A esperança é voz do Além
que nesta vida nos guia.
Sem este amparo ninguém
às mágoas sobrevivia.
- - - - - –
Ai de quem diz o que pensa,
ai de quem diz o que sente!
Neste mundo de mentiras
mais agrada quem mais mente.
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Amo a dor que Deus me deu,
lembrando a dor de Jesus.
— Fico mais perto do Céu
abraçada à minha cruz!
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Amor! Não podem dizer
os versos mais inspirados
o que dizem a tremer
nossos dedos enlaçados.
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Bondade — Justiça — Amor!
— Trindade que, realmente,
podia tornar melhor
a vida de toda gente!
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Dignidade não é ouro,
nem é tampouco poder.
Dignidade é um tesouro
que o mais pobre pode ter!
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Em troca de folhas velhas
a terra dá flores e pão.
Dá tu em troca de ofensas,
bondade, amor e perdão.
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Importa saber falar,
mas também saber ouvir.
Nada pode aproveitar
quem não sabe discernir.
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Julgo que a alma será
esta chama fugidia,
que, ao fitar outros olhos,
o nosso olhar irradia.
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Mal por mal, antes ser escravo
do coração e errar,
que ser escravo da razão
e sem amor acertar.
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Não digas mal de ninguém
ainda que tenhas razão:
Pois quem te ouvir logo tem
de ti má opinião.
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Não digas toda a verdade,
se for triste e for grosseira.
É melhor ter caridade
que ser muito verdadeira.
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Ninguém entende a saudade,
ninguém a pode entender,
pobre de quem não a sente,
triste de quem a sofrer!
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Ninguém pode ser juiz
nas contendas do amor:
O coração nunca diz
o que tem no interior!
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O amor é como o sol,
mesmo encoberto alumia.
Nunca disse que te amava,
e toda gente o sabia…
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Olhando as folhas caídas
que o vento arrasta no chão,
fico a pensar nessas vidas
a que ninguém deu a mão.
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Quem aconselha aborrece,
sempre no mundo se ouviu.
Ninguém quer ou agradece
conselho que não pediu.
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Quem sabe não há um tesouro
sob a terra que pisamos?
Podem valer mais que nós
aqueles que desprezamos.
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Quem tem a sorte de amar
a quem o ama também,
a Deus graças deve dar
por ter a sorte que tem.
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Saudade... Divina essência!
É tudo quanto ficou
do bem que á nossa existência
o tempo trouxe e levou.
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Sei que os meus versos são velhos
de séculos – deixai-os ser.
O sol é bem mais antigo
e não deixa de nascer…
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Só o amor tem poder
de dois corações juntar,
contudo, sempre hão de ter
de um ao outro perdoar.
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Ter saudade é ter presente
um bem que nos pertenceu.
E, embora de nós ausente,
de todo não se perdeu.
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Toda casa deve ser
um santuário de amor:
Sagrada para quem lá vive,
exemplo de quem lá for.
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Todos se queixam do mundo,
aflitos, erguendo a voz!
Mas a culpa é de nós todos,
porque o mundo somos nós.
Fontes:
Ana Rolão Preto. Caruma. Lisboa, 1958.
Aparício Fernandes (org.). Trovadores do Brasil. 2. Volume. RJ: Ed. Minerva
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