A mão do bem que nos rege,
mostra-nos gestos de amor,
até na mão que protege
a inocência de uma flor!
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Amor de mãe, que esplendor,
ó, que divino mister...
Deus pôs a essência do amor
no coração da mulher!
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À noite, o que me conduz,
me acompanha e me rastreia,
é o tênue raio de luz
da solidão da candeia!
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Cantas preso, canarinho
consolando a tua dor!
Eu também canto sozinho
preso às redomas do amor!
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Contra o Sol, não há censura
e, ao bom pintor se assemelha,
quando pinta com ternura
a aurora, de cor vermelha!
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Daquele amor tão risonho
que moldou nosso roteiro...
Guardo o derradeiro sonho
como se fosse o primeiro!
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De volta à tapera antiga,
ouço uma voz que à distância,
era a mesma voz amiga
que eternizou minha infância!
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Feliz, não dá passos vãos
a lua, era seu caminhar,
enquanto, entrelaça as mãos
na barba branca do mar!
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Minha fronte encanecida,
já, pelo tempo, aos borralhos,
põe as auroras da vida
nos meus cabelos grisalhos!
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Não há estação perdida
para quem no amor se esmera!
Quem ama o outono da vida,
vive a eterna primavera!
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No aceno das horas mansas,
vejo na humilde casinha,
da infância, as ricas lembranças
da pobre mansão que eu tinha!
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O amor, em seus embaraços,
e às vezes, com seus desvãos...
Entrelaçou nossos braços
e amordaçou nossas mãos!
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O mar, de fatos e lendas
quando se zanga e se alteia,
se joga em lençóis de rendas
e espicha os braços na areia!
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O poeta, em suas cantigas,
em noites calmas, dá provas
de esquecer queixas antigas,
cantando as mágoas mais novas!
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O poeta e o passarinho,
são parecidos demais:
Quanto mais longe do ninho
mais cantam tristes seus ais!
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O sino desperta o sono
da tarde que silencia,
enquanto a lua sem dono
enche a noite de poesia!
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O tempo é roda fremente
num parque de diversões,
moendo os sonhos da gente
nessa roda de ilusões!
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Que ingratidão tão mesquinha,
que ausência de amor e brilho,
viver a mãe tão sozinha
ao lado do próprio filho!
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Quem contempla o amor, percebe
e, a todo instante, deduz...
Que, em tudo quanto recebe,
há uma centelha de luz!
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Quem crê na fé, na alegria,
não torna seus sonhos vãos.
Pois, cada mão que nos guia,
tem digitais de outras mãos!
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Se a cruz pesar mais, descreve
o que dela se deduz:
Que tudo quanto se deve,
Deus põe nos braços da cruz!
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Se for falta de agasalho,
ou porque não tenho escolha,
a escolha do meu trabalho
se agasalha em qualquer folha!
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Se o amor é cego e reclama,
reclama sem sentir dor;
quando um cego acende a chama,
é um feliz cego de amor!
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Tuas juras, sempre vãs,
compromissos de ninguém,
são velhas juras pagãs
ferindo o orgulho de alguém!
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Vejo que teus velhos braços
mantém a mesma medida,
com que mediste os meus passos
na primavera da vida!
Fonte:
Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.
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