domingo, 3 de janeiro de 2021

Hildemar Cardoso Moreira (Poemas Avulsos) – 2 –


A LINDA ROSA

À sempre amiga Marlene

 Como que tendo algo de celeste
O botão de rosa que a sorrir me deste
Demonstra algo no rosado ninho,
Abrindo as pétalas como que sorrindo
Estão por certo assim me transmitindo
Algo sublime: Um fraternal carinho.

 Muito obrigado então, minha querida!
Felizes são os seres que na vida,
Na vida em que não existe arremate
Ter sempre enfeitando seus caminhos
Semeando flores, retirando espinhos:
Amigos que contenham seu quilate.
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A MORTE DA ÁRVORE

 Era lindo de manhã
Nos galhos do cuvatã
Ver os pássaros pulando,
Tinha ninhos de pardal
E descuidado um casal
De pombinhos namorando.

 E essa árvore frondosa
Dava-nos sombra gostosa
Nas tardes ensolaradas.
Na prancha que sustentava
A criançada brincava
Dando muitas gargalhadas.

E nós sorriamos também
Porque é feliz só quem tem
Um motivo pra sorrir.
E aquela árvore antiga
Era por isso uma amiga
Enquanto pode existir.

Mas um dia de manhã
Vi a bondosa cuvatã
No gramado estendida,
E a prancha que sustentava
Em que as crianças brincavam
Ali ao seu lado caída.

Mas eram duas irmãs
As frondosas cuvatãs,
Uma foi outra ficou
A que foi deixou filhinhas
Pois brotaram as mudinhas
Nas raízes que deixou
A criançada brincava
Dando muitas gargalhadas.

E nós sorríamos também
Porque é feliz só quem tem
Um motivo pra sorrir.
E aquela arvore antiga
Era por isso uma amiga
Enquanto pode existir.
Em que as crianças brincavam
Ali ao seu lado caída.
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CHASQUE À UM GAUDÉRIO

Caro neto Rafael
O meu chasque é um aranzel
De verso chucro e matreiro
Brotado na inspiração
Que eu faço de coração
A um valente cavaleiro.

Já onze anos de lida
Pelas coxilhas da vida
Vens hoje de completar.
Hoje estudas no colégio
E isso já é um privilégio
Que deves aproveitar.

Tu hoje pensas faceiro
Em se tornar fazendeiro
Ou ser dono de uma estância,
Mas para isso, gaudério
Carece trabalho sério
Muita luta e muita ânsia.

Nunca fazer escarcéu
Pra que o patrão lá do céu
Veja que és índio educado
Que és amado na querência
E também na adjacência
És por todos estimado.

Valor de um homem se mede
Pelo jeito que procede
Com todos ao seu redor
Por isso meu caro neto
Trate a todos com afeto
E amor que é o bem maior.

 Que a estância ou a fazenda
E mais uma linda prenda
Te sejam dadas por Deus.
Que os anjos, meigos obreiros
Sejam sempre companheiros
Em todos os passos teus.

 Como uma armada de laço
Aqui fica um grande abraço
De todos nós neste dia
Que Deus do céu te proteja
E que a vida te seja
Cheia de amor e alegria.
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ENAMORADOS

Você chegou de mansinho
Num suave sopro de Deus,
Foi chegando e foi entrando
Por dentro dos olhos meus,
Como quem nada queria
Foi fazendo sua morada
Dentro do meu coração.

Nossas mãos se afagaram,
Nossos lábios se encontraram
E ao calor de nossos beijos
Um turbilhão de desejos
Veio selar nosso amor.
É esse amor que proclamo
Quando entre beijos te digo:
Te amo… te amo… te amo!
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LAPA

Linda cidade campista
És modelo para o artista,
Para o poeta – inspiração.
És dos pequenos  – o teto,
És dos grandes  – o afeto,
Do turista  – a adoração.
 
Tuas pedreiras em montes
Onde nascem ricas fontes
Santificadas por João.
Perfeição da natureza,
Estatuário de beleza,
Que eu amo com devoção.

Teu campo de flor coberto
E a mata verde, por certo
Faz pensar que és um sonho.
Teu passado é glorioso,
Teu presente é venturoso,
Teu porvir será risonho.

Se a República nascente
Pediu teu sangue valente
Para se fortificar.
Lá no campo de batalha,
Ao sibilar da metralha,
Teu povo heroico foi dar.

Mas Lapa, eu busco memórias
Para cantar tuas glórias
Porém me falta expressão,
Mas nos versos que te faço
Eu te concedo um pedaço
Do meu próprio coração.
            Lapa – 1951

Fonte:
Cascata de Poesias (https://hildemar.wordpress.com)

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