THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA
Diz, já caduco: - Que tédio!...
E a esposa, sempre calminha:
“- Quer jogar dama?” E, do prédio,
ele jogou a velhinha!
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Soneto Do Rio de Janeiro/RJ
MANUEL BANDEIRA
(Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho)
Recife/PE, 1886 – 1968, Rio de Janeiro/RJ
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto
Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.
E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca
Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!
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Aldravia de Ponte Nova/MG
MARIZA DE CASTRO GODOY
água
parada
aedes
faz
a
festa
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Soneto do Rio de Janeiro/RJ
SÔNIA SOBREIRA
A Semente
Não vou plantar semente que me afaste
da luz perene e clara do luar,
nem vou deixar que a mágoa me desgaste,
ou que me faça em pedras tropeçar.
Não vou deixar que a solidão me arraste
nas tramas de uma história secular,
nem que uma dor no coração se engaste
e esta semente venha a germinar.
Eu vou plantar sementes de alegria
flores vermelhas, rimas de poesia
colher nas mãos um sonho que brotou.
Vou ser poeta e em minha estrada infinda,
mostrar que posso ser feliz ainda
e nunca mais serei o que hoje sou!
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Trova Premiada em Cantagalo/RJ, 2012
ÉLBEA PRISCILA DE SOUZA E SILVA
Piquete/SP, 1942 – 2023, Caçapava/SP
A maquiagem pesada,
diante do espelho, desfaço
e em minha cara lavada
rugas brigam por espaço…
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Poema de Curitiba/PR
CELITO MEDEIROS
(Celito Freitas de Medeiros)
Eu juro
Que importam os riscos que vou correr
Afinal sabemos que não vamos morrer
Mas é melhor riscos se poder arriscar
Do que riscar a morte sem poder amar.
Se de risadas é parecer um tolo
Se chorar parecer sentimental
Estendo minha mão e me envolvo
Vou mostrar que sou muito real.
Minhas ideias defendo sempre
Pois eu sei que atrás vem gente
Mesmo incompreendido vou amar
Ainda é tempo de também inovar.
Morrer um corpo não é mistério
Viver como espírito é o importante
Um corpo pode ir para o cemitério
Um espírito é o meu comprovante.
Se arriscar pode gerar um fracasso
Não me importo sou mesmo de aço
Estou aqui é para as experiências
Buscar as mais novas tendências.
Busquei a liberdade e já era tempo
Tudo do passado fazer na soma
Opressão que não mais aguento
Meu determinismo que assoma.
Importante é lutar, vencer nem tanto,
Encontrei há tempo meu porto seguro
Juntos seremos cobertos pelo manto
Daqueles que nos esperam..., eu juro!
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Quadra Popular
Sete e sete são quatorze,
com mais sete vinte e um;
ainda ontem eu tinha sete,
hoje não tenho nenhum.
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Soneto do Rio de Janeiro
OLAVO BILAC
(Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac)
Rio de Janeiro/RJ, 1865 – 1918
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho"!
E em que Camões chorou, exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
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Trova de Corumbá/MT
LÍCIO GOMES DE SOUZA
Na História o fato maior
está por vir, aliás:
- Vir num mundo melhor,
em pacto eterno de paz.
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Poema de Belo Horizonte/MG
CLEVANE PESSOA
Arrependimento
Mais que amei, amei errado
ou amei sem saber de limites
e de impossibilidades...
Amei com a fúria dos ventos
e a ternura das brisas
nos rostos das flores:
esta, insuficiente para a sanha dos desejos,
aquela rasgou pétalas e sépalas
e abriu cálices...
Queria ter amado menos que o demais
E muito mais que o possibilitado...
Queria que os excessos de busca,
Perfumassem, de repente,
Todos os ares da angústia incandescente...
Nas grutas do desconhecido,
As estalagmites ,
Tão fantásticas ao primeiro olhar,
São de tal forma frágeis
Que se tornam poeira e barro
Para não mais voltar...
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Haicai do Rio de Janeiro/RJ
MARIA NASCIMENTO SANTOS CARVALHO
Do capim rasteiro
vêm uns cri-cris estridentes...
Seresta de grilos ...
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Limerique de Ribeirão Preto/SP
NILTON MANOEL
1945 – 2024
Limeriques Urbanos I
Dizem que a calçada é do povo...
Quero ver crianças de novo
Brincando... brincando,
Vivendo...sonhando...
porém o povo só leva ovo!
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Trova de Pindamonhangaba/SP
JOSÉ VALDEZ DE CASTRO MOURA
As afrontas do passado
não guardo! Vou esquecê-las!
Pois bem sei que um céu nublado
não me deixa ver estrelas!
