segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Estante de Livros (“O apartamento de Paris”, de Lucy Foley)


Novo livro de Lucy Foley traz suspense imprevisível ambientado em um prédio chique na capital francesa

Após os best-sellers A última festa e A lista de convidados, Lucy Foley agora apresenta uma trama instigante sobre uma jovem inglesa que vai à França em busca de um recomeço. 

Na história, conhecemos Jess. Ela está sozinha, sem emprego, sem dinheiro e, agora, em busca de um recomeço. Por isso, ela vai para a França. Lá, ela pede ajuda do meio-irmão, Ben. Mas ele não está muito animado em abrigá-la em seu apartamento de Paris. Ainda assim, ela chega na cidade e descobre que o lugar em que o irmão mora não é bem o que ela imaginava. O problema maior é que não há sinal dele, apenas suas chaves e carteira estão na casa.

Assim, Jess começa a seguir os passos deixados pelo irmão, para descobrir o que aconteceu com ele, enquanto outras perguntas vão surgindo. Afinal, os vizinhos de Ben formam um grupo bem eclético, e nem tanto amigável. Ou seja, Jess acaba se envolvendo em uma investigação que também a deixa em situações delicadas. Logo, ela descobre que o futuro do irmão está em jogo e todos os vizinhos são suspeitos.

Lucy Foley divide a narrativa em vários personagens, mas o foco é Jess, que narra suas partes em primeira pessoa. Eventualmente, todos os envolvidos acabam tendo algum destaque, mesmo Ben. Assim, os capítulos são mais curtos, o que dá mais velocidade à leitura. Por isso ela avança rapidamente, num ritmo muito interessante, comum em thriller desse gênero e em livros de Lucy.

Fato é que a autora constrói seu romance de maneira incrível. Cada capítulo é uma surpresa, ela cria uma expectativa diferente a cada um e quando chegamos na sequência do ato anterior, não é nada do que pensamos. Mas ela mexe com o leitor, ela cria essa expectativa de maneira muito inteligente. Então, não é um simples suspense. É uma história que mexe com o psicológico de personagens e leitores.

Como disse, Jess é a protagonista e narra suas partes. Portanto, ela nos revela muito sobre si, seus medos e como é uma pessoa que também tem segredos, assim como os outros personagens. Além disso, as demais personagens parecem sempre saber de algo, ou esconder algo, enquanto o nome do meio-irmão de Jess sempre aparece também em suas versões. E o mais interessante: eles dão a entender que Ben é o vilão, aquele que trouxe o “mal”.

Por isso, Lucy vai jogando pistas, que podem tanto confundir como deixar o leitor mais próximo de uma resposta para o enigma que vai se formando. Ao mesmo tempo, cada vizinho, cada personagem revela um pouco sobre si, sua relação com Ben, e seus próprios segredos. Aos poucos, esse labirinto vai ficando mais claro e, ao mesmo tempo, intrigante. Como se não fosse bem isso que imaginávamos.

Outro ponto importante é a ambientação da história. Isso foi primordial nos primeiros livros e aqui a autora segue na mesma linha narrativa. Esse prédio de apartamentos em que o irmão de Jess vive, na capital francesa, é quase um personagem da história. Afinal, ele mesmo hospeda segredos tão bem quanto as pessoas responsáveis por eles. Há, nisso, um simbolismo muito interessante e bem trabalhado pela autora.

Mas há uma diferença nesse ponto. Isso porque, nos primeiros livros, a autora trouxe locais mais remotos, seja pela localização ou por condições ambientais. Aqui, é no meio de Paris, em um prédio de apartamentos que, pelo que descrevem, tem um ar de suspense, de fato. Mas é o cenário mais “normal” que Lucy traz, também explorando as ruas e outros locais de Paris.

Sem dúvida, esse livro é surpreendente e com uma estrutura complexa. Mas Lucy Foley consegue desenvolver ele com maestria, sem pontas soltas. Tem um ar de suspense muito interessante, de deixar o leitor tenso mesmo. Como um filme, na verdade, o que é muito interessante. E é incrível como a autora brinca com o leitor, esconde coisas nas entrelinhas, pois todos vão se revelando suspeitos de alguma forma, com motivo e oportunidade.

Enfim, é isso. Um romance que vale a pena a leitura, só para trazer aquela adrenalina e nos tirar da ressaca literária.

Fontes: 
Resenha por Douglas Oliveira para a Estação Imaginária, 23.07.2022. https://estacaoimaginaria.com/

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