terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eduardo White (1963)


Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de novembro de 1963.

Após uma formação durante três anos no Instituto Industrial, o escritor exerceu funções diretivas numa empresa comercial, foi membro do Conselho de Coordenação da revista “Charrua” e dirigente da Associação de Escritores de Moçambique.

Recebeu vários prémios literários e foi considerado, em 2001, pela Associação de Imprensa Moçambicana, a Figura Literária do ano.

Livros publicados

Amar sobre o Índico (1984)
Homoíne (1987)
“País de Mim (1990); Prémio Gazeta revista Tempo
Poemas da Ciência de Voar e da Engenharia de Ser Ave (1992); Prémio Nacional de Poesia
Os Materiais de Amor Seguido de O Desafio à Tristeza (1996)
Janela para Oriente (1999)
Dormir com Deus e um Navio na Língua (2001); bilingue português/inglês; Prémio Consagração Rui de Noronha (Editora Labirinto)
As Falas do Escorpião (novela; 2002)
O Homem a Sombra e a Flor e Algumas Cartas do Interior (2004).

Numa preocupação com as origens, Eduardo White tenta na sua poesia refletir sobre a sua história e sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um amor diversificado que pode ser pela amada, pela terra ou mesmo pela própria poesia, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e, por vezes, de erotismo.

Moderníssimo, kafkiano, os seus textos apontam para uma leitura poética metalinguística, ou seja, em que os poemas, ao engendrarem a si mesmos, contam, paralelamente, a história de seu povo (amores, sofrimentos, opressões, miséria, estigmas das guerras, etc.) e a história da própria linguagem literária. (Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante , 2005)

Empenhado em cantar o Amor, a fim de que a paz se consolidasse nos âmagos individual e nacional, White desenvolveu uma escrita poética que almejou erotizar uma terra acometida pelas degradantes conseqüências de sucessivas guerras. Exaltando a vida e tudo o que dela pulsasse, o poeta exibiu um eu-lírico marcadamente otimista, embora, muitas vezes, melancólico e indignado. […]

Os versos de Eduardo White ultrapassaram o raio de visão do senso comum. Sem perder de vista os escombros, os cadáveres, os mutilados e a miséria, a poética do autor se propôs apontar caminhos e motivações para alcançar uma estabilização social. Nesse sentido, aprendemos com White que Amor e Poesia não significam instituições alienadas ou alienantes, visto que a própria mensagem poética, em O país de mim, nos tenha advertido: “ao amor não ponhas vendas, nunca, nem sequer aos poemas” (WHITE, 1989, p. 20).

“Como explicar que um jovem escritor dê tanta importância ao tema lírico [do amor] num país tão marcado pela violência?” – questionou Michel Laban numa entrevista que integra o livro Moçambique: encontro com escritores. White justificou a seleção de seu material poético, grifando o canto subjetivo como um discurso de resistência e persistência da memória: “Antes de mais nada gostaria de ressaltar que a temática que eu usei nos dois livros11 é acima de tudo uma temática de protesto e também de relembrança. A minha geração é uma geração de guerra: da guerra colonial [...] e agora e sempre a guerra com a Renamo. O que eu procurei é levar ao leitor uma relembrança do que afinal está em nós ainda vivo, do que a gente acredita como sendo possível, como sendo real, que é o amor.” (WHITE, in: LABAN, 1998, p. 1179 apud ALMEIDA, 2006

Fontes:
– Revista Literatas. Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona. ano 1. n. 13. 11 outubro 2011. Maputo: Movimento Literário Kuphaluxa. Gentilmente cedida por Amosse Mucavele.
– http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_White
– http://lusofonia.com.sapo.pt/white.htm

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