Era só um churrasco. Nada demais... não fossem as circunstâncias.
Na chácara dos pais de Adriano e Carmen, ela namorada de meu filho. Lugar lindo! Bosque de pinheiros, grama verde, céu azul e tempo colaborando.
Em Curitiba , Adriano e meu filho possuem inúmeros amigos paraguaios. O Paulinho até foi hóspede por duas vezes na casa de um deles, o Carlos, em Asunción.
Era aniversário de um paraguaio, e os patrícios estavam lá para prestigiá-lo. Os carros chegaram quase todos juntos. Havia mesas e bancos no meio dos pinheiros e uma enorme churrasqueira. Todos se acomodaram.
Os paraguaios cantam. Os paraguaios tocam. E bem! É lindo! Vários violões não ficam calados um só instante. Quando um se cansa, passa o instrumento para outro e a festa continua. Cantam de todas as maneiras: sozinhos, em dupla, trio, quarteto, conjunto... E de tudo: guarânias, boleros, tangos, rock, samba, música popular de quanto país do mundo, canções de Roberto Carlos... nem sei mais o que! Uma beleza!
Sanchez, o que cuidava da carne, envergando um comprido avental branco, de repente largou do que estava fazendo e veio cantar uma canção para mim, acompanhando-se ao violão, juntamente com os outros. Belíssima voz! Depois pediu-me que cantasse. E daí também a turma não me deixou parar. Desenterrei tudo o que sabia, só faltou que eu cantasse ária de ópera...
O ambiente era convidativo. Era bom cantar.
Saí para andar com a Carmen pela chácara e aproveitei para perguntar-lhe quem eram as pessoas.
"Quem é aquele que está pondo a maionese na mesa?"
"É o Gildo, engenheiro da Itaipu, E o aniversariante,"
"Brasileiro?"
'"Não. Paraguaio. Mas a mulher dele é carioca. É a Lourdes, moça muito simpática. Ali, olhe".
"E aqueles dos violões?"
"São o Toni, o Firmin, o Victor, o Carlos, e Pomerito" (Não lembro todos os nomes).
"Brasileiros?"
"Não. Paraguaios."
"E aquela garota linda, de boina vermelha?"
"É a Kitty".
"Brasileira?"
"Não. Paraguaia."
"Poxa… pelo que estou vendo, hoje não ficou ninguém no Paraguai…"
Chamou-me a atenção outro casal.
"E aqueles quem são?"
"São o Gil e a esposa".
"Paraguaios?"
"Não. Brasileiros".
"Arre! Até que enfim!"
Enquanto a carne assava, foram jogar futebol. Brasil versus Paraguai, naturalmente. Só que para completar o time dos brasileiros... faltou gente. Dois paraguaios tiveram que jogar no nosso time. E nós perdemos...
A carne ficou pronta. Estava muito boa. Havia todos os outros elementos que acompanham um bom churrasco. Por último, bolo de aniversário. Delicioso!
A música não parou enquanto a turma comia. Dois ou três largavam os violões, outros dois ou três os empunhavam e continuavam cantando até que todo mundo almoçou.
E foi assim pela tarde afora, até a hora da partida.
Dia esplêndido! Em pleno município da tradicional Curitiba - população cabelo-de-milho-verde, uma alegre "fiesta" paraguaia com tudo a que tem direito, e toda cantada, tocada e hablada... em portunhol.
Na chácara dos pais de Adriano e Carmen, ela namorada de meu filho. Lugar lindo! Bosque de pinheiros, grama verde, céu azul e tempo colaborando.
Em Curitiba , Adriano e meu filho possuem inúmeros amigos paraguaios. O Paulinho até foi hóspede por duas vezes na casa de um deles, o Carlos, em Asunción.
Era aniversário de um paraguaio, e os patrícios estavam lá para prestigiá-lo. Os carros chegaram quase todos juntos. Havia mesas e bancos no meio dos pinheiros e uma enorme churrasqueira. Todos se acomodaram.
Os paraguaios cantam. Os paraguaios tocam. E bem! É lindo! Vários violões não ficam calados um só instante. Quando um se cansa, passa o instrumento para outro e a festa continua. Cantam de todas as maneiras: sozinhos, em dupla, trio, quarteto, conjunto... E de tudo: guarânias, boleros, tangos, rock, samba, música popular de quanto país do mundo, canções de Roberto Carlos... nem sei mais o que! Uma beleza!
Sanchez, o que cuidava da carne, envergando um comprido avental branco, de repente largou do que estava fazendo e veio cantar uma canção para mim, acompanhando-se ao violão, juntamente com os outros. Belíssima voz! Depois pediu-me que cantasse. E daí também a turma não me deixou parar. Desenterrei tudo o que sabia, só faltou que eu cantasse ária de ópera...
O ambiente era convidativo. Era bom cantar.
Saí para andar com a Carmen pela chácara e aproveitei para perguntar-lhe quem eram as pessoas.
"Quem é aquele que está pondo a maionese na mesa?"
"É o Gildo, engenheiro da Itaipu, E o aniversariante,"
"Brasileiro?"
'"Não. Paraguaio. Mas a mulher dele é carioca. É a Lourdes, moça muito simpática. Ali, olhe".
"E aqueles dos violões?"
"São o Toni, o Firmin, o Victor, o Carlos, e Pomerito" (Não lembro todos os nomes).
"Brasileiros?"
"Não. Paraguaios."
"E aquela garota linda, de boina vermelha?"
"É a Kitty".
"Brasileira?"
"Não. Paraguaia."
"Poxa… pelo que estou vendo, hoje não ficou ninguém no Paraguai…"
Chamou-me a atenção outro casal.
"E aqueles quem são?"
"São o Gil e a esposa".
"Paraguaios?"
"Não. Brasileiros".
"Arre! Até que enfim!"
Enquanto a carne assava, foram jogar futebol. Brasil versus Paraguai, naturalmente. Só que para completar o time dos brasileiros... faltou gente. Dois paraguaios tiveram que jogar no nosso time. E nós perdemos...
A carne ficou pronta. Estava muito boa. Havia todos os outros elementos que acompanham um bom churrasco. Por último, bolo de aniversário. Delicioso!
A música não parou enquanto a turma comia. Dois ou três largavam os violões, outros dois ou três os empunhavam e continuavam cantando até que todo mundo almoçou.
E foi assim pela tarde afora, até a hora da partida.
Dia esplêndido! Em pleno município da tradicional Curitiba - população cabelo-de-milho-verde, uma alegre "fiesta" paraguaia com tudo a que tem direito, e toda cantada, tocada e hablada... em portunhol.
(Tribuna de Itararé — 01/11/89)
Fonte:
Dorothy Jansson Moretti. Instantâneos. São Paulo: Dialeto, 2012.
Livro enviado pela escritora.
Dorothy Jansson Moretti. Instantâneos. São Paulo: Dialeto, 2012.
Livro enviado pela escritora.
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