AMOR ENAMORADO
Ao pôr-do-sol estive
Sentindo-te a meu lado
O céu ao fundo avermelhado
De cor se me vestiu enamorado
Te senti te respirei tão encantado
De amor te agasalhei
Me fecundei!
Terno e arrebatado
Entorpeci!
Maravilhado
INSTANTÂNEO
VIVER
é permanecer p’rá lém de mim
Ter a olfacção da aragem em movimento
Compreender a solidão em eco de catapulta
Ter a paciência sentida que para além de nós
outros transpiram p’la ânsia de viver
Estou em todo o lado
Não estou em lado algum
Existo – num êxito opaco
Sou filtração de uma vida
Uma intuição consciente
Na confluência de tolerâncias várias,
olhar o espelho e encontrar-me
é aceitar o meu semelhante,
que segue outro caminho
e tem outra história
Na duplicação de uns nos outros:
saber dividir diferenciando,
é caminhar por uma rua
que é um mundo
Cada um de nós tem vocação
para o que existe
O que existe tem a ver
com o que está dentro
de cada um
Nós, em cada um – somos um cais de partida
Nunca um porto de chegada
AMAR POR AMOR
NO AMOR…
Tenho a luz,
o sonho, o gesto,
a profunda dor…
Ilusão
- Amor!
No amor…
eu tenho os dias,
as ocultas noites,
Nostalgia!
A memória virtual
No amor…
tenho tudo e o nada haver…
Desideratos abstractos…
fantasias, crepúsculos,
devaneios…
Alegorias!
No amor…
tenho a percorrida vida,
o pensamento amado…
a profundidade esquecida
Êxtase!...
O fio d’alma
Revertida
SILÊNCIO
O verdadeiro segredo
de estarmos sempre presentes
naquilo que fazemos
é conseguirmos muita coisa sem nos perdermos
O estado de vigília constante
a que somos submetidos
ao contrário de adormecer
desperta-nos
no compulsar atento
daquilo que nos rodeia
Vivemos o livre fruir dos nossos
pensamentos
a forma rítmica com que
sentimos e agimos
A harmonia que se manifesta
em relação a tudo e todos
É-nos intrínseca a capacidade
de amar
- o desejo e o júbilo
no que faz
E somos!!
VOLÚPIA
Como é bom sentir o inatingível e gerar o imediato
Olhar o coração apinhado de esperança e dizer sim
Permanecer para além de nós nas horas ociosas
Gerar outra paz e revoltar nascendo o que de nós brota
Cheirar a fé odorada e defumar o repleto alento
Acreditar na vida como passagem para algures
Caminhar!!
Enlaçar o sonho em mar de esperança e amar sorrindo
Renascer nascendo depois da morte e ternuras guardar
Conter a pena de perdurar apenas só
Vivendo!!
Outras vidas seus ecos escutar lamentos de solidão
Atento!!
Perder-me enlaçado no desenlaço de outras almas
Sentindo!!
Palmilhar o agnóstico da carne e sofrer o espírito levitando
Fecundo!!
FOTOTROPIA
Através de pequenas coisas
e invadido pelo mistério
pressagio meditação
Obscureço o entendimento
e conjugo-me no afirmativo
Acorro a sugestões internas
Inverto os factos e insidiosamente
procura estimular o amor-próprio
Desobedeço
- abusando dos poderes divinos
Levo à ânsia o meu instinto
Inverto a ordem
- sou acto revolucionário
Na fraqueza de tudo ser
desperto o meu nada promissor
Seiva de esperança
deglutida de apreensão
Sortilégio/Desventura
Tão-somente
- vontade d’quele que me enviou
Haja – Luz!..
DIMENSÃO MAIOR
Subo à minha torre de cristal
E sinto um céu de azul jasmim
Edifico ilhas de segurança
E vivo a paz como refúgio
Desato o sonho e prendo o tempo
Que esvoaça em meu pensar
Parto e chego a desoras
Vivo e fujo de tanta pressa
Vislumbro o mar
Que de ondas sucessivas molha a areia
Do seu abraço
A sede basta que refresca
Sublimo o crer
E entrego o imenso prazer
Tão bom é estar vivo
Alagando o meu olhar
Fugaz mais lestos que o lamento
A voga as horas do vício
Em pousio no tempo d’ócio
No meu mirante de cristal
Existo….