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Glosa de Fortaleza/CE
NEMÉSIO PRATA
MOTE
Doce flor que desabrocha,
perfumando seu cantinho
envolvendo toda rocha
com doçura e com carinho.
José Feldman
(Campo Mourão/PR)
GLOSA
Doce flor que desabrocha,
exalando os seus olores
deixa a todos feito tocha
em busca de seus favores!
Discreta, a flor permanece
perfumando seu cantinho
mas logo que um aparece,
desaparece em seu ninho!
Aquele que vem em tocha
pressente, a distância, o olor,
envolvendo toda rocha,
que exala, doce, da flor!
E todo que busca o amor
da flor, não fica sozinho;
recebe-o, em seu ninho, a flor,
com doçura e com carinho.
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Aldravia do Rio de Janeiro/RJ
ARLENI BATISTA
sinto
simplesmente
saudades
você
ausente
presente...
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Soneto de Minas Gerais
NATHAN DE CASTRO
(Nathan de Castro Ferreira Júnior)
João Pinheiro/MG, 1954 – 2014, Uberlândia/MG
Soneto em Luta de Esgrima
Conta até seis e bate o pé no chão,
quando chegar a dez, prepara a rima...
O primeiro quarteto está na mão
e a mágica do sonho se aproxima.
Deixa que flua a conta da emoção,
sem ela o peito esfria e desanima...
O segundo combate é o da paixão
e imprescindível à luta de esgrima.
O sabre exige pulso e coordenados
movimentos perfeitos nos espaços...
Um toque na cabeça, tronco ou braços,
pode levar-te à lona dos tablados...
Mas se vencer, amigo, comemora,
e te prepara: a morte está lá fora!
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Trova Premiada em Nova Friburgo/RJ, 1987
EDMAR JAPIASSÚ MAIA
(Miguel Couto/RJ)
Olhando a sogra de pé,
com o rosto sujo de tinta,
viu que o “diabo” ainda é
mais feio quando se pinta!…
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Poema de Amherst/ Massachussets/ EUA
EMILY DICKINSON
(Emily Elizabeth Dickinson)
(1830 – 1886)
Morri pela Beleza
Morri pela beleza – mas mal me tinha
Acomodado à campa
Quando alguém que morreu pela verdade,
Da casa do lado –
Perguntou baixinho “Por que morreste?”
“Pela beleza”, respondi –
“E eu – pela verdade – Ambas são iguais –
E nós também, somos irmãos”, disse ele.
E assim, como parentes próximos, uma noite
Falámos de uma casa para outra
Até que o musgo nos chegou aos lábios
E cobriu – os nossos nomes.
(Tradução de Nuno Júdice)
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Triverso de Curitiba/PR
ÁLVARO POSSELT
O clima ficou tenso
Meu pensamento defumou
depois da queima de incenso
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Setilha de Natal/RN
JOSÉ LUCAS DE BARROS
Serra Negra do Norte/RN, 1934 – 2015, Natal/RN
Somos do país do amor,
grande como um continente,
rico que só marajá,
pobre que só indigente;
tem corrupção como regra,
mas tem carnaval que alegra,
de ano em ano, nossa gente.
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Trova do Rio de Janeiro/RJ
ARCHIMINO LAPAGESSE
Florianópolis/SC, 1897 – 1966, Rio de Janeiro/RJ
Saudade, a ponte encantada
entre o passado e o presente,
por onde a vida passada
volta a passar novamente
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Hino de Paranavaí/PR
Compositores: Geraldo Marques e Carlos Cagnani
Quando te vemos hoje, assim radiosa,
Teus filhos agitados no labor,
Lembramos da empreitada gloriosa,
Que calejou as mãos do lavrador
E fez romper da terra generosa
Os ricos frutos do progresso e amor!
Estribilho:
Nasceste sob o signo da vitória
Que os filhos teus souberam conquistar
És a um só tempo a evolução e a glória
Cidade que não pode mais parar!
Ó Paranavaí dos cafezais
Simétricos, em flor sobre a paisagem,
De belos e de extensos matagais,
Planícies verdejantes de pastagem...
Da glória tu chegaste até os umbrais!
Estribilho
Nasceste sob o signo da vitória
Que os filhos teus souberam conquistar
És a um só tempo a evolução e a glória
Cidade que não pode mais parar!
Salve teus filhos, que na faina ardente
Sobre teu solo ainda hostil e agreste
Traçaram teu destino florescente!
Salve, ó cidade que te engrandeceste
Ó bela Capital do Noroeste!
Estribilho
Nasceste sob o signo da vitória
Que os filhos teus souberam conquistar
És a um só tempo a evolução e a glória
Cidade que não pode mais parar!
