segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Contos e Lendas do Paraná - 3 (Pinhal de São Bento: A lenda do pinheiro em forma de cruz)


A região de Pinhal de São Bento foi ocupada em meados da década de 1940, por ocasião do surgimento da Colônia Agrícola General Osório, CANGO, criada pelo Decreto 12.417 do presidente Getúlio Vargas. O responsável pela distribuição de terras da Cango, na região de Pinhal, era Marciano de Sá. Ele fazia viagens pela região no lombo de um burro, “o burro do Cango”, como era conhecido. Quando o senhor Marciano chegou, na localidade já residia Luiziano Rozário Borba e os Rutes.

Os Rutes eram uma comunidade religiosa que tinha como líder o senhor João Rute, uma espécie de curandeiro. Nesta comunidade havia mais ou menos setenta famílias e todas seguiam os princípios ensinados pelo senhor João Rute. Na época o local era chamado de Pinhal dos Rutes.

Com a chegada de novos moradores, principalmente o senhor Marciano de Sá e o senhor Alzemiro Motta, e devido ao conflito por causa da seita, os Rutes sentiram-se incomodados, pois não se adequavam aos costumes de outras comunidades. Eles viviam de caça, pesca, ervas e algumas produções de subsistência. Não eram permitidas criações de animais com casco partido, não vendiam seus produtos por dinheiro, realizavam escambo por objetos ou animais.

Os novos moradores queriam efetivamente criar um núcleo urbano, com igreja e escola. Então, os Rutes tomaram outro rumo e foram para o interior do município de Barracão por volta de 1954.

Eles, porém, cultivavam um pinheiro singular, que havia no local e possuía galhos formando uma cruz. Dizem que foi descoberto por Bento Monteiro, seguidor dos Rutes.

O senhor João Rute disse ao deixar a localidade, que aquele pinheiro não poderia ser derrubado e se alguém o fizesse iria ser amaldiçoado, assim como toda sua família.

E o lugar nunca mais iria se desenvolver. O pinheiro foi derrubado pelo senhor Algemiro Geittenes, depois que os Rutes abandonaram o local.

Depois de derrubado o pinheiro, o medo tomou conta da família do senhor Algemiro, a sensação de que coisas sobrenaturais rondavam a propriedade era frequente. A  situação foi se tornando insuportável, até que resolveram mudar-se do local.

Coincidência ou não, depois de alguns anos Algemiro foi morto numa briga em uma festa.

Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr (coordenador). Lendas e Contos 
Populares do Paraná.
Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005.

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