segunda-feira, 12 de julho de 2021

Professor Garcia (Poemas do Meu Cantar) Trovas – 10 –

A infância é como se fosse,
a saudade que se foi
na voz da canção mais doce,
de um velho carro de boi!
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Ao sonhar e, em meus refolhos,
em meio a tantos sozinhos;
apago a luz dos meus olhos
e acendo a luz de outros ninhos!
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Ao ver o velho e a criança,
eu vi entre os dois, no entanto,
que era a fonte da esperança
junto da fonte do pranto!
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Canta pardal... Que em teu trino,
há notas tão divinais
que, as musas do meu destino,
não cantaram, nunca mais!
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Dando busca em meus papéis,
saudades de meus avós...
Reencontrei velhos cordéis
breviários de todos nós!
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Duas letras do teu nome,
no travesseiro e na fronha:
Um "d", da dor que consome
e um "a", do amor de quem sonha!
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Eis que a sombra me revela,
na tarde em que me consome
que, o rubro das cores dela,
pintou de rubro o meu nome!
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Entre antigos pergaminhos
e os mais velhos alfarrábios,
há marcas pelos caminhos
dos pés descalços dos sábios!
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Foram-se as verdes quimeras,
como as brumas outonais!...
E, entre as velhas primaveras,
elas não voltam jamais!
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Fui rever nosso passado;
nas cinzas dos sonhos vãos...
Senti no fogo apagado,
as cinzas de nossas mãos!
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Majestade e majestosa;
nela, é que a trova, se espelha.
Abrace e beije essa rosa,
é a nossa rosa vermelha!
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Meu teto fica mais lindo,
rico de amor e de afeto,
com a chuva fina caindo,
batendo papo, no teto!
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Não temas à dor injusta,
que a injustiça não reluz;
melhor a derrota justa
que a glória injusta e sem luz!
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Na vida que se refaz,
minha alma, com destemor,
por ser mendiga da paz
pede uma esmola de amor!
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No céu, sozinha, vagando
há uma nuvem que passeia,
qual lenço branco enxugando
os olhos da lua cheia!
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No pranto das horas calmas,
sussurros no meu portão.
São os cochichos das almas
no ouvido da solidão!
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No sertão, que a seca vai
ressecando os sonhos meus;
a gota d'água que cai
é uma lágrima de Deus!
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Num pequeno gesto nobre,
e entre os trapos, ao meu lado,
vi na humildade de um pobre,
o orgulho sendo humilhado!
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O cego de tudo ria;
que exemplo, o cego me deu!...
E, aquele cego de guia,
via bem mais do que eu!
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O poeta em seus delírios,
se compara aos pirilampos
que, de manhã beija os lírios
e à noite, brilha nos campos!
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O silêncio, de alma nua,
nas noites velhas, sem sono;
faz campana em minha rua
à espreita de alguém sem dono!
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O Sol se põe sem alarde;
mas deixa sem perceber
lágrimas, no fim da tarde,
nas nuvens do entardecer!
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Para o poema, que se espera
no entardecer do sertão;
o sol da tarde, se esmera,
pintando o céu de ilusão!
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Passa o tempo, a idade avança,
vão-se os dias mais risonhos;
resta um resto de esperança
entre os cacos dos meus sonhos!
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Quando a noite em seus fracassos,
conta os sonhos que se vão;
cada sonho, estende os braços
nos varais da solidão!
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Se acaso, uma dor murmura
em teu peito, e aumenta o tédio...
Mesmo para um mal sem cura,
o amor, é um santo remédio!
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Torna-se a dor mais aguda,
e a tristeza se mantém…
Quando uma lágrima muda,
prende-se aos olhos de alguém!
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Trouxe os sonhos de criança
e, o meu velho bandolim!...
Quantos sonhos de esperança,
todos grisalhos no fim!
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Velho mar, de alma vazia,
por que é que, tu não te acalmas?
Reclamas da companhia
do choro triste das almas?!
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Fonte:
Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
Livro enviado pelo autor.

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