Havia em um reino um rei que tinha um filho. Um dia o rei estava muito doente e disse ao filho que fosse matar uma caça para ele comer. O príncipe saiu com uma espingarda e quando viu, saiu do mato uma lebre toda branca.
O príncipe correu atrás dela para pegá-la, quando de repente abriu-se um buraco no chão e a lebre entrou, levando consigo o príncipe. Quando este viu, estava dentro de um palácio muito bonito e rico, tendo nele uma princesa também muito formosa. O príncipe ficou tão encantado da beleza da princesa, que nunca mais se lembrou do palácio do pai e nem deste.
Passado muito tempo, vai um dia o príncipe lavar as suas mãos e tira do dedo uma joia que o pai tinha lhe dado. Aí ele lembra de seu palácio e da família, e diz à princesa que ia vê-los.
A princesa insistiu muito para que não fosse, mas ele disse que ia e tornaria a voltar. A princesa então bateu com uma vara no lugar onde tinha entrado com o príncipe e o chão logo abriu-se e o príncipe passou.
Quando chegou ao palácio do pai, achou-o todo coberto de luto e abandonado, pois já tinha morrido toda a família de desgosto por causa do desaparecimento do príncipe.
Ficou muito triste e não quis voltar mais para o palácio da princesa. Saiu sem destino tendo trocado a roupa de príncipe por uma de um sapateiro, e foi a uma cidade que estava toda em festa. Perguntou que festa era aquela, então disseram que era porque a princesa deste lugar era a mais bonita do mundo.
O príncipe, que estava mudado em sapateiro, pediu que lhe mostrasse a princesa, e disse quando a viu que já tinha visto uma moça muito mais bonita.
Correram e foram logo dizer ao rei que aquele sapateiro disse que tinha conhecido uma princesa muito mais bonita do que a filha dele. O rei mandou chamar o sapateiro e disse que sob pena de morte ele havia de trazer a princesa à presença dele.
O sapateiro pediu o prazo de quinze dias e saiu. Quando chegou ao lugar onde a lebre tinha entrado com ele, principiou a cavar. Levou muito tempo cavando porque a terra estava muito dura, mas afinal conseguiu passar.
Aí encontrou o palácio da princesa todo fechado. Ele bateu na porta e apareceu uma criada. Quando esta viu o príncipe disse: “Príncipe meu senhor, a princesa esta muito doente por sua causa; só o que diz é: “Ah! Ingrato, que foste e nunca mais viste quebrar meus encantos.”
A criada disse mais, que naquele dia à meia-noite o mar crescia muito e afogava todo o palácio, e então entrava um peixe muito grande e engolia a princesa, mas se tivesse uma pessoa que matasse o peixe, quebrava os encantos da princesa.
O príncipe quis ir falar com a princesa, mas a criada disse que não, porque ela podia morrer mais depressa. Aí o mar principiou a crescer e a princesa a ficar pior. O príncipe pegou uma espada e escondeu-se atrás de uma janela. O mar foi tomando o palácio, e quando foi meia-noite, o peixe entrou para engolir a princesa, então o príncipe enfiou-lhe a espada e o matou.
O mar foi diminuindo outra vez e a princesa escapou. Então o príncipe apareceu e a princesa ficou muito alegre e houve muita festa.
Depois o príncipe disse: “Princesa, eu já lhe salvei a vida, agora é você que vai salvar a minha”. E contou que sob pena de morte havia de mostrar uma princesa mais bonita que a filha do rei. A princesa disse que ele fosse descansado.
Ele saiu e chegou no outro reino no dia marcado. Já estava a forca armada para ele morrer. Então ele pediu ao rei que esperasse mais um pouco. Quando apareceu uma nuvem de prata, que veio descendo, descendo, e quando chegou no meio do povo apareceu uma criada toda coberta de prata dizendo: “Arreda, povo, deixa botar a cadeirinha de minha sinhá.”
Aí o povo ficou pasmo. O sapateiro tornou a pedir ao rei que esperasse mais um bocadinho, que ainda não era aquela.
Apareceu outra nuvem, de ouro e foi descendo e quando chegou no meio do povo apareceu uma criada toda coberta de ouro e disse: “Arreda, povo, deixa eu botar a cadeirinha da minha sinhá.”
O sapateiro tornou a pedir ao rei que esperasse, quando apareceu uma nuvem de brilhante e foi descendo. Quando chegou no meio do povo apareceu uma moça linda e toda coberta de brilhantes, que era a princesa, e assentou-se no meio das duas criadas.
O povo ficou maravilhado. O rei e a princesa, quando viram aquela beleza incomparável, ficaram envergonhados e pediram muitas desculpas ao rapaz. Convidaram este e sua formosa noiva para se hospedarem no palácio. Mas os dois não aceitaram. Preferiram voltar para o seu reino, onde viveram alegres e felizes.
