sábado, 30 de dezembro de 2023

Benjunior (Benevides Garcia) Poemas Escolhidos 4



AUTOPLAGIA*

No meio da noite acordo
Com uma voz a sussurrar:
- Acorda porque é hora
Levanta e vai escrever...
De quem é essa voz
Que me ordena, 
Mas calma e serena
No meio da noite, sem ser um açoite?...
A quem devo o que escrevo...
Meus versos são realmente meus?
Ou já foram teus?
Tudo isso, se for, eu não nego.
Há outra vida dentro de mim?
Ou serei eu a minha sorte
A viver com minha própria morte?
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(* Autoplagia - Possivelmente um neologismo. Capacidade que o indivíduo tem de copiar a si próprio.)
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ENSAIO PARA UM PEQUENO INVENTÁRIO

Tudo o que ultimamente tenho amado
Foram apenas papéis velhos guardados
Na gaveta do criado-mudo, 
ao lado da minha cama... 

Às vezes – chuva miúda de verão
Que vem e que passa
Deixando pelos caminhos todos
Alegria para as pequenas flores
E também para as ervas daninhas
Que vicejam aqui e ali
Em todo lugar... 
 
Outras vezes me vejo maravilhado
Com toda a beleza que há
No entardecer... 
 
Depois...
Saio por aí

Vou me encontrar
Para não me perder...
E apesar, de tudo isso
Disse alguém 
Que o amor também envelhece
Com o tempo muda de cor
Não tem o mesmo ardor
Nem os prazeres de outrora...
Escrever para quê?
[Se um dia vamos morrer...]
 
Escrever para viver
Para nunca morrer
Escrever... 
Queixas
Lamentos
Sucessos
Fracassos
Alegrias
As dores
Os amores...
Escrever para quem?…
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ENTARDECER

Ir...
Partir para o outro lado...
Há tempos que me entardeço...

A cada dia minhas tardes são mais lindas!
Até penso, às vezes, 
Fugir por entre as cores da paisagem...

Entardeço...
Vou vivendo...
A vida me levando,
Escapando,
Escorrendo pelas frestas do tempo...

Entardeço...
Nem sei até quando:
Um dia, mudo de endereço…
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MEU REFÚGIO

Como se saída de um sonho, 
eu te encontrei 
a passear pelos campos floridos 
da minha infância... 
Vinhas feliz e só, 
e na tua pequenez 
mostravas a beleza 
de um mundo de paz... 
Eu te amei no teu olhar 
e nos teus passos... 
Na singeleza dos teus dias, 
construí a minha solidão 
e a minha guarida…
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NOTURNO

Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
Há sonhos desfeitos
Pelos becos escondidos
E as lágrimas da paixão
Tua alma entristecem…

Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
O silêncio 
Atrai fantasmas de vento
Que dançam
Entre folhas adormecidas…

Não caminhes
Pela rua
Na noite escura
Aguarda mansamente
A lua
E o brilho das estrelas 
Te dará sonhos para sonhar…
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PEQUENO ENSAIO PARA UM POEMA DE NATAL

...preciso urgentemente
escrever um poema de Natal...
Que tenha berço,
Que tenha brilho,
Que tenha estrela...
Não posso esquecer da alegria que há na festa
Reunião-de-amigos-parentes-família,
Num encontro com todos
Encontro comigo...
Um poema-menino que mostra
que o Natal não é só para fazer de conta
que a humanidade é feliz...
Um poema de presentes
Mas que, simplesmente,
esteja presente
no coração das pessoas
a Luz que veio
naquela silenciosa noite de amor...
Um poema que fala
da beleza de céu 
no chão de uma estrebaria...
Enfim, um poema de paz!
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Fonte: Facebook do poeta. https://www.facebook.com/Benjunior5

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