domingo, 7 de abril de 2024

Estante de Livros (“Gabriela, cravo e canela”, de Jorge Amado)


artigo escrito por Jaqueline Machado (RS)

Jorge Amado, Amado Jorge, gratidão por nos presentear com Gabriela, Cravo e Canela, moça bonita dos temperos picantes...

Preconceito com esta e outras obras extraídas do seu imaginário até existe, mas sei que assim como eu, você deve rir disso.

Êta mundinho cheio de preconceitos. Haja paciência!

Mas voltando ao que interessa, analisando Gabriela, Jorge Amado fez uma dissertação.

“Eu acredito que ela tem um tipo de magia que provoca revoluções e promove grandes descobertas. 

Não há nada que eu goste mais do que observar Gabriela no meio de um grupo de pessoas. Você sabe o que ela me lembra? Uma rosa perfumada num buquê de flores artificiais."

Gabriela, que passou de retirante a cozinheira de seu Nacib, veio ao mundo com cheiro de cravo. E este seu perfume logo se misturou à sua cor de canela. Enfeitiçando o mundo inteiro. 

A menina cresceu em meio à pobreza, mas não se deixou dominar pelas amarguras de uma sina difícil: aproveitava o pouco que tinha com um sorriso no rosto.

Tinha um espírito livre e logo tornou-se dona de si. Seu Nacib, o árabe mais famoso da literatura baiana, e dono do bar Vesúvio, jamais conheceu outra mulher igual, sempre pronta para os afazeres da casa, e que sabia cozinhar como ninguém.

Pouco se zangava, vivia a sorrir. Feito menina, brincava com as crianças e com ele, ao entardecer fazia amor. 

E o seu amor era um amor diferente dos demais, um amor doce e ao mesmo tempo quente, cheio de sutis ais... 

Mas devido a algumas normas sociais, pra casar com seu Nacib, Gabriela não podia ser Gabriela: precisaria se transformar numa nova pessoa. Usar sapatos apertados, vestidos caros e acompanhar o marido em algumas conferências. Logo ela que gostava de circo. E tinha que se comportar bem. Muito bem, porque os coronéis, homens que podiam tudo, e assíduos frequentadores de cabarés, eram os que mandavam nos costumes da cidade. E em caso de suposta ou real infidelidade, como aconteceu com o coronel Jesuíno, a mulher era morta. Pois macho que é macho de verdade lavava a honra com sangue.   

O árabe não conseguiu domesticar sua amada. Por isso, eles se uniram, separaram-se e depois uniram-se novamente, porque numa sociedade de rosas artificiais, Gabriela era original. Simples e sensual. E sem ela, sem sua cor, seu amor e temperos, seu Nacib, o “Moço Bonito”, como por sua musa era chamado, não podia mais viver.

Fonte> Texto enviado pela autora 

Nenhum comentário: