Aqueles versos terníssimos, duma inspiração ideal e faceira, haviam-lhe feito compreender que o poeta amava-a. Sem o sentir bem, ela começou a amá-lo, a amá-lo também... Quando, por acaso, encontrava-o em casa da prima, corava, julgava sofrer e gozar a um tempo e entrava a fitá-lo amorável e longamente, com essa persistência abstrata dos verdadeiros êxtases apaixonados...
O poeta conheceu não ser indiferente aquela moça tão pálida, tão triste, cujo olhar tinha os fluidos voluptuosos das paixões ardentíssimas...
E, não sei bem porque, fugiu-lhe. Passou um mês sem ir à casa da prima da Bidinha, para não vê-la. Depois, de si próprio envergonhado, lá foi e encontrou-a, mais pálida ainda... e com os olhos,— aqueles tentadores, faiscantes olhos eloquentes — mais, muito mais bonitos... Teve pena dela. Num momento em que ficaram sós na sala,— onde recendia o perfume dum ramo de resedá posto num jarro em frente ao retrato duma velha senhora de fronte enrugada e olhar suave — declarou-lhe amá-la desde muito, intensamente.
Ela, a Bidinha, a pálida dona do álbum que recebera aqueles terníssimos versos, duma inspiração ideal e faceira, sorriu, estremeceu e murmurou apenas quase ininteligível som.
Daí em diante, a felicidade uniu-os sempre em amorosos colóquios noturnos, naquela mesma sala.
***
Tempos depois, teve o poeta de fazer uma viagem. Os protestos de mútua fidelidade foram longos, como longa deveria ser a ausência. Dando-lhe o aperto de mão de despedida, quase desfalece a Bidinha, tal foi a angústia que atravessou-lhe o coração!
***
Por um artifício da sorte, o poeta esqueceu-se da encantadora criança a quem jurara amor perante o retrato da velha senhora de fronte enrugada, enquanto recendia na sala o perfume dum ramo de resedá.
Ela esperou-o durante meses, durante anos... Oh! lancinante dor das longas expectativas!... Espera-o ainda...
À tarde, quem for ao pequenino quintal da casa dela, poderá vê-la sentada sob um grande jasmineiro estendido ao longo de vasta latada,— com o olhar suave e tristemente fito nas páginas dum álbum, soluçando baixinho palavras de saudosa recriminação.
Aqueles versos terníssimos, duma inspiração ideal e faceira, haviam-lhe feito compreender que o poeta amava-a!…
O poeta conheceu não ser indiferente aquela moça tão pálida, tão triste, cujo olhar tinha os fluidos voluptuosos das paixões ardentíssimas...
E, não sei bem porque, fugiu-lhe. Passou um mês sem ir à casa da prima da Bidinha, para não vê-la. Depois, de si próprio envergonhado, lá foi e encontrou-a, mais pálida ainda... e com os olhos,— aqueles tentadores, faiscantes olhos eloquentes — mais, muito mais bonitos... Teve pena dela. Num momento em que ficaram sós na sala,— onde recendia o perfume dum ramo de resedá posto num jarro em frente ao retrato duma velha senhora de fronte enrugada e olhar suave — declarou-lhe amá-la desde muito, intensamente.
Ela, a Bidinha, a pálida dona do álbum que recebera aqueles terníssimos versos, duma inspiração ideal e faceira, sorriu, estremeceu e murmurou apenas quase ininteligível som.
Daí em diante, a felicidade uniu-os sempre em amorosos colóquios noturnos, naquela mesma sala.
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Tempos depois, teve o poeta de fazer uma viagem. Os protestos de mútua fidelidade foram longos, como longa deveria ser a ausência. Dando-lhe o aperto de mão de despedida, quase desfalece a Bidinha, tal foi a angústia que atravessou-lhe o coração!
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Por um artifício da sorte, o poeta esqueceu-se da encantadora criança a quem jurara amor perante o retrato da velha senhora de fronte enrugada, enquanto recendia na sala o perfume dum ramo de resedá.
Ela esperou-o durante meses, durante anos... Oh! lancinante dor das longas expectativas!... Espera-o ainda...
À tarde, quem for ao pequenino quintal da casa dela, poderá vê-la sentada sob um grande jasmineiro estendido ao longo de vasta latada,— com o olhar suave e tristemente fito nas páginas dum álbum, soluçando baixinho palavras de saudosa recriminação.
Aqueles versos terníssimos, duma inspiração ideal e faceira, haviam-lhe feito compreender que o poeta amava-a!…
Fonte:
O Poeteiro
O Poeteiro
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