quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Professor Garcia (Poemas do Meu Cantar) Trovas – 3 –


A aquele que arrasta a cruz
e, aos ritos do amor se entrega...
Deus põe dois braços de luz
na cruz do bem que carrega!
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Adeus!... Passado tão lindo,
encanto dos dias meus!...
Disseste-me adeus, sorrindo
e, eu triste, te disse adeus!
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A ingratidão se resume
num coração descontente,
a um velho facão sem gume
cortando os sonhos da gente!
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Com remendos e arremedos,
em desmedidos desvãos;
alguns vão sujando os dedos
na sujeira de outras mãos!
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Depois de feita a moldura
da aquarela do arrebol,
Deus pôs gotas de ternura
na rosa rubra do sol!
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Do mar, a mais linda prenda
que a espuma branca ponteia,
é a camisola de renda
que as ondas tecem na areia!
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Feliz Natal!... Se é feliz,
como crer nisto; afinal...
Se há tanta gente infeliz
quando é noite de Natal?!.
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Hoje, eu refiz o meu ninho
e, abri janelas e portas,
para cantar com carinho
cantigas das tardes mortas!
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Lembro, mamãe, do teu canto,
num doce e breve estribilho,
tentando enganar o pranto
do choro triste do filho!
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Meu pensamento deduz,
seguindo os teus passos certos
que, a intensidade da luz
dobra em teus braços abertos!
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Na vida há tantas essências
e aparências desiguais,
que, eu penso que as reticências
são velhos pontos finais!
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Neste Natal, meu Senhor,
quando a vida se refaz...
Teu vinho, é o sangue do amor
teu pão, o corpo da paz!
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O ocaso da vida, é um sonho.
Quando se alcança esse prazo,
fica um pouco mais tristonho
nosso sorriso, no ocaso!
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Peço, ó tempo, que me acudas,
faz-me entender a canção
do canto das folhas mudas,
secas, mortas pelo chão!
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Por temor da noite ingrata
e, antes que, a treva se afoite,
surge uma luz, cor de prata,
no teto negro da noite!
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Posso dizer de joelhos
ante os teus pés andarilhos,
que escuto pai, teus conselhos
aconselhando os meus filhos!
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Saudade é um sonho roubado,
que de forma inconsequente...
Vive no tempo passado,
numa ilusão do presente!
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Saudade! – Velhas raízes
da solidão dos meus ais,
longe das noites felizes
dos meus antigos Natais!
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Se há estradas tão dolorosas
e há cardos pelos caminhos...
Larga o caminho das rosas.
Põe teus pés sobre os espinhos!
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Sei que a saudade me escolta,
mesmo triste e tão sozinho!...
Como é bom quando se volta,
mesmo velho, ao velho ninho!
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Seis horas!... E, em triste canto,
o sino em seu padecer...
Vai driblando a dor do pranto
nos dobres do entardecer!
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Sempre o mar nas horas calmas
dos sóis de suas manhãs,
liberta os grilhões das almas
presas, às ondas pagãs!
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Sigo do ocaso ao sol posto,
da vida não me envergonho.
O tempo enruga o meu rosto
mas não põe ruga em meu sonho!
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Sinto que o amor se agasalha,
nos teus olhos cor de mel...
Quando a lágrima enxovalha
meu lencinho de papel!
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Um samba, dentre os mais belos
que, a memória perpetua...
E aquele, de teus chinelos
nas pedras de minha rua!

Fonte:
Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.

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