Sete Ondas sempre girando...
E, pelas ondas do mar,
de vermelho vem cantando
canções de amor ao luar...
Ela nasceu à beira mar, frágil e pequenina. Sua mãe, doce mulher, jovem, mas bastante sofrida pelo excesso de lida diária, sentindo–se muito fraca, sabia que ia morrer. Então despede-se da criança, a coloca num barco à deriva que se aproximava da areia e, ali, em meio a lágrimas, pede a Iemanjá, para que salve a sua menina. Depois do esforço físico e emocional, a mulher deita-se novamente na areia. E a mãe d’água, surge ao mote a navegar. Ao entender que a filha estava salva, a pobre mãezinha fecha os olhos e descansa em paz. Nesse momento sofrido, uma sereia vem apanhar sua alma e a conduz até o colorido vale das mães que passam por tal sacrifício.
No porto de uma ilha que em tempos longínquos, sofrera sete maremotos e que por isso acabou sendo batizada como a ilha das sete ondas, o bebê foi entregue. Horas depois a menina é encontrada por uma jovem senhora benzedeira que não podia ter filhos. A mulher, sentindo-se muito feliz, agradece a Iemanjá, o belo presente vindo de suas águas, e depressa vai contar a boa nova para o marido, um bondoso marceneiro que também sonhava em ser pai.
No pequeno povoado, a garotinha crescia saudável e contente. Conversava com as pequenas sereias que surgiam à beira d’água, e ajudava o seu pai nas pescarias. Com o passar do tempo, a menininha foi transformando–se numa linda adolescente. Seus cabelos longos, negros e ondulados, contrastavam com sua pele clara e seus olhos profundamente azuis. Ela possuía uma beleza embriagante. As íris daquele povo jamais refletiram perfeição igual.
A jovem era muito faceira, não perdia um luau e estava sempre cantarolando e dançando, dentro e fora das águas. Os garotos e até mesmo os homens velhos eram apaixonados por sua graça. Mas ela não se interessava por ninguém. Guardava–se para a chegada de um grande amor que sempre lhe surgia em sonhos.
E foi assim que aconteceu.
Certo dia, visitantes marinheiros vindos de uma outra ilha distante, desembarcam no cais e, dentre esses marinheiros, um atrai a sua atenção. Numa noite de festa e entrega de oferendas a Iemanjá, os dois se aproximam, contam histórias curiosas sobre seus povos, sorriem e choram. Tornam-se amigos e logo em seguida iniciam um bonito namoro. Apaixonado, o rapaz decide nunca mais partir. No decorrer de um ano, eles não se desgrudaram. Tinham planos de casar, ter inúmeros filhos e serem felizes para sempre. Mas, por uma misteriosa razão, quis o destino separa-los.
O rapaz foi convocado a defender o seu povo de uma invasão de piratas. Ele não queria ir embora, mas como poderia negar ajuda a seu povo? O marinheiro promete logo voltar, e deixa a moça chorando à beira do cais. Todos os dias ela ia até a beira do mar esperar pelo retorno do seu amado. Essa espera tornou-se um ritual.
Os dias passavam, as semanas, os meses, e o marinheiro não desembarcava de nenhum barco. Com isso, a jovem, foi perdendo a sua constante alegria e, aos poucos, deixou de se alimentar. Seus pais adotivos fizeram de tudo para que ela voltasse à vida normal. Mas os argumentos não foram capazes de recuperar o seu estado de espírito.
A jovem queria morrer, e a grande mãe d’água, não suportando mais vê–la sofrer por amor, em certo entardecer, quando a menina estava deitada sobre uma pedra, com seu jeito amoroso chama por sua protegida. A moça que tinha apenas dezoito anos, atende ao chamado, e Iemanjá, cumprindo a promessa de cuidá-la sempre, a leva para seu reino encantado. Ao chegar no fundo do mar, ela reencontra sua mãe biológica e também o seu amado.
Por ter sofrido muito por amor, a moça é nomeada pela falange dos oceanos, em homenagem à ilha onde cresceu, ao cargo de guardiã das SETE ONDAS, tendo como missão proteger os lares, os templos e os corações sofridos das jovens apaixonadas, que por muitas vezes se deixam naufragar pelas fortes ondas da desilusão.
Fonte:
Texto enviado pela autora.
Texto enviado pela autora.
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