Plantei
adubei
reguei.

Hei de colher,
que a flor
não erra.

Árvore que se planta
e rega,
não nega
a seiva.

O fruto-futuro,
sem eiva.

Fonte:
Goulart Gomes (organizador). Antologia do Pórtico.

Nenhum comentário: