sábado, 12 de novembro de 2011

Pedro Ornellas (Soneto Gauchesco: Atrofia)


Buenas tardes, xiruzada, guapos e prendas, gremistas e colorados, ximangos e maragatos, indiada de outros pagos... muita gente comentou meu soneto gaúcho, mas não atinei para um detalhe. Nem todos estão familiarizados com o gauchês ou têm um dicionário gaúcho à mão, por isso eu deveria ter mandado um glossário, para melhor entendimento do dito soneto.

Pru módi isso, tô mandano agora, pra quem se interessá, após o soneto.
Pedro Ornellas
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Meu coração foi potro xucro outrora
que se assanhava ao ver passar donzelas
pudesse do potreiro saltar fora
por certo ia trotear no encalço delas.

Sempre cismou refregas e esparrelas
em campereadas pelo pago afora,
porém com medo de saltar cancelas
se abichornou... E a vida não demora.

Bagual já foi, porém amanonciado
perdeu as baldas, vive aboletado...
De se enfurnar virou matungo agora...

Quando, fogosa, passa uma potranca
solto-lhe as rédeas, bufa, mas estanca
- e não se alui nem que eu lhe chegue a espora!

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GLOSSÁRIO:
potro: cavalo novo
xucro: não domado, bravio, arisco
assanhar: inflamar, excitar
potreiro: pequeno campo cercado, para animais
trote: Andadura natural das cavalgaduras, entre o passo ordinário e o galope.
cismar: Pensar com insistência (em alguma coisa), imaginar com fixidez.
refrega: Briga, peleja, Trabalho, lida.
esparrela: armadilha, logro, engano
campereada: excursão pelo campo à procura do gado
pago: Lugar em que se nasceu, o lar, o rincão, a querência; o povoado, o município em que se nasceu ou onde se reside.
cancela: porteira
abichornar: Aborrecido, triste, desanimado
bagual: Cavalo manso que se tornou selvagem. Reprodutor, animal não castrado
amanonciar: amansado, domesticado
balda: mania, vício
aboletado: instalado, aninhado
enfurnar-se: esconder-se
matungo: cavalo velho e imprestável
potranca: fêmea de potro
estancar: deixar de correr
aluir: sair do lugar


Fonte:
Soneto enviado pelo autor

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