POETAR
A fotografia
É um momento ímpar
Capturado pelo olho mágico
Do fotógrafo.
A poesia,
Um momento inesquecível
Imortalizado nos versos
Do poeta.
LEMBRANÇAS
A Fernando Pessoa
Eu lembro,
Partiste num ontem;
Mas há quanto tempo sofro.
No refúgio da minha “Ribatejo”,
Tua lembrança quebra a frieza da minh’alma
E ascende o fogo do desejo.
Como dizer que nosso amor é findo,
No lenço guardo teu cheiro,
E nele vou me consumindo.
Beijos nunca dados sinto.
São doces lembranças,
Fantasias e instinto.
SIMPLES
Amar é simples
Quando se ama simplesmente
São aromas, sons, cores e gestos simples
Que ficam com a gente,
Como aquele olhar cúmplice
Ou um desolhar simplesmente.
Ela cruzou o meu caminho
E foi me possuindo, possuindo-me simplesmente
Ofertou-me sua candura
E com jeitos indecentes,
Levou-me a fazer toda sorte de loucuras
Ser feliz simplesmente.
Mas o tempo passou naquele lugar simples
Foi passando, passando simplesmente
Um dia ... meu mundo ruiu,
Foi tudo tão de repente!
Como veio, partiu...
Abandonou-me simplesmente.
A MOÇA DO DÉCIMO PRIMEIRO
À musa do Palácio do Desenvolvimento, Brasília
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que me flechou com sorrisos e beijos
E se escondeu por trás do espelho.
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que dançando na retina do meu olho
Verticalizou minha caneta tinteiro.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
O mundo encobertou-se em sombras
Negrou o sonho de um bom rapaz.
Seu corpo exala cheiro dos campos
Dos campos das Minas Gerais;
A tez cor da cor de pequi maduro
Colhido nas terras do Goiás.
Não, mais sei se ela é mineira
Ou baiana como seus pais;
Ouvi dizer que é “Candanga”
Foi manchete nos jornais.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
Será que partiu naquele novo trem (da alegria)
Pro paraíso dos deuses congressionais?
NO VÁCUO DA PAIXÃO
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Você foi audaz e veloz
Foi fugaz com seu bólido cor de vinho;
Deixou no vácuo um cálido perfume atroz
Tristeza e solidão no meu caminho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Espero na “lombada eletrônica” te encontrar
-Aquela que teima em engarrafar o “Eixinho”-;
Que me revele o número do celular
E escreva seu nome no meu colarinho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
PROMÍSCUA
Quando me comes com teus olhos de menino pidão
Prazerosamente, deixo-me comprazer;
Se o calor obsceno domina minh’alma
Sinto o corpo entorpecer.
Tu me enlouqueces quando sopras um beijo inocente
Quando se faz de ausente, respiro a acidez do teu cheiro;
Meu olhar indiscreto desnuda um desejo cúmplice
Te possuo de corpo inteiro.
Quando a noite cai, invades meus sonhos
Desatinada e trôpega me deixo possuir;
Se teus úmidos lábios besuntam meu corpo
Do teu, sorvo licor e perfume.
BELEZA MORTA
A Jorge Viera Eschriqui
Química
Suor,
Formas em criação.
Cores
Fragrâncias,
Folhas e pétalas em harmonia.
Emoção
Fascínio,
Sentidos em confusão.
PLÁSTICO?!
NÁUFRAGO
Ainda corro contra o tempo,
Ele me é implacável...
Ainda navego sentimentos,
Ele me é indomável...
Ainda choro enquanto você sorri.
Ontem me fiz pranto,
Acordou-se em mim uma dor antiga...
Hoje me pego cantando,
Escondendo tristezas da vida...
Ainda me confortam pedaços de nostalgia.
Na parede um retrato adolescente envelhece
No cabideiro as traças devoram a casimira
No espelho entrevejo um rosto pálido
No travesseiro sinto o hálito forte de bebida.
Ainda descaminho no meu caminho.
DE CADENTE
Zuni um verso na escuridão;
Desenhou uma parábola
E despencou na noite fria.
O noctívago que contava estrelas
Descortina o facho de fogo.
Era um meteoro que caía.
