terça-feira, 5 de março de 2013

Efigênia Coutinho (Entrega)

Que bom que foi
poder escrever estes versos,
imaginá-los do princípio ao fim,
senti-los sair de mim,
sem neles dizer o que sinto,
ou cuidar, sequer,
se falo verdade ou minto,

Gerar o poema
com afeição natural,
desprendido do tema
e do conceito,
sem temer de outros o juízo,
ou se o meu próprio é perfeito.

Cometer o ato insano,
depois de conhecer
o bem e o mal,
comendo de novo,
em pecado original,
o fruto da árvore do Paraíso.

Sentir o poema
como um ser nado
misteriosamente, andrógino,
irrompido do útero do caos,
e dá-lo à luz,
tornando-o em ato,
puramente maternal.

Palavra feita poema,
como terra a mudar-se em vida,
pela vontade do fiat criador.
A suprema ambição da poetisa,
seja ele qual for,
é ver o caos transformar-se em verso,
e a ele entregar-se, por Amor

Fonte:
http://www.veropoema.net/publicacao.asp?codtxt=292

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