Não é doce morrer no mar.
Doce é viver nas praias da Bahia, bebendo água de coco, vendo as mulheres passarem com seus corpos morenos e sentindo a brisa do mar; vendo as ondas debulhando espumas salgadas, na tarde ensolarada do Nordeste brasileiro.
Por mais linda que seja a flor, não posso colhe-la perfumada se nasceu entre o lodo do lago.
Eu não escrevo para os que estão tristes; escrevo para aqueles que estão imunes ao pessimismo, por enquanto.
Escrevo o que sinto e sinto o que escrevo.
Se há tristeza no que escrevo, é porque não sei mentir e encobrir os acontecimentos.
A vida não é somente uma pintura surrealista de Salvador Dali e nem é também apenas um sorriso enigmático aflorando nos lábios da Mona Lisa de Da Vinci...
Os atores fingem, por isso são chamados de hipócritas, por transmitirem uma realidade que não sentem, apenas interpretam.
Eu escrevo para aqueles que pensam livremente e claramente enxergam a vida com olhos anatômicos.
Viver é simplesmente lutar para não ser vencido; e vencer é a meta de todo guerrilheiro.
A minha vida sempre foi um campo de batalha e nesse campo eu luto, me firo, me esfarrapo, indiferente ao rufar dos tambores da morte.
Assim vivo, assim penso, assim descrevo o que sinto.
Disse-me um amigo fraterno: "o teu canto é triste e sem fim".
E eu respondi-lhe: eu sei que o meu canto é entristecido... mas, se não for para cantar assim, prefiro ficar emudecido.
Fonte:
Altino Afonso Costa. Buquê de estrelas: crônicas e poemas. Paranavaí/PR: Olímpica, 2001.
Livro gentilmente enviado por Dinair Leite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário