O ILUSTRE MENEZES
Ambiente:
cidade do Rio de Janeiro nos fins dos anos 1800. Residência da família Menezes.
Foco narrativo:
Primeira Pessoa.
Personagens:
Menezes: Homem de meia idade, "escrivão bem situado" de certas posses que lhe ficaram da primeira esposa, casado pela segunda vez com Conceição.
Conceição: Atual esposa de Menezes.
D. Inácia: Sogra de Menezes.
Amélia: Primeira esposa de Menezes, já falecida.
Pastora: Amante de Menezes.
Nogueira: Jovem primo da primeira esposa de Menezes que veio ao Rio para estudar.
RESUMO:
"Bem sei que já não sou o mesmo. Ainda que eu atrase o relógio, que trago sempre atado à presilha da calça, passa-me o tempo com demasiada pressa. E qual não é o meu espanto ao já não mais ver-me em 1860, mas já a pisar, e sem a firmeza de outrora, o chão de 1862. Eis dois anos decorridos sem a minha cumplicidade, deles sequer dei-me conta."
O narrador, Menezes, é casado com Conceição, uma mulher educada num rigoroso sistema moralista. Proíbe-se ter prazer ou conversar sobre sua intimidade. Menezes conta que tem o hábito de dormir fora de casa nas Quintas-feiras , pois vai ver sua amante Pastora. Apesar da impertinência da sogra, D. Inácia, ele dobra a mulher com as desculpas mais esfarrapadas, como por exemplo ir ao teatro sozinho com medo que a esposa se aborreça com as peças. Ele arruma uma segunda amante, Delfina, que acaba por abandona-lo. No conto, predomina a atmosfera de século XIX, com uma linguagem no estilo Machado de Assis. Aliás, o final da história faz referência ao célebre conto Missa do Galo, do referido autor.
COMENTÁRIO:
Menezes quer que tudo lhe gire em torno, de acordo com suas necessidades ou caprichos. Conceição é obediente e submissa ao extremo, devido à educação e às circunstâncias em que vive. O próprio marido impede-a de manifestar pensamentos ou opiniões e exige dela um comportamento de acordo com os moldes que ele lhe impõe. Mais que submissão ou obediência. O fato de o marido surpreender Conceição chorando demonstra o sofrimento da esposa, tolhida pelo autoritarismo da mãe e sela falta de amor do marido.
Os diálogos entre os dois são tão contidos que um não manifesta seus sentimentos ao outro. Recorrem às evasivas. Menezes sonha e não dá esse direito à esposa. “Os sonhos poderiam fazê-la” querer mudar de vida e ele não quer que a vida mude. £ como será que Conceição encara a vida?
Conceição tenha por ele os mesmos sentimentos que Amélia tinha por ele. Ele queria os bens de Amélia. Conceição quer; agora, os seus bens.
“A ameaça de que estava a ir-me muito breve não comoveu Conceição”.
Apoia-se na certeza de que, à minha morte, hão de restar-lhe alguns bens. Julgamos as pessoas conforme julgamos a nós mesmos. A mudança de comportamento de Nogueira demonstra que as coisas começam a fugir do controle de Menezes, em sua própria casa: "sua presença na casa brevemente seria incômoda. Não quero molestar-me agora com tais problemas.”
O final do conto, sem desfecho, dá ideia de que a vida, para aquela família, vai continuando com lentas modificações.
Fontes:
– Manuel Comellas Coimbra. In Algo Sobre, Resumos Literários.
– Profa. Sônia Targa. in OBRAS DA UEM- 2012-2013
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