Ébrio nas curvas do paralelepípedo
Acorda um resto de esperança;
Vislumbra sua estrela guia.
EM QUATRO ESTAÇÕES
Já se faz verão
Minhas folhas caem;
Já se foram tantos anos
Que nem me lembro mais.
Você foi a flor que alegrou a minha vida,
Postes minha eterna primavera
E minha melhor amiga.
Não nos frutificamos em nosso outono
Não germinaram as sementes no teu ovário;
Foram contidas em eterno sono
Sob a foice do lavrador cesáreo.
Nunca foi tão frio nosso inverno
Sempre nos sobrou um pouco de calor;
Hoje aquecemos ilusões e um outro cobertor.
DESEJOS
Quantos suspiros a suspirar;
Nossas mãos a se tocar.
Quantos arquejos a arquejar;
Nossos corpos a bailar.
Quantos orgasmos a sentir;
Nossos corpos a se fundir.
Quantas energias consumidas
Neste gozo da vida.
Quantos pecados a se pecar;
Se ela se casar.
Quanta dor irei guardar;
Se ela me abandonar.
Quantos sonhos a se sonhar;
Se cruzarmos um distante olhar.
Quantos versos irão compor
Ao viver seu desamor.
QUARESMEIRAS
Às vezes me faço abelha
Para colher o néctar da tua flor.
Às vezes me faço borboleta
Outras, beija flor.
AGUERRIDA
Já faz tempo que o sol não acorda,
É tudo um negro anoitecer.
Há quanto tempo nesta trincheira
Não se faz um amanhecer.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te olho,
Com meus olhos de bom rapaz.
Há quanto tempo não te vejo
Nas páginas dos jornais.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te toco, não te ouço,
Carícias tuas, não me trás.
Há quanto tempo sem teu corpo
Que a sua lembrança não me satisfaz.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que semeiam bombas,
Cultivando o ódio do passado.
Há quanto tempo neste jardim de sombras
Colho corpos mutilados.
Já faz tempo, já faz tempo...
Fonte:
Antônio Virgílio de Andrade. Rastilho de Prosas. Ed. Virtual Books.2002.
A fotografia
É um momento ímpar
Capturado pelo olho mágico
Do fotógrafo.
A poesia,
Um momento inesquecível
Imortalizado nos versos
Do poeta.
LEMBRANÇAS
A Fernando Pessoa
Eu lembro,
Partiste num ontem;
Mas há quanto tempo sofro.
No refúgio da minha “Ribatejo”,
Tua lembrança quebra a frieza da minh’alma
E ascende o fogo do desejo.
Como dizer que nosso amor é findo,
No lenço guardo teu cheiro,
E nele vou me consumindo.
Beijos nunca dados sinto.
São doces lembranças,
Fantasias e instinto.
SIMPLES
Amar é simples
Quando se ama simplesmente
São aromas, sons, cores e gestos simples
Que ficam com a gente,
Como aquele olhar cúmplice
Ou um desolhar simplesmente.
Ela cruzou o meu caminho
E foi me possuindo, possuindo-me simplesmente
Ofertou-me sua candura
E com jeitos indecentes,
Levou-me a fazer toda sorte de loucuras
Ser feliz simplesmente.
Mas o tempo passou naquele lugar simples
Foi passando, passando simplesmente
Um dia ... meu mundo ruiu,
Foi tudo tão de repente!
Como veio, partiu...
Abandonou-me simplesmente.
A MOÇA DO DÉCIMO PRIMEIRO
À musa do Palácio do Desenvolvimento, Brasília
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que me flechou com sorrisos e beijos
E se escondeu por trás do espelho.
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que dançando na retina do meu olho
Verticalizou minha caneta tinteiro.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
O mundo encobertou-se em sombras
Negrou o sonho de um bom rapaz.
Seu corpo exala cheiro dos campos
Dos campos das Minas Gerais;
A tez cor da cor de pequi maduro
Colhido nas terras do Goiás.
Não, mais sei se ela é mineira
Ou baiana como seus pais;
Ouvi dizer que é “Candanga”
Foi manchete nos jornais.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
Será que partiu naquele novo trem (da alegria)
Pro paraíso dos deuses congressionais?
