segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Ademar Macedo (Jardim da Poesia)


POESIA PARA O ANO NOVO

Hoje eu pedi para o povo,
em preces e em orações,
muita paz neste Ano Novo,
muito amor nos corações,
e fiz pra Deus uma carta,
pedindo uma mesa farta
para o faminto comer.
Mandei essa carta em nome
daquele que passa fome
e que não sabe escrever!
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FALANDO DE SERTÃO...

Pra retratar o sertão
em sete versos apenas,
mergulho na natureza
busco inspirações serenas
e qual um grande pintor
para a obra ter mais valor,
crio minhas próprias cenas!

Eu vendo uma flor se abrindo
me causa muita emoção,
também vejo encantamento
nos giros de um foguetão;
minha emoção continua
quando a noite eu vejo a lua
iluminando o sertão.

O chiado da porteira,
a debulha de feijão,
uma caçada de peba,
uma noite de São João;
a coalhada na tigela
jumento, cavalo e sela,
são coisas do meu sertão.

O sertão me ensinou mais
a gostar dos cantadores;
do pobre homem do campo,
aprendi sentir as dores;
imitar os passarinhos
e correr pelos caminhos
sentindo o cheiro das flores.

De uma forma doedeira
guardo na imaginação,
as brincadeiras de roda
numa noite de São João;
vivo cheio de saudade
morando aqui na cidade
com saudades do sertão!…
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O SERTÃO É UM POEMA...

Deus na sua magnitude,
fez do sertão um palácio,
deixou escrito um prefácio
na parede do açude;
disse da vicissitude
da flor e do gineceu,
de um concriz que se escondeu
nos garranchos da jurema,
o sertão é um poema
que a natureza escreveu.
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O VÍRUS DA POESIA...

Poesia é a minha paz,
meu mundo, meu universo;
um mar de sabedoria
onde eu vivo submerso;
é minha alimentação,
é meu sustento, é meu pão
feito de rima e de verso...

A partir da madrugada
é esse o meu dia a dia:
já de caneta na mão
recebo uma epifania,
cuja manifestação
é trazer-me inspiração
pra eu fazer minha poesia...

A poesia é minha luz,
é meu santo e meu altar,
feijão puro com farinha
que eu tenho para almoçar;
ela é minha própria vida
é meu lar, minha guarida
meu sol, meu céu e meu mar!

Ao ver poesias aos montes
nascendo em minha vertente,
tive um “derrame” de rimas
nas veias da minha mente
e um maravilhoso “infarto”
eu tive ao fazer o parto
do derradeiro repente!...

Quero então no meu jazigo,
feito em letras garrafais,
aquela minha poesia
que me deu nome e cartaz;
e escrito, seja onde for:
- eis aqui um trovador
que morreu feliz demais!

Quem carrega, como nós,
o vírus da poesia,
tem no sangue uma plaqueta
que se altera todo dia,
aumentando a quantidade
e pondo mais qualidade
nos versos que a gente cria.
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PAISAGENS DO MEU SERTÃO!

Um forró numa latada
numa plena Sexta-feira,
um bebum no meio da feira
topando em toda calçada;
uma velha na almofada
com um birro em cada mão,
prestando muita atenção
naquilo que vai fazendo;
isso é mesmo que está vendo
paisagens do meu sertão.
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SE TIVER QUE CHORAR...

Há sorriso que fere e que magoa
e há pranto que comove e traz alento,
e os que trazem a dor do sofrimento
deixam marcas no rosto da pessoa;
e por mais que este pranto não lhe doa
deixará para sempre uma sequela,
que se faz cicatriz no rosto dela
maculando esta dor que não termina;
se tiver que chorar feche a cortina,
quando for pra sorrir, abra a janela.

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