terça-feira, 28 de abril de 2020

Carlos Ribeiro Rocha (1923 – 2011)


Um dos mais notáveis poetas do Brasil. Nascido na cidade de Ipupiara, Bahia, próximo à Chapada Diamantina, em 4 de novembro de 1923, faleceu em 27 de novembro de 2011, em Salvador, Bahia.

Carlos Ribeiro Rocha é no dizer do sociólogo e crítico literário, Mário Ribeiro Martins, “o poeta da natureza, para quem a oportunidade não sorriu, mas cuja poesia é um sorriso eterno.”

Filho de Manoel Ribeiro dos Santos e de Maria Ribeiro. Nascido em Ipupiara, foi registrado em Gentio do Ouro, Bahia. Foi criado pelo seu pai adotivo Herculano Rocha e dona Bibi. Durante muito tempo viveu em Santo Inácio, Bahia. Mudou-se para Xiquexique, tornando-se contador. Transferiu-se para Salvador e depois para Itamaraju, Bahia, onde um de seus filhos é Juiz do Trabalho. Em 2002, retornou a Xiquexique, residindo ao lado de suas filhas Maria Luiza e Eunice. Em 2010 foi residir em Salvador.

Autodidata, o poeta baiano, com o apoio da comunidade, fundou em Santo Inácio, o Ginásio Diamantino (CNEC), do qual foi professor de Português durante dois anos seguidos. No início de sua carreira também fora professor municipal e particular em Ibitunane, Ibipeba e Ipupiara.

Por concurso público, tornou-se Coletor Federal, tendo residido em Santo Inácio, Xique-Xique, Itamaraju e Salvador, mas foi no interior da Bahia, onde teceu a maioria dos seus versos.

Cronista, sonetista e trovador fluente, aprendeu com a natureza e com os livros, sem frequentar, contudo, as salas de um Colégio, como ele mesmo afirma em suas trovas:

Colégio sem endereço/é o que me fez bacharel…/Nas trovas que sempre teço/é que brilha o meu anel.” “Sem Colégio, encontro tudo/ no livro da Natureza,/e como não tive estudo,/sou ave no visgo presa.” “O nome do meu Colégio?/Ninguém suas letras soma:/Nunca tive o privilégio/de receber um diploma.

Editou alguns livros, entre outros: “Harpa Sertaneja”, “Pingos De Mim”, “Meditações, Lições”, “Café Requentado”, “28 Sons” e “Coroa De Sonetos”.

O poeta não se prendeu a formas e a nenhuma corrente literária, por isso sua poesia é gostosa de ser lida, é harmônica e livre, como ele mesmo diz: “Não sou parnasiano, não pertenço/a escola alguma da arte modernista,/porquanto escrevo como sinto e penso… Se anel não tenho, mesmo de ametista,/ nas maravilhas desse livro imenso/ hei de encontrar a glória da conquista.

Sensível aos problemas brasileiros, especialmente do trabalhador simples e desvalido do Nordeste, empunha sua pena e diz: “ Pega da enxada – seu fuzil sagrado, e as ervas más fulmina do roçado, cantando sempre a chula da vitória. Eu te amo, lavrador abandonado… Se não podes por mim ser amparado, quero, ao menos, contar a tua história!

Não esqueceu, porém, das crianças abandonadas: “Cheirando cola, sem comida, sem escola, sem um barraco ao menos como lar, dá pena ver meninos a cumprir duros destinos, só aprendendo a roubar!… Faz vergonha aos Presidentes ver meninos nas vielas, com as bocas cheias de dentes e sem nada nas panelas”…

Com um toque de mestre, ele fala dos garimpeiros: “Ousado e firme, o garimpeiro busca,/no seio virginal do solo amado,/ a gema rara, que deslumbra e ofusca,/apagando as agruras do passado… Aquela joia pondo sobre a palma,/o altivo garimpeiro sente na alma/a brisa da ventura, tão serena! Também o bardo, com valor e calma,/um verso vai buscar no fundo da alma,/coberto ainda de saudade e pena!

Muito mais se poderia dizer da poesia de Carlos Ribeiro Rocha, que, não obstante ter participado do Anuário de Poetas do Brasil, Rio de Janeiro, organizado pelo saudoso Aparício Fernandes, em 1978, volume 1 e 1979, volume 4, infelizmente só é conhecido na Bahia e nos meios alternativos, onde goza de prestígio e do merecido respeito, mas seu nome consta no Dicionário Bio-Bibliográfico Regional do Brasil, do escritor Mário Ribeiro Martins, no site usinadeletras.com.br em Ensaios.

Membro de diferentes entidades sociais, culturais e de classe, entre as quais, Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras, Ordem Brasileira de Poetas Sonetistas, Clube Baiano de Trovas, Academia Brasileira de Trova. Fundou, juntamente com outros confrades, a Academia de Letras de Xiquexique, onde ocupou a Cadeira 01, sendo seu Presidente.

Fonte:
Filemon F. Martins. Carlos Ribeiro Rocha e sua poesia. Disponível em Usina de Letras.

Um comentário:

Carolline disse...

Carlos Ribeiro Rocha é meu avô. Muito orgulho de seu legado. Ele faleceu em novembro de 2011, em Salvador-BA. Seu legado, para além das trovas, contos e poesias foi formar, possibilitar o diploma à mais de 10 de seus filhos. Hoje, Carlos Ribeiro Rocha se orgulharia de saber que seus netos, netas e bisnetos seguem seu legado, valorizando a educação.