NO VÁCUO DA PAIXÃO
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Você foi audaz e veloz
Foi fugaz com seu bólido cor de vinho;
Deixou no vácuo um cálido perfume atroz
Tristeza e solidão no meu caminho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Espero na “lombada eletrônica” te encontrar
-Aquela que teima em engarrafar o “Eixinho”-;
Que me revele o número do celular
E escreva seu nome no meu colarinho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
PROMÍSCUA
Quando me comes com teus olhos de menino pidão
Prazerosamente, deixo-me comprazer;
Se o calor obsceno domina minh’alma
Sinto o corpo entorpecer.
Tu me enlouqueces quando sopras um beijo inocente
Quando se faz de ausente, respiro a acidez do teu cheiro;
Meu olhar indiscreto desnuda um desejo cúmplice
Te possuo de corpo inteiro.
Quando a noite cai, invades meus sonhos
Desatinada e trôpega me deixo possuir;
Se teus úmidos lábios besuntam meu corpo
Do teu, sorvo licor e perfume.
BELEZA MORTA
A Jorge Viera Eschriqui
Química
Suor,
Formas em criação.
Cores
Fragrâncias,
Folhas e pétalas em harmonia.
Emoção
Fascínio,
Sentidos em confusão.
PLÁSTICO?!
NÁUFRAGO
Ainda corro contra o tempo,
Ele me é implacável...
Ainda navego sentimentos,
Ele me é indomável...
Ainda choro enquanto você sorri.
Ontem me fiz pranto,
Acordou-se em mim uma dor antiga...
Hoje me pego cantando,
Escondendo tristezas da vida...
Ainda me confortam pedaços de nostalgia.
Na parede um retrato adolescente envelhece
No cabideiro as traças devoram a casimira
No espelho entrevejo um rosto pálido
No travesseiro sinto o hálito forte de bebida.
Ainda descaminho no meu caminho.
DE CADENTE
Zuni um verso na escuridão;
Desenhou uma parábola
E despencou na noite fria.
O noctívago que contava estrelas
Descortina o facho de fogo.
Era um meteoro que caía.
Ébrio nas curvas do paralelepípedo
Acorda um resto de esperança;
Vislumbra sua estrela guia.
EM QUATRO ESTAÇÕES
Já se faz verão
Minhas folhas caem;
Já se foram tantos anos
Que nem me lembro mais.
Você foi a flor que alegrou a minha vida,
Postes minha eterna primavera
E minha melhor amiga.
Não nos frutificamos em nosso outono
Não germinaram as sementes no teu ovário;
Foram contidas em eterno sono
Sob a foice do lavrador cesáreo.
Nunca foi tão frio nosso inverno
Sempre nos sobrou um pouco de calor;
Hoje aquecemos ilusões e um outro cobertor.
DESEJOS
Quantos suspiros a suspirar;
Nossas mãos a se tocar.
Quantos arquejos a arquejar;
Nossos corpos a bailar.
Quantos orgasmos a sentir;
Nossos corpos a se fundir.
Quantas energias consumidas
Neste gozo da vida.
Quantos pecados a se pecar;
Se ela se casar.
Quanta dor irei guardar;
Se ela me abandonar.
Quantos sonhos a se sonhar;
Se cruzarmos um distante olhar.
Quantos versos irão compor
Ao viver seu desamor.
QUARESMEIRAS
Às vezes me faço abelha
Para colher o néctar da tua flor.
Às vezes me faço borboleta
Outras, beija flor.
AGUERRIDA
Já faz tempo que o sol não acorda,
É tudo um negro anoitecer.
Há quanto tempo nesta trincheira
Não se faz um amanhecer.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te olho,
Com meus olhos de bom rapaz.
Há quanto tempo não te vejo
Nas páginas dos jornais.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te toco, não te ouço,
Carícias tuas, não me trás.
Há quanto tempo sem teu corpo
Que a sua lembrança não me satisfaz.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que semeiam bombas,
Cultivando o ódio do passado.
Há quanto tempo neste jardim de sombras
Colho corpos mutilados.
Já faz tempo, já faz tempo...
Fonte:
Antônio Virgílio de Andrade. Rastilho de Prosas. Ed. Virtual Books.2002.
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