quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Ialmar Pio Schneider (Versos Diversos) - 2 -

AO POR-DO-SOL

(Por do Sol no Guaíba)

O por-do-sol agora está magnífico,
Parece do Senhor uma pintura,
E por isto o momento é beatífico,
Como se unisse Deus à criatura...

A noite vai descendo... colorífico
O céu em tons diversos se mistura,
E mesmo pelos ares odorífico
Vem a ser o ambiente de verdura...

Então, eu me recolho e penso em ti,
Com serena tristeza e nostalgia,
Lembrando nosso amor de frenesi...

Se agora já vai longe a mocidade,
Não esqueço os momentos de alegria,
Embora hoje só reste esta saudade !
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NÔMADE

Eu sou o desgarrado involuntário
e qual um nômade, meu coração
não tem fixa paragem, ao contrário
vive sempre mudando de paixão...
 
Ama deveras, em qualquer horário,
a alimentar, quem sabe, uma ilusão,
buscando conseguir outro cenário
onde experimentar nova emoção.
 
Não é fácil seguir este caminho
em que me encontro muita vez sozinho
a percorrê-lo sem saber por quê...
 
E neste meu vagar confuso... incerto...
eu me sinto perdido no deserto
procurando um oásis... que é você !
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“PERCO-ME EM TEU SORRISO E ME REENCONTRO”

Perco-me em teu sorriso e me reencontro
Nos minutos ardentes que antecedem
O feliz e romântico confronto
De nossas emoções que não se perdem.

Cantar em versos o prazer do encontro
E a embriaguez que os beijos nos concedem,
Talvez então já tudo esteja pronto
Para saciar o que os desejos pedem.

Vamos amar assim perdidamente
Para que todos saibam deste afã
A nos unir nos momentos de ardor.

E viveremos sempre tão-somente
Celebrando as venturas do amanhã,
Sem nada atrapalhar o nosso amor...
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SOLIDÃO E SEGREDO

Rosto de mulher sentimental
que me aparece em sonhos, bruscamente.
Não sei se é a deusa do bem ou o anjo do mal,
que pode me curar ou me arruinar totalmente.

Traz no olhar serenamente
qualquer coisa de sobrenatural,
quando a vejo se me torno contente
ao mesmo tempo sinto uma dor infernal.

Desejo tê-la comigo em todos os momentos,
mas receio não agradá-la como quer,
pelas minhas tristezas e sofrimentos.

E assim permaneço em meu degredo,
vivendo por essa mulher
mergulhado na solidão e no segredo.
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SONETO A CAMÕES

Majestoso Camões, o teu engenho
aliado ao teu amor e à tua arte,
há de ficar cantando em toda parte
onde ao luso idioma houver empenho !

Eu que versejo humildemente, tenho
em teus sonetos, mágico estandarte,
representando o nobre baluarte
que consagrou o teu excelso gênio.

Hoje o verso sem métrica e sem rima
já não levanta da epopeia o mastro,
nem pela forma e suavidade prima;

mas “Os Lusíadas” canta heroico e forte,
o episódio fatal de Inês de Castro:
- a Rainha coroada após a morte!

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