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O 'Hino de Paranavaí - PR' é uma celebração poética da cidade de Paranavaí, localizada no noroeste do Paraná. A letra exalta o progresso e a evolução da cidade, destacando o esforço e a dedicação de seus habitantes. Desde o início, a música remete à imagem de uma cidade radiante, onde o trabalho árduo dos lavradores transformou a terra generosa em frutos de progresso e amor. Essa metáfora da terra fértil simboliza não apenas a riqueza agrícola da região, mas também o crescimento e desenvolvimento contínuo da cidade.
O estribilho reforça a ideia de vitória e evolução, afirmando que Paranavaí nasceu sob o signo da vitória, conquistada pelos seus filhos. A cidade é descrita como um símbolo de evolução e glória, um lugar que não pode mais parar de crescer. Essa mensagem de constante progresso e superação é um tributo ao espírito resiliente e trabalhador dos habitantes de Paranavaí, que, através de suas conquistas, moldaram o destino da cidade.
A letra também faz referência às paisagens naturais de Paranavaí, como os cafezais simétricos, os matagais extensos e as planícies verdejantes. Essas imagens evocam a beleza e a riqueza natural da região, que contribuíram para o seu desenvolvimento. O hino termina com uma saudação aos filhos da cidade, que, com seu trabalho árduo, traçaram um destino florescente para Paranavaí. A cidade é celebrada como a 'Capital do Noroeste', um título que reflete seu crescimento e importância na região. (https://www.letras.mus.br/hinos-de-cidades/943384/)
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Poetrix de Portugal
ANTHERO MONTEIRO
(Anthero Manuel Dias Monteiro)
São Paio de Oleiros, 1946 – 2022
uma gaivota só
um til sobre a palavra
Imensidão
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Soneto de de Curitiba/PR
EMÍLIO DE MENESES
(Emílio Nunes Correia de Meneses)
Curitiba/PR, 1816– 1918, Rio de Janeiro/RJ
Supremo apelo
Por que causas, de ti, foge a antiga ventura
E toda, em ti, se embebe a alma, em fel e vinagre?
Certo, uma grande dor te fere e te tortura!
- Mas tão grande, que a grande alma assim te conflagre?
Tanto Sol! Tanta Luz! E esta treva perdura!
- De um espírito mau, diabólico milagre -
Mas olha! Volta à Luz! Volta ao Sol que fulgura
Nos Poemas que te eu dê, no Amor que te eu consagre!
Vem beber no meu verso a fortaleza e a vida!...
Vê tu quanto poder num hemistíquio impera,
E o vigor que há na rima - arma nunca excedida!. ..
Vem, que ao fim da jornada, a glória nos espera!
Vamos! - a galopar, - em fora! a toda a brida,
Na esplanada genial do sonho e da quimera!
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Trova Humorística de Santos/SP
ANTONIO COLAVITE FILHO
Ao “bebum” que choraminga,
o doutor não mais engana:
-“Se, por lá, cana dá pinga;
por aqui, pinga dá cana!!!”
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Fábula em Versos da França
JEAN DE LA FONTAINE
Château-Thierry, 1621 – 1695, Paris
O leão e o mosquito
«Vai-te, inseto mesquinho e vil na terra!»
Depois de assim ter dito
O leão ao mosquito,
Este lhe declarou cruenta guerra:
«Pensas tu que por seres rei dos bichos
Tua audácia tolero?
Mais força tem o boi e, quando quero,
Sujeito-o a meus caprichos!»
Diz, e toca a avançar;
Foi o herói e o trombeta na batalha.
Zumbe em torno ao leão, tanto o atrapalha,
Que o faz desesperar.
Ao longe põe-se um pouco;
Depois, salta-lhe em cima do cachaço
E torna-o quase louco.
A fera com o rugido atroa o espaço.
De ouvir o horrendo grito
Seus ecos prolongar atroadores,
Tremem os animais dos arredores;
Tudo obra dum mosquito!
O inseto pequenino, ousado e pronto,
Ora ao dorso lhe salta,
Ora as ventas lhe assalta.
A raiva no leão sobe de ponto:
Com a cauda açoita os flancos,
Com o olhar ameaça
E, rugindo duríssimos arrancos,
Com as garras a si se despedaça,
Até que, de fatigado,
Cai, fica estatelado!
O inseto do combate sai com glória
A mais alta e completa,
E na mesma trombeta
Em que a avançar tocou, cantou vitória.
Mas, proclamando ao mundo esta façanha
Não vista e desmedida,
Na teia duma aranha
Cai, fica embaraçado e perde a vida!
A fábula vos diz que os inimigos
Nunca deveis considerar somenos;
E que pode o que escapa a grandes perigos,
Não poder escapar aos mais pequenos.
(tradutor: José Inácio de Araújo)
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Colaborações: gralha1954@gmail.com
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