quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XXXIV

MEU SOL


MOTE:
Chegaste, assim, de repente
na minha vida vazia,
trazendo um sol ainda quente,
quando já entardecia.

Amália Max
(Ponta Grossa/PR, 1929 – 2014)


GLOSA:
Chegaste, assim, de repente

dando muito amor, a mim.
Tua imagem atraente
pôs, na nostalgia, um fim!

Colocaste muita vida,
na minha vida vazia,
a estrada triste e comprida
transformou-se em alegria!

O teu calor envolvente
aqueceu meu coração,
trazendo um sol ainda quente,
resplendente de afeição!

Revivi, então, meus sonhos!
Trouxeste a policromia
àqueles dias tristonhos
quando já entardecia.
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TARDE VAZIA

MOTE:
Domingo, tarde vazia
uma saudade no ar
e um cheiro de maresia
que vem distante do mar.

Humberto Del Maestro
(Serra/ES)

GLOSA:
Domingo, tarde vazia

de uma acinzentada calma.
Sinto nela (qual magia)
o vazio de minha alma!

Nessa tarde - solidão,
uma saudade no ar
faz pulsar meu coração,
que já nem sabe chorar!

Sinto findar o meu dia
numa tristeza sem fim,
e um cheiro de maresia
penetra dentro de mim!

Com meu olhar já cansado,
olho, sem nada enxergar!
Só há sombra do passado,
que vem distante do mar.
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LÁGRIMA DOCE

MOTE:
Bendigo a lágrima doce
da chuva que cai lá fora.
Bom seria se assim fosse
o pranto que a gente chora!

José Valdez de Castro Moura
(Pindamonhangaba/SP)


GLOSA:
Bendigo a lágrima doce

que na tarde, cai tranquila,
pois tua lembrança, trouxe,
e é muito gostoso ouvi-la!

Essa lágrima bonita
da chuva que cai lá fora
o meu coração agita
e manda a tristeza embora!

Com esse sabor agridoce
eu sinto a chuva com gosto,
bom seria se assim fosse
as lágrimas do meu rosto!

Que bom seria, se um dia,
nos caminhos, vida afora,
que fosse só de alegria
o pranto que a gente chora!
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CANTO AO DESENCANTO...

MOTE:
Liberto a paixão contida
seco as lágrimas do pranto...
e canto... à beira da vida
o meu canto ao desencanto...

Maria Lua
(Nova Friburgo/RJ)


GLOSA:
Liberto a paixão contida

deixo-a livre pelo espaço,
nessa lembrança sentida
do calor do teu abraço!

Quero me fazer feliz!
seco as lágrimas do pranto,
colorindo a tarde gris
com um punhado de encanto!

A esperança renascida
em minha alma, me faz bem,
e canto... à beira da vida
cantando a vida, também!

Peço ao vento do Universo,
que leve a todo recanto,
no carinho do meu verso,
o meu canto ao desencanto…
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DELÍRIO

MOTE:
No delírio encontro jeito
de negar esta existência:
No vazio do meu leito
cabe apenas tua ausência.

Wanda de Paula Mourthé
(Belo Horizonte/MG)


GLOSA:
No delírio encontro jeito

de diminuir minha dor,
pois o meu sonho foi feito
de sementeiras de amor.

É difícil, eu bem sei,
de negar esta existência:
as lágrimas que chorei
já não têm mais consistência!

Aperta a dor no meu peito,
e o olhar vai à procura
no vazio do meu leito
da tão sonhada ventura!

Nesse vazio profundo,
sendo de grande abrangência,
mesmo o maior desse mundo,
cabe apenas tua ausência.

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas XVI. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. Março 2004.

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