quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Domício da Gama (1862 – 1925)


Jornalista, diplomata, contista e cronista, nasceu em Maricá, RJ, em 23 de outubro de 1862 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 8 de novembro de 1925.

É um dos dez acadêmicos eleitos na sessão de 28 de janeiro de 1897, para completar o quadro de fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escolheu Raul Pompéia como patrono, ocupando a Cadeira n. 33.

Domício Afonso Forneiro nasceu em Ponta Negra, Maricá, aos 23 de outubro de 1863, sendo filho de Domingos Afonso Forneiro, pequeno comerciante, e de Mariana Rosa Loreto. De origem humilde, desde a infância mostrava uma inteligência viva e brilhante.

O sobrenome Gama, que sempre trouxe consigo, herdou-o de seu padrinho, o Pe. Sebastião de Azevedo Araújo e Gama, vigário de Maricá durante 41 anos, no período de 1851 a 1892.

Seus primeiros estudos se passaram no Colégio Henrique, no Rio de Janeiro. Matriculou-se posteriormente na Escola Politécnica, mais precisamente em 1878, mas desistiu logo a seguir, ao perceber que sua vocação não era lidar com ciências exatas. Dedicou-se com sucesso ao estudo de Literatura e Geografia, que realmente o apaixonavam.

Não contando com a ajuda de pessoas importantes, foi vencendo sozinho, em decorrência de seus esforços e de sua inteligência singular. Mesmo sem recursos, fez-se repórter da "Gazeta de Notícias", exercendo o cargo com eficiência, tornando-se amigo e auxiliar do famoso jornalista Ferreira de Araújo.

Em 1888 encontramo-lo na Europa, correspondente internacional da Gazeta de Notícias. Durante este tempo aprofundou mais os seus estudos de Literatura e Geografia. Membro integrante do Sindicato da Imprensa Estrangeira, atuou com brilho durante a célebre Exposição de Paris, ano 1889. Motivado pelo Barão do Rio Branco, de quem era amigo particular, trabalhou no Comissariado da Emigração da Europa.

Lidou na Política Exterior Brasileira, consagrando-se ao lado do Barão do Rio Branco. Diplomata arguto e competente, era sempre lembrado nos casos mais exigentes da Diplomacia Brasileira. É assim que o vemos auxiliando o Barão do Rio Branco nas questões do Amapá, Missões e Acre.

Pertencem-lhe, na história da Diplomacia do País, as boas relações com o Peru, em 1906, e com a Argentina, pouco depois. Com larga visão política e grande capacidade, houve-se bem ao substituir Joaquim Nabuco, em Washington.

Foi secretário de Legação na Santa Sé, em 1900 e ministro em Lima, em 1906, onde desenvolveu grande e notável a atividade, preparatória da política de Rio Branco, coroada pelo Tratado de Petrópolis.

Embaixador em missão especial, em 1910, representou o Brasil no centenário da independência da Argentina e nas festas centenárias do Chile.

Embaixador do Brasil em Washington, de 1911 a 1918, foi o digno sucessor de Joaquim Nabuco, por escolha do próprio barão do Rio Branco.

Ao celebrar-se a Paz européia de Versalhes, Domício, como ministro das Relações Exteriores, pretendeu representar o Brasil naquela conferência, propósito que suscitou divergências na imprensa brasileira. Convidado para a mesma embaixada, Rui Barbosa recusou, e o chefe da representação brasileira foi, afinal, Epitácio Pessoa, eleito pouco depois, em seguida à morte de Rodrigues Alves, presidente da República.

Domício foi substituído na Chancelaria por Azevedo Marques, seguindo como embaixador em Londres, em 1920-21. Foi posto em disponibilidade durante a Presidência Bernardes.

Sua atuação como Embaixador Brasileiro em Londres valeu­-lhe as seguintes observações, feitas por Pandiá Calógeras, em sua obra "Estudos Históricos e Políticos": "só quem conhece os meios oficiais londrinos pode apreciar o prestígio que cercava esse diplomata calmo, sisudo, inimigo da ostentação e atento a quanto interessasse ao Brasil". E disse ainda mais: "a sua perda é um empobrecimento mental e moral para o País".

Em 1919 foi Presidente da Academia Brasileira de Letras, em substituição a Rui Barbosa.

Domício da Gama era colaborador da Gazeta de Notícias ao tempo de Ferreira de Araújo.

Escreveu "Contos a Meia Tinta" (1891 ) e "Histórias Curtas" ( 1901 ). Foi ainda Diretor de Publicação do Atlas de Geografia Física e Política e do Atlas de História Antiga e Moderna.

O seu estilo é primoroso, leve e sutil, prenhe de originalidade, e revela o espírito profundamente observador do literato.

Como tantos outros vultos ilustres, faleceu esquecido depois de tão numerosos serviços, aos 8 de novembro de 1925, na cidade do Rio de Janeiro

Fontes:
Academia Brasileira de Letras
Texto do livro "Maricá meu Amor", de Paulo Batista Machado, disponível em http://www.marica.com.br/2003b/2910domicio.htm

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