O príncipe correu atrás dela para pegá-la, quando de repente abriu-se um buraco no chão e a lebre entrou, levando consigo o príncipe. Quando este viu, estava dentro de um palácio muito bonito e rico, tendo nele uma princesa também muito formosa. O príncipe ficou tão encantado da beleza da princesa, que nunca mais se lembrou do palácio do pai e nem deste.
Passado muito tempo, vai um dia o príncipe lavar as suas mãos e tira do dedo uma joia que o pai tinha lhe dado. Aí ele lembra de seu palácio e da família, e diz à princesa que ia vê-los.
A princesa insistiu muito para que não fosse, mas ele disse que ia e tornaria a voltar. A princesa então bateu com uma vara no lugar onde tinha entrado com o príncipe e o chão logo abriu-se e o príncipe passou.
Quando chegou ao palácio do pai, achou-o todo coberto de luto e abandonado, pois já tinha morrido toda a família de desgosto por causa do desaparecimento do príncipe.
Ficou muito triste e não quis voltar mais para o palácio da princesa. Saiu sem destino tendo trocado a roupa de príncipe por uma de um sapateiro, e foi a uma cidade que estava toda em festa. Perguntou que festa era aquela, então disseram que era porque a princesa deste lugar era a mais bonita do mundo.
O príncipe, que estava mudado em sapateiro, pediu que lhe mostrasse a princesa, e disse quando a viu que já tinha visto uma moça muito mais bonita.
Correram e foram logo dizer ao rei que aquele sapateiro disse que tinha conhecido uma princesa muito mais bonita do que a filha dele. O rei mandou chamar o sapateiro e disse que sob pena de morte ele havia de trazer a princesa à presença dele.
O sapateiro pediu o prazo de quinze dias e saiu. Quando chegou ao lugar onde a lebre tinha entrado com ele, principiou a cavar. Levou muito tempo cavando porque a terra estava muito dura, mas afinal conseguiu passar.
Aí encontrou o palácio da princesa todo fechado. Ele bateu na porta e apareceu uma criada. Quando esta viu o príncipe disse: “Príncipe meu senhor, a princesa esta muito doente por sua causa; só o que diz é: “Ah! Ingrato, que foste e nunca mais viste quebrar meus encantos.”
A criada disse mais, que naquele dia à meia-noite o mar crescia muito e afogava todo o palácio, e então entrava um peixe muito grande e engolia a princesa, mas se tivesse uma pessoa que matasse o peixe, quebrava os encantos da princesa.
O príncipe quis ir falar com a princesa, mas a criada disse que não, porque ela podia morrer mais depressa. Aí o mar principiou a crescer e a princesa a ficar pior. O príncipe pegou uma espada e escondeu-se atrás de uma janela. O mar foi tomando o palácio, e quando foi meia-noite, o peixe entrou para engolir a princesa, então o príncipe enfiou-lhe a espada e o matou.
O mar foi diminuindo outra vez e a princesa escapou. Então o príncipe apareceu e a princesa ficou muito alegre e houve muita festa.
Depois o príncipe disse: “Princesa, eu já lhe salvei a vida, agora é você que vai salvar a minha”. E contou que sob pena de morte havia de mostrar uma princesa mais bonita que a filha do rei. A princesa disse que ele fosse descansado.
Ele saiu e chegou no outro reino no dia marcado. Já estava a forca armada para ele morrer. Então ele pediu ao rei que esperasse mais um pouco. Quando apareceu uma nuvem de prata, que veio descendo, descendo, e quando chegou no meio do povo apareceu uma criada toda coberta de prata dizendo: “Arreda, povo, deixa botar a cadeirinha de minha sinhá.”
Aí o povo ficou pasmo. O sapateiro tornou a pedir ao rei que esperasse mais um bocadinho, que ainda não era aquela.
Apareceu outra nuvem, de ouro e foi descendo e quando chegou no meio do povo apareceu uma criada toda coberta de ouro e disse: “Arreda, povo, deixa eu botar a cadeirinha da minha sinhá.”
O sapateiro tornou a pedir ao rei que esperasse, quando apareceu uma nuvem de brilhante e foi descendo. Quando chegou no meio do povo apareceu uma moça linda e toda coberta de brilhantes, que era a princesa, e assentou-se no meio das duas criadas.
O povo ficou maravilhado. O rei e a princesa, quando viram aquela beleza incomparável, ficaram envergonhados e pediram muitas desculpas ao rapaz. Convidaram este e sua formosa noiva para se hospedarem no palácio. Mas os dois não aceitaram. Preferiram voltar para o seu reino, onde viveram alegres e felizes.
Fonte:
Sílvio Romero. Contos populares do Brasil.
Sílvio Romero. Contos populares do Brasil.
Publicado pela primeira vez em 1885, em Lisboa.
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