quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Estante de Livros (O Calor das Coisas, de Nélida Piñon) – 12. Conto – Disse um Campônio à Sua Amada

Ambiente

Interior de um coração perdidamente apaixonado.

Foco Narrativo
Narrado em 1ª pessoa

Personagens

Narrador – vivencia uma paixão incontrolável... que o leva a ser capaz de verdadeiros desatinos... como ofertar o próprio coração... ele era uma pedra mas, perto dela, perde a força, a resistência.
Amada – não corresponde com a mesma intensidade – está longe dele.
Ana – uma intermediária entre os 2

O título do texto é o primeiro verso de uma canção antiga de Vicente Celestino (Coração Materno), que foi gravada mais recentemente por Caetano Veloso. Como na letra da canção, trata de um amor não correspondido, aqui expresso através de carta. Trata-se de uma paixão tão Intensa que ele não consegue dominar, foge-lhe do controle. Não diminui apesar da indiferença dela, que é como uma pedra, um rochedo difícil de ser escalado. Como na canção, ele é capaz de fazer o impossível para conquistar seu amor, como fazer-se pássaro, navegar, partir-se em pedaços.

Disse um Campônio à sua amada, é um conto que poderia ser definido como uma bela declaração de amor. Um homem do campo transmite a delicadeza dos seus sentimentos à mulher amada:  

Assim, eu faço discreto pedido, não me arraste contigo quando te  fores. Ou não me aceites, ainda que te peça para seguir o teu caminho. Não quero despojar-me de um coração que te ofereci com tanta opulência. (...) Do teu camponês que se despede sem saber que é para sempre.

Apesar da ausência de diálogos, a narrativa não é monótona pois cada personagem apresenta seus monólogos e o silêncio é preenchido pelas reflexões do próprio leitor.


Fonte:
Profa. Sônia Targa. in OBRAS DA UEM- 2012-2013

Um comentário:

Duda Amaral disse...

É, simplesmente, maravilhoso! Nélida Pinon conseguiu entrar no detalhe ,mais infímo , do sentimento de amar. Algo para ler e reler a vida toda!