Todos os nossos pioneiros são dignos de máximo respeito, além de credores de justa gratidão da parte de todos nós que deles herdamos esta encantadora cidade. Eram, em sua grande maioria, colonos ou pequenos proprietários em outras regiões do país, alguns em distantes rincões do mundo. Tiveram a coragem de trocar a tranquilidade do chão natal pela ousadia de abrir clareiras na mata para formar lavouras e plantar cidades. Movia-os, contudo, um motivo forte: a esperança de fazer aqui o pé-de-meia.
Dá então para entender o arrojo dos homens e mulheres que chegaram nas primeiras caravanas e em Maringá plantaram as primeiras sementes, ergueram os primeiros ranchos, instalaram as primeiras serrarias, montaram as primeiras vendinhas, as primeiras oficinas, as primeiras clínicas etc. etc.
Admiro demais o heroísmo dos nossos abridores de caminhos. Mas o que me fascina ainda mais nessa história de bravos é pensar no tipo de impulso que trouxe para cá os que vieram sem nenhum propósito em benefício próprio: os primeiros padres, irmãos, irmãs, pastores, pastoras, ou seja, os que vieram em missão de fé.
Relendo a obra-prima do padre Orivaldo Robles – “A igreja que brotou da mata”, vi lá uma foto da chegada das irmãs carmelitas (18.6.1952). Sete freirinhas espanholas, trazidas pelo então bispo de Jacarezinho, Dom Geraldo Sigaud, com a responsabilidade de instalar no Maringá Velho o Colégio Santa Cruz.
Lideradas pela Irmã Pilar, em pouco tempo mobilizaram as famílias pioneiras, construíram a capela e, logo após, as salinhas onde receberam as primeiras alunas.
Na cabeça delas jamais passara a mínima ideia de ganhar dinheiro ou angariar qualquer outro tipo de vantagem. Mas seu coração pipocava de alegria pela certeza de que estariam ajudando a semear cultura e espiritualidade num mundo novo.
Pensando nelas, penso também nos irmãos que vieram trabalhar na Santa Casa, no Colégio Marista, penso nas irmãs do Albergue, do Lar dos Velhinhos, do Lar Escola, dos Colégios Santo Inácio, São Francisco Xavier, Regina Mundi.
Só Deus sabe o que leva tantos moços e tantas moças, movidos pela misteriosa força de uma santa vocação, a deixarem família, pátria e qualquer projeto pessoal para servir de graça onde forem chamados.
Todos os pioneiros merecem, sim, máxima admiração. Porém ao lado deles, pelo muito que fizeram por todos nós, há de haver sempre um lugar mais do que especial para os pioneiros e pioneiras da fé. A bênção, Irmã Pilar.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 31-12-2020)
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Texto enviado pelo autor.
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