Ficarei!
DE MIM O SOPRO
Olhando p’ra mim respiro o que escrevo
Palavras saídas sentidas de dentro
Anseios alados vividos esfumados
Penumbras trazidas lonjuras guardadas
Revejo remiro ilusão tormento
Dor incontida angustia momento
Ajusto de coisas figuras passadas
Princípio sem fim saudades amargas
Atento deslumbro contento contacto
Vidas sofridas tão de abstracto
Resumo consumo nas dobras do tempo
Revejo reverso no verso de mim
Tristeza ternura confusão sem fim
Sou ponto de vida exclamação d’alguém
Certeza concisa colhida de quem
Trazida embalada de questões e razões
Olhar maduro que pinga ilusões
EXALAÇÃO D’ALMA
A hera crescia
Galgava a parede
Afanosa
Ela o verde aspergia
No jardim
De tamanha olência
As abelhas fecundavam o jasmim
Ao desamanhecido dia
Garganteava o pintassilgo
A semente desmiolada depenicava
Aqui…
Ali…
Desejava!
Em gargarejos de dor
Arrojava a asa ao seu amor
No brejo se refrescava!
INAPTOS
Só conheço de nome
e ouço falar
São aquilo que cobiçam
e mostram outra razão
do algures que não o são
Pavão em penas suas
de cores já desbotadas
- alegram por fora
por dentro a pigam
água de choro
Na inexactidão do começo
apiedam-se
à continência
do fim
Só de nome conheço
e falar
os ouço!
CLARIDADE
Nas trevas vejo
em dia estou
No que me alaga
dono não sou
Um rio
esboroado
p’las lágrimas
que de mim brotam
O montante derrama
cristais de luz
- saudades –
que meu estuário banham
Escorro a jusante
de abraço a
outras águas
tamanhos mares
D’alguém
por fim resvalam prantos
O nenhures greta
tísica de sede
Desmesuradamente
Inundo algures!
Ao pôr-do-sol estive
Sentindo-te a meu lado
O céu ao fundo avermelhado
De cor se me vestiu enamorado
Te senti te respirei tão encantado
De amor te agasalhei
Me fecundei!
Terno e arrebatado
Entorpeci!
Maravilhado
INSTANTÂNEO
VIVER
é permanecer p’rá lém de mim
Ter a olfacção da aragem em movimento
Compreender a solidão em eco de catapulta
Ter a paciência sentida que para além de nós
outros transpiram p’la ânsia de viver
Estou em todo o lado
Não estou em lado algum
Existo – num êxito opaco
Sou filtração de uma vida
Uma intuição consciente
Na confluência de tolerâncias várias,
olhar o espelho e encontrar-me
é aceitar o meu semelhante,
que segue outro caminho
e tem outra história
Na duplicação de uns nos outros:
saber dividir diferenciando,
é caminhar por uma rua
que é um mundo
Cada um de nós tem vocação
para o que existe
O que existe tem a ver
com o que está dentro
de cada um
Nós, em cada um – somos um cais de partida
Nunca um porto de chegada
AMAR POR AMOR
NO AMOR…
Tenho a luz,
o sonho, o gesto,
a profunda dor…
Ilusão
- Amor!
No amor…
eu tenho os dias,
as ocultas noites,
Nostalgia!
A memória virtual
No amor…
tenho tudo e o nada haver…
Desideratos abstractos…
fantasias, crepúsculos,
devaneios…
Alegorias!
No amor…
tenho a percorrida vida,
o pensamento amado…
a profundidade esquecida
Êxtase!...
O fio d’alma
Revertida
SILÊNCIO
O verdadeiro segredo
de estarmos sempre presentes
naquilo que fazemos
é conseguirmos muita coisa sem nos perdermos
O estado de vigília constante
a que somos submetidos
ao contrário de adormecer
desperta-nos
no compulsar atento
daquilo que nos rodeia
Vivemos o livre fruir dos nossos
pensamentos
a forma rítmica com que
sentimos e agimos
A harmonia que se manifesta
em relação a tudo e todos
É-nos intrínseca a capacidade
de amar
- o desejo e o júbilo
no que faz
E somos!!
