domingo, 10 de janeiro de 2021

Amélia Luz (Nem Romeu, Nem Julieta)


Já perdi a conta dos casos que ouvi de namorados românticos. Coisas do passado, é claro. Hoje em dia tudo está muito diferente, as moças não ganham mais as serenatas nas noites de lua cheia, mas elas vão com os seus “ficantes” curtir a balada vazando noites de agito total.

Bom seria mesmo ser a Colombina do Pierrô, ser a Julieta do Romeu, ganhar flores, chocolates, poesias autografadas e, no álbum da vida estar na primeira página ao lado do eterno namorado, aquele do primeiro olhar, do primeiro aperto de mão e do primeiro beijo no portão a despertar a primeira taquicardia.

Receber atenções especiais, corações flechados desenhados nas árvores do jardim com direito a nomes e datas. Ser escravos do Cupido até o fim da vida e contar e recontar todas as viagens, todos os presentes de aniversário, natal, dia das mães e, por que não, dia dos namorados mesmo comemorando as Bodas de Prata ou de Ouro.

Embora tudo isso seja sonho enterrado vivemos o pesadelo da falta de sensibilidade, de virarmos geleiras humanas sem a menor emoção a manifestar. Já não mais existem românticos que mesmo de “jeans e de calça desbotada” mandam “flores para a namorada” como na antiga canção. Que pena!

Com a revolução feminista visando a igualdade de condições, a mulher deixou de ser o sexo frágil que dependia da proteção do homem, preocupado em lhe proporcionar o melhor em muitos casos. Será que a mulher só ganhou ou também perdeu?

Despiu-se de rendas e cetins, vestiu uma bruta calça de brim, tirou o chapéu e a flor dos cabelos e saiu por aí tentando fazer a sua liberdade, ou melhor, a sua igualdade de poderes diante do sexo oposto.

Os homens comodamente se retraíram, guardaram os seus violões e suas poesias com declarações de amor e nem sabem se a lua é cheia ou minguante, porque minguados estão os seus sentimentos neste jogo da vida em que a nudez da mulher, reveladora de todos os seus encantos, agora é exposta, não despertando mais aquela curiosidade que despertavam excitações. Vivemos um tempo de amores passageiros, de divórcios e separações e casamento à moda dos nossos avós e pais é coisa de cafona.

Viajando pelo cinema Hollywoodiano, palco de grandes amores, com músicas e ídolos famosos e beijos inesquecíveis que marcaram um tempo temos as mais preciosas cenas de amor.Como esquecer Scarlett O’hara e o Capitão Rhett Butter no filme E o Vento Levou encantando plateias que se espelhavam nas cenas de amor verdadeiro?

Hoje é a telinha do WhatsApp ou do computador a ditar regras que viciam e castram as emoções de todos criando um outro mundo de gente fria e isolada, inconsciente do que está se passando, na verdade, a seu redor. Escravizados pela máquina segue o homem por esta nova estrada, “deletando” emoções, plugando links, acessando sites no cansaço de se sentir vazio num horizonte onde o arco-íris agora nasce sempre em preto e branco.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

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