terça-feira, 14 de abril de 2020

Luiz Damo (Trovas do Sul) VII


A carta torna presente
na forma de comentário,
algo do seu remetente
nas mãos do destinatário.
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A educação nunca morre,
tal uma flor no jardim,
o seu perfume decorre
de permanecer assim.
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Águas turvas vão correndo
no riacho agonizante,
lentamente estão morrendo
sem chegar ao mar distante.
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A noite nos presenteia
com o brilho do luar,
do céu toda a luz semeia
para a terra iluminar.
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A terra clama indulgente
sob grande devastação
e exige controle urgente
pra evitar a perdição.
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Cada dia que amanhece
surge um elo na corrente,
com trabalho tudo cresce
nada acaba inconsequente.
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Do alto do tenro raminho
descuidado veio ao chão,
chorou por cair do ninho
o passarinho fujão.
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Há quem pare no caminho
à espera de uma carona,
tal a ave fora do ninho
ambiciosa e "folgadona".
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Já não vemos tantas matas
nem nelas águas serenas,
se ontem haviam cascatas,
hoje, lembranças apenas.
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Liderar com dinamismo
mesmo na pluralidade,
exige muito otimismo
e profunda austeridade.
- - - - - –

Não deixe morrer o sonho,
mas faça-o sempre florir,
seu porvir será risonho
quanto mais puder sorrir.
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Não mates tua saúde;
sendo à vida o dom maior,
sem drogas e em plenitude,
teu viver será melhor.
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Não se assuste com o avanço
que a doença tem causado,
se a morte for um descanso,
seu sonho é viver cansado.
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Nesta terra tem videiras,
que produzem um bom vinho,
vinho farto das torneiras
para as taças com carinho.
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Nos caminhos da existência
transpomos altas montanhas,
para buscar sua essência
escondida nas entranhas.
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O afoito passa, e sedento,
não deixa vestígio algum,
raramente fica atento
pois, vai pra lugar nenhum.
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O ciclo da vida ocorre
independente de cor,
tudo nasce, cresce e morre,
como o faz a meiga flor.
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O escritor semeia em linhas,
nas letras traça a cultura,
das palavras, sementinhas
e da escrita a semeadura.
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O medo se mostra estranho,
ao ser somente ansiedade.
Nenhum medo tem tamanho,
muito menos quantidade.
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Ontem, nas matas estavam,
mil canários e outros mais,
hoje, apenas uns restaram
registrados nos anais.
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O que todo o ser procura,
é mais vida, sem chorar
e o que o remédio não cura
a fé poderá curar.
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Passe o pai para seu filho
um manancial de valores,
as cores tenham mais brilho
e o brilho tenha mais cores.
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Quando lenta a dor avança
progressiva em torno à vida,
ninguém sufoque a esperança
de encontrar a paz perdida.
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Quem só fala mal de alguém
não merece aplauso algum,
gesto que nunca faz bem,
conduz pra lugar nenhum.
- - - - - –

Toda estrada não florida
é penosa sem as cores,
por vezes tem pouca vida
noutras lhe faltam as flores.
- - - - - –

Todo esforço em luz resulta
quando bem iluminado,
se a sombra da noite o oculta
frente o sol é revelado.
- - - - - –

Um comportamento rude
das intrigas causa aumento,
corrompe a nobre virtude
que protege o casamento.

Fonte:
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.

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