terça-feira, 10 de agosto de 2021

Caldeirão Poético XLVI


Célia de Paula

(Rio Branco/AC)


ENTARDECER

Quanta maravilha o céu enfeita!
Um tom laranja ao final do dia,
Teor magnífico de uma poesia,
Magia que a um artista deleita!

Bailam no céu as aves canoras,
Formando um contraste lindo!
Meus olhos perdidos no infinito...
Esplêndido tema d’alma aflora.

Um espetáculo de endoidecer!
No horizonte o Sol a se esconder,
Dar asas a minha imaginação...

Nosso Senhor usou de inspiração…
Lapidou a natureza, adubou o chão…
Pôs brilho e encanto no entardecer!
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Júnior Bonfim
(Fortaleza/CE)

EU SOU


Um pássaro - que tem o sol como meta
um apaixonado barco - em mares de aventura
um homem sério - com o coração de poeta
uma sonhadora abelha - que só busca doçura!

Nos olhos tristes - a infinita alegria
no peito uma estrela - de invisível brilho
namorado da paz - torcedor da rebeldia
amante das pétalas - do sorriso filho.

Bandeira de incêndio - horizontal canção
um monte calmo - com tendências de vulcão
um marinheiro - que distribui beijos de adeus.

Uma árvore - perfumada de emoção
um grande ateu - que tem muita fé em Deus
e que por tranquilidade - só tem a agitação!
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Lucineide Souto
(Fortaleza/CE)

ENTÃO


Então vamos florir com rosas e palmas a nossa estrada longa,
Exposta nua, sem pudor, ao matutino sol incandescente,
Qual desenhista, a nossa silhueta negra ao chão alonga
Inconformado, talvez, com a nossa esplendorosa luz fulgente?

Então, vamos cantar o nosso amor febril em prosa e verso
Quando a tarde por sobre o mar azul desmaia lânguida?
E o vermelho crepuscular veste de púrpura o Universo
E a Ave Maria se difunde, no vácuo, bela e cândida?

Então, no sol de espelhos, por sobre as águas, certo dia
Em que morreram, talvez, nossas quimeras e a esperança
A Rainha do Mar revestiu de luares a mais doce fantasia

E, se fez prata o tempo da nossa florida e longa estrada.
Nossas mãos inutilmente perseguem as estrelas cadentes -
Serenos beijos da noite nos lábios radiantes da alvorada.
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Pedro Francisco Alves
(Tanguá/RJ)

FORÇA DO EQUILÍBRIO


Coração limpo e cabeça fria
oxigenam a alma com primores,
exterminam mazelas e rancores
e disseminam paz e harmonia;

extinguem procederes agressivos,
inibem as carências amorosas
e dão beleza de lírios e rosas
às relações e tratos tempestivos.

Interligam o Norte com o Sul,
colorem os perfumes de azul,
perdoam as sequelas da desdita,

acalmam o pavor que precipita
e aumentam as chances de vencer:
angústias, sofrimentos, padecer...
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Totonho Laprovitera
(Fortaleza/CE)

FELIZ E SATISFEITO


Entre a pintura de Adão e Eva,
num pára-choque li pela avenida:
"O que se leva mesmo dessa vida
é a vidinha que aqui se leva".

No prato o pobre quase nada tem,
seu salário mal chega ao dia seis,
o aluguel sempre atrasa mais de mês,
e ainda acha que passa muito bem.

Aí pergunto com todo o respeito:
Será defeito a falta de dinheiro
pra quem vive feliz e satisfeito?

Mas como diz a expressão tão nobre:
Nessa vida o rico verdadeiro
é aquele que bem sabe ser pobre!


Fonte:
Luciano Dídimo (org.). 100 sonetos de 100 poetas. 
Fortaleza/CE: Expressão Gráfica e Ed., 2019.
Livro enviado pelo organizador.

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