quinta-feira, 15 de julho de 2021

Jaqueline Machado (A moça e a redoma)

A moça era triste...
Mas ninguém notava sua tristeza.
A moça tinha sonhos secretos.
E dons que atraíam admiradores.
Ainda assim, ela era triste...
Apesar de possuir beleza e virtudes,
ela não podia correr.
Mas sua redoma era de princesa.
Não precisava se ocupar com afazeres domésticos,
nem trabalhar para sobreviver.
Suas obrigações eram escrever, cantar e sorrir.
Sim, ela tinha uma vida de princesa.
E todas as mulheres invejavam a sua posição.
Pois todas as mulheres sonham ser princesas.
Menos a moça.
Mesmo recebendo cartas de admiradores, manjares, flores,
seus olhos marejavam ao cair da noite.
E seu coração reclamava um outro viver.
Ela tinha tudo.
Mas o espírito do vazio atormentava sua inquieta alma.
Seus amigos eram distantes, seus amores eram proibidos...
Ninguém podia penetrar na sua redoma de pérolas e cristais.
E o que era visto como um castelo por todos,
para ela não passava de uma prisão.
Prisão essa que roubava-lhe o ar, a alegria, a emoção.
Contudo, muitos não acreditavam na sua tristeza.
A moça era vista como um anjo.
Por outros, como uma verdadeira deusa.
Mas a moça era humana.
Humana até demais.
E desejava viver num paraíso de portas abertas.
Correr, cair, se machucar, depois levantar e rir do próprio tombo,
como fazem todos os mortais.
A moça não queria asas a título de anjo.
Mas sonhava poder voar sobre os montes,
cruzar campos abertos, beber água direto da fonte,
plantar roseirais...
Queria tocar as pessoas, brincar com as crianças.
E, quem sabe, cozinhar para seu amado.
Queria poder rir à toa,
ser tratada de igual para igual entre as pessoas,
ser chamada por um nome comum.
E poder sonhar...
Nem de menos e nem demais...  
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Jaqueline Machado – Escritora, Palestrante, Cronista e Poeta.
Contatos para trabalhos : E-mail:  tudoepossivelw7@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/jaqueline.machado.5494
WhatsApp :  (51) 98016-2837  

Fonte:
Texto e imagem enviados pela autora.

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