VOLÚPIA
Como é bom sentir o inatingível e gerar o imediato
Olhar o coração apinhado de esperança e dizer sim
Permanecer para além de nós nas horas ociosas
Gerar outra paz e revoltar nascendo o que de nós brota
Cheirar a fé odorada e defumar o repleto alento
Acreditar na vida como passagem para algures
Caminhar!!
Enlaçar o sonho em mar de esperança e amar sorrindo
Renascer nascendo depois da morte e ternuras guardar
Conter a pena de perdurar apenas só
Vivendo!!
Outras vidas seus ecos escutar lamentos de solidão
Atento!!
Perder-me enlaçado no desenlaço de outras almas
Sentindo!!
Palmilhar o agnóstico da carne e sofrer o espírito levitando
Fecundo!!
FOTOTROPIA
Através de pequenas coisas
e invadido pelo mistério
pressagio meditação
Obscureço o entendimento
e conjugo-me no afirmativo
Acorro a sugestões internas
Inverto os factos e insidiosamente
procura estimular o amor-próprio
Desobedeço
- abusando dos poderes divinos
Levo à ânsia o meu instinto
Inverto a ordem
- sou acto revolucionário
Na fraqueza de tudo ser
desperto o meu nada promissor
Seiva de esperança
deglutida de apreensão
Sortilégio/Desventura
Tão-somente
- vontade d’quele que me enviou
Haja – Luz!..
DIMENSÃO MAIOR
Subo à minha torre de cristal
E sinto um céu de azul jasmim
Edifico ilhas de segurança
E vivo a paz como refúgio
Desato o sonho e prendo o tempo
Que esvoaça em meu pensar
Parto e chego a desoras
Vivo e fujo de tanta pressa
Vislumbro o mar
Que de ondas sucessivas molha a areia
Do seu abraço
A sede basta que refresca
Sublimo o crer
E entrego o imenso prazer
Tão bom é estar vivo
Alagando o meu olhar
Fugaz mais lestos que o lamento
A voga as horas do vício
Em pousio no tempo d’ócio
No meu mirante de cristal
Existo….
Ficarei!
DE MIM O SOPRO
Olhando p’ra mim respiro o que escrevo
Palavras saídas sentidas de dentro
Anseios alados vividos esfumados
Penumbras trazidas lonjuras guardadas
Revejo remiro ilusão tormento
Dor incontida angustia momento
Ajusto de coisas figuras passadas
Princípio sem fim saudades amargas
Atento deslumbro contento contacto
Vidas sofridas tão de abstracto
Resumo consumo nas dobras do tempo
Revejo reverso no verso de mim
Tristeza ternura confusão sem fim
Sou ponto de vida exclamação d’alguém
Certeza concisa colhida de quem
Trazida embalada de questões e razões
Olhar maduro que pinga ilusões
EXALAÇÃO D’ALMA
A hera crescia
Galgava a parede
Afanosa
Ela o verde aspergia
No jardim
De tamanha olência
As abelhas fecundavam o jasmim
Ao desamanhecido dia
Garganteava o pintassilgo
A semente desmiolada depenicava
Aqui…
Ali…
Desejava!
Em gargarejos de dor
Arrojava a asa ao seu amor
No brejo se refrescava!
INAPTOS
Só conheço de nome
e ouço falar
São aquilo que cobiçam
e mostram outra razão
do algures que não o são
Pavão em penas suas
de cores já desbotadas
- alegram por fora
por dentro a pigam
água de choro
Na inexactidão do começo
apiedam-se
à continência
do fim
Só de nome conheço
e falar
os ouço!
CLARIDADE
Nas trevas vejo
em dia estou
No que me alaga
dono não sou
Um rio
esboroado
p’las lágrimas
que de mim brotam
O montante derrama
cristais de luz
- saudades –
que meu estuário banham
Escorro a jusante
de abraço a
outras águas
tamanhos mares
D’alguém
por fim resvalam prantos
O nenhures greta
tísica de sede
Desmesuradamente
Inundo algures!
Fonte:
A Janela do Poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário