que te arrasta à solidão,
é a mesma falsa virtude
que esconde a luz da razão!
= = = = = = = = =
Aquele retrato antigo
que o tempo tem castigado,
conversa sempre comigo
segredos do meu passado!
= = = = = = = = =
Ah, se essa distância fosse
ponte, entre a nascente e a foz;
como seria mais doce
essa distância entre nós!
= = = = = = = = =
Ao vê-lo, em meio aos escombros,
a ajudá-lo, eu me propus,
sentindo o peso nos ombros
do peso daquela cruz!
= = = = = = = = =
A sensação dos afetos
que recebi de meus pais...
Oferto aos filhos e netos,
por serem todos iguais!
= = = = = = = = =
Busquei na fonte de um templo,
a paz de um novo horizonte;
e achei essa paz no exemplo
que há no silêncio da fonte!...
= = = = = = = = =
Cada verso que desliza
entre esses meus cegos dedos,
numa trova sintetiza
seus infinitos segredos!
= = = = = = = = =
Deus mostra ao mundo insensato,
injusto, cego e sem luz...
Que o infinito amor, de fato,
coube entre os braços da cruz!
= = = = = = = = =
É no silêncio das noites,
na cadência dos meus ais...
Que a saudade em seus açoites
quebra o silêncio da paz!
= = = = = = = = =
Entre esperas e demoras,
vi passar tanta quimera!...
Que, a primavera das horas,
já nem é mais primavera!
= = = = = = = = =
Essa constante ansiedade
que ao fim da tarde, caminha...
É a velha dor da saudade
que eu sinto toda tardinha!
= = = = = = = = =
Exemplo bom é o exemplo,
que as almas bondosas dão,
rezando no altar do templo
pelas outras que se vão!
= = = = = = = = =
Lembrando canções antigas,
de volta ao meu velho chão...
Vi muitas sombras amigas
na orquestra da solidão!
= = = = = = = = =
Meus dias!... Feliz por tê-los
na vida que se refaz,
no branco dos meus cabelos
aos ventos pedindo paz!
= = = = = = = = =
Na estrada em que a luz palmilha,
é que a verdade se inspira;
e ante a luz que, tanto brilha,
jamais, se esconde a mentira!
= = = = = = = = =
Não vi mais meus pirilampos,
poetas de luz do meu chão,
que iluminavam meus campos
nas noites de solidão!!!
= = = = = = = = =
Na treva é que se carrega,
a dimensão do empecilho
da dor, que sente a mãe cega,
por não poder ver o filho!
= = = = = = = = =
Num mundo de desiguais,
onde há tantos desenganos...
Perde-se cada vez mais
os sentimentos humanos!
= = = = = = = = =
Ousado e um tanto atrevido?
Mas confesso, e se não fosse...
Jamais teria sentido
o mel de um beijo tão doce!
= = = = = = = = =
Pelos teus gestos fanados,
para voltar não me peças;
sinto em teus sins, camuflados,
o olhar de falsas promessas!
= = = = = = = = =
Quanta lágrima sentida
no olhar da mãe peregrina,
regando as rugas da vida
nas rugas da própria sina!
= = = = = = = = =
Quanta lágrima sofrida,
e na alma, essa inquietude...
Por não ter feito na vida
tudo aquilo quanto pude!
= = = = = = = = =
Se a esperança é paz no outono,
sê paciente na espera;
que a flor desperta do sono
na eclosão da primavera!
= = = = = = = = =
Se a flor da infância se afasta,
crê noutras flores bondosas;
que uma flor que o vento arrasta
não rouba a vida das rosas!
= = = = = = = = =
Sem saber se tu me esperas,
cada verso que componho,
tem sabor das vãs quimeras
do tempero do meu sonho!
= = = = = = = = =
Velho mar, meu confidente,
entre nós, tudo se arruma,
quando a queixa que se sente
vaga entre os cachos de espuma!
= = = = = = = = =
Fonte> Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020. Enviado